Memória
NOEMI BORBA PRISCO:
O FIM NO COMEÇO
Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003
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Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
A poesia esquecida...
  Noemi Borba Prisco nasceu em Caetité, no começo do século XX, na tradicional família Prisco, cujo pendor literário pode-se ver nos expoentes Camillo de Jesus Lima e Lúcia Prisco.
   Era filha do Prof. Camillo Prisco e de D. Jacintha Borba Prisco. Em Caetité conclui a Escola Normal, e depois forma-se em jornalismo. A fim de ampliar os conhecimentos, participa de cursos intensivos, tais como os de Relações Públicas, Relações Humanas, Direito Aeronáutico e outros.
   Era funcionária do Ministério da Previdência e Assistência Social, morando primeiro em Salvador. Ali foi uma das fundadoras do Teatro de Cultura da Bahia (TCB - grupo amadorístico), fazendo parte do elenco. Seus versos e crônicas foram muitas vezes publicados no Jornal 'A Tarde', da capital baiana, e mais de uma vez foi premiada no programa "Motivos Musicais", mantido pela Rádio Sociedade da Bahia.
   Mudando-se para o Rio de Janeiro, ali vem a trabalhar na "Casa da Bahia", onde exerceu os cargos de Secretária e de Bibliotecária.
   Em 1964 publicou seu primeiro livro de poesia - "Prece", que recebeu elogiosos comentários da crítica. Pertenceu à Academia Feminina de Letras e Artes. Sua produção, a maior parte inédita, e sem recuperação, incluíu mais poemas (Nova Prece, Madrugadas, Tamboriladas, Divino Oásis), novela (Magaly) e até o romance (Amor Tormentoso).
   Seu trabalho foi reconhecido, a ponto de ser contratada para integrar o quadro de novelistas da Rede Globo de Televisão - mas um derrame cerebral a impede de prosseguir na atividade intelectual... uma lenta e dolorosa agonia, somada à solidão e distanciamento dos parentes e amigos. Falece, no Rio de Janeiro, antes de atingir um ápice e reconhecimento que os escritores caetiteenses tiveram apenas no século XIX, e um legado que apenas agora começa a ser recuperado.
   À sua terra natal legou um poema, publicado em 1980, em "Anuário de Poetas do Brasil - 1980", coletânea de vários escritores, onde se lê:



                             Obrigada, muito obrigada, Jesus, por ter-me conduzido
                             a rever
aquela casa que é a da Praça da Catedral
                             de Senhora Santana de CAETITÉ!...
A ALGUÉM
Vejo tudo sorrir em constante ironia,
Parecendo zombar do meu cruel revés.
Ouço tudo gritar numa brutal orgia
Galhofando da minha solidão talvez...

Sozinha em sepulcral e perene mudez,
demonstrando no rosto às vezes, alegria...
Que no-lo traduz? Vaidade? Timidez?
Orgulho? Presunção? Desprezo ou bizarria?

Contemplo o azul do céu amenizando a amargura;
Rindo-me do Poder, lamentando a miséria.
No entanto, ninguém vê se é virtude ou tortura

Viver-se pelo mundo assim, vezes aflita,
contemplando a vileza crua da miséria,
E o espírito ascendendo a essa Plaga Bendita!
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Noemi Prisco - Capa do Primeiro Livro
Release:
  O livro "Prece" de Noemi Prisco é a obra que inaugura a seara da escritora no mundo literário, ao qual já se iniciara com a publicação esparsa de versos em jornais e periódicos. A capa foi feita pelo artista Luiz Jasmim, e traz um rosto dúbio, como se fossem dois.

  
"Versos meus esparsos... Não sois mais do que
   a constante prece da minhalma...
   Não tendes asas de luz, mas nascestes comigo,
   Versos meus... meus versos..."

   Estas são as primeiras estrofes com que a Autora abre o volume, onde encontramos poemas como os seguintes:
Não sei
se vais
gostar
de ler
meus versos,
Não sei...
Mas bem
que eu sei
que vais
achá-los
dos teus
diversos...
Os meus
são mornos,
Tistonhos
dormentes,
são preces
dolentes
os teus
são versos
alegres,
vivazes,
bem plenos
de luz.
Os meus
são cantos
saudosos
são cheios
de mágoas
sem fim...
Os teus
são hinos
vibrantes,
são belos
formosos
tocantes
Em suma:
meus versos
São preces
da essência
de um
Eu
que anseia
e almeja
um bem
se existe,
Não sabe
se alegre
se triste...
Quem sabe
dos teus,
falazes,
diversos
dos meus?...
Quem sabe?...
.................................
Sabemos
amigo:
vivemos
dos versos
contigo...
comigo...
porque
os versos
são doces
aos versos,
se iguais,
diversos!...
INTROSPECÇÃO
(Ecos de incertos momentos)
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