Prêmio DR. JOAQUIM MANOEL RODRIGUES LIMA |
A ACADEMIA CAETITEENSE DE LETRAS concede este Prêmio pelo destaque na atuação política em prol do desenvolvimento material, moral, intelectual e cultural na Cidade de Caetité. |
Era filho do Capitão Joaquim Manoel Rodrigues Lima e D. Ritta Sophia Gomes Lima, nasceu em Caetité, aos 4.5.1845. poucos anos depois seus pais se mudaram para Santa Isabel ( depois a cidade de S. João do Paraguassu), onde permaneceu até os dez anos, quando foi para a capital, matricular-se no curso de humanidades, freqüentando como interno os colégios Pereira e S. João, onde revelou desde logo bastante inteligência, como atestavam seus mestres. |
Em 1862, concluído o curso de preparatórios, matricula-se na Escola de Medicina, onde sempre obteve os melhores graus de aprovação. |
Em agosto de 1866, quando mais encarniçados se tornaram os combates da Guerra do Paraguai, e os hospitais de sangue se viam repletos, de feridos das batalhas e das epidemias, o governo imperial apela à Academia da Bahia, correspondendo de logo um grupo patriota de estudantes, dos quais salientou-se o dr. Rodrigues Lima, então no quinto ano. Segue, do Rio de Janeiro, como segundo cirurgião do exército, no navio Oyapoch que, em viagem acidentada, naufraga na praia de Santa Rosa, próximo a Montevidéu. Urgindo proteger seis mil contos de réis em ouro, destinados ao exército, ali ficou em guarda sob ameaça de grupos gaúchos ávidos pela grande soma. |
No teatro da guerra atuou em vários hospitais, até ser despachado para Saladeira, onde dirigiu a primeira enfermaria de medicina, enfrentando a terrível epidemia de cólera que se abateu. Deixando este posto, seguiu para Curupayty e daí para Parê-cuê, onde participou do reconhecimento e ocupação de Humaitá. |
Regressa ao Brasil em 1869, quando conclui o curso, recebendo o grau de doutor em Medicina pela Faculdade da Bahia. |
Já vitimado pelas incomodações hepáticas, volta para Caetité, onde se casa com D. Maria Victoria Gomes de Albuquerque Lima, sua prima, primogênita do Barão de Caetité. |
Dedica-se à clínica humanitária e desinteressada, arraigando a popularidade que sempre gozou. Eleito deputado provincial por três legislaturas, pugna-se na defesa dos interesses da Bahia e do sertão. |
Em 1876 a 77 excursiona pela Europa, onde freqüenta as clínicas de Péan, Verneuil e Depaul em Paris; de Bilroth, Braun e outros, em Viena, e também muitos hospitais da Alemanha e da Bélgica. |
Retornando a Caetité, recusa convites de cargos no Império, imbuído de ideais republicanos. Aqui, entretanto, participa como vereador, sempre escolhido para a presidência da casa em diversos quadriênios. |
Registra-se que, nas várias epidemias que, durante este período assolaram Caetité, atendia a ricos e pobres, a estes fornecendo, além do atendimento, os remédios necessários. |
Proclamada a República, ocupava a presidência da Comarca e interveio para manter a ordem, conclamando os caetiteenses a acolher o novo regime de tal forma que foi ela recebida aqui com as maiores manifestações de regozijo pelos caetiteenses, enquanto numerosos distúrbios ocorreram nos sertões. |
Durante a terrível seca de 1890, flagelo sem igual na história, apenas abria-se a porta de sua casa esta era invadida pelos famintos. Contam em centenas as famílias que lhe devem, neste período de escassez, a vida. |
Em 1891 é indicado para senador nas chapas de ambos os partidos que disputaram a eleição. Assim, toma parte da primeira constituinte da República. |
Marcada a primeira eleição pelo voto direto do povo em março de 1892, teve seu nome indicado simultaneamente em várias partes do estado. Foi, assim, o primeiro governador deste Estado eleito pelo sufrágio direto. Quando assume, na cerimônia, proclama: |
"Eu brindando à Bahia, brindo à minha mãe, à terra de meu berço, que adoro como verdadeiro filho! Tudo farei pelo seu engrandecimento" E a crônica da época registra que falava de Caetité. |
Dele escreveram em jornal de então: "Em tais eminências o distinto filho desta terra, louvando o nome baiano, cheio de tradições veneráveis, desenvolve dotes magníficos, realiza no governo o ideal de homem de bem; acode às mil solicitações do progresso, atendendo às necessidades da indústria, do comércio e da lavoura, estas três bases do progresso das nações; e faz inaugurar uma época primaveril, uma verdadeira renascença para as letras, e para as belas artes, para os artistas e os homens de letras." |
Terminado seu mandato, em 1896, retorna a Caetité, à mesma faina de sempre, clinicando e participando da política local. Agravando-se o estado de saúde, as dores do estômago, ao que tudo leva a crer se tratar de um câncer, padece enorme sofrimento até falecer, na casa que foi do tio e sogro, o Barão, 18.12.1903. |