Jurista, escritor, caetiteense.
Nestor Duarte Guimarães
Nestor Duarte Guimarães
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Seu pai foi Juiz da Comarca, no período de 1899 a 1904, e moravam na Praça Rodrigues Lima, no mesmo lado do largo do Alegre em que ficava o prédio do mercado, numa casa ainda existente mas já bastante modificada. Apesar de ter-se mudado muito novo da cidade natal, Nestor sempre manteve contato com Caetité, e era com orgulho que dizia onde havia nascido. Já como deputado, foi escolhido o parlamentar mais inteligente da história do Congresso - conta seu ex-aluno e amigo Eutrópio Neves Oliveira - pelos jornalistas que cobriam o Parlamento de então. Na tribuna, Nestor agradeceu com humildade, dizendo não poder aceitar o título, pois sequer era o mais inteligente de sua terra natal, Caetité, terra também de Anísio Teixeira e tantos outros. Orador primoroso, culto e dotado de verbo fácil e agradável no improviso, seus discursos quando em campanha  eram tão agradáveis que, mesmo mais de trinta anos após sua morte, muitos são os que se recordam de suas palavras, nas campanhas ao lado de seus partidários locais. Foi constituinte em 1946 e em 1947 apresentou na Câmara projeto de Reforma Agrária. Como Secretário de Agricultura no governo Otávio Mangabeira criou o Instituto Biológico da Bahia. Professor da vetusta Faculdade de Direito da UFBa, seu nome é homenageado com uma das salas do prédio, em reconhecimento a sua importância para o conhecimento jurídico. Como romancista, destaca-se a obra Gado Humano, que popularizou a expressão, e vem denunciar a situação de exploração do trabalhador sertanejo, sob percuciente olhar sociológico. Outra obra de destaque foi A Ordem Privada e a Organização Política Nacional (SP, Cia Editora Nacional, 1939 - estudo sócio-político da história brasileira). Foi Imortal da Academia Baiana de Letras. Com a instalação da ditadura militar em 1964, e quando esta instalou no país o bipartidarismo, foi um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição ao regime. Nestor Duarte Guimarães¸ nome a ser lembrado e cultuado pelo valor e legado, um homem que se orgulhava de Caetité, e de quem Caetité se orgulha por contá-lo entre seus filhos. (in: Caderno de Cultura Caetiteense, vol. 8, Prefeitura Municipal de Caetité, 2003)
Sobre sua faceta de escritor, temos os seguintes depoimentos:

   "Homem público consagrado, Nestor Duarte também encontrou refúgio na literatura. Eleito para a Academia de Letras da Bahia em 1966, publicou Direito: Noção e Norma; A Ordem Privada e a Organização Política; Reforma Agrária e três elogiadas obras no terreno da ficção: Gado Humano, Tempos Temerários e Cavalo de Deus. A primeira seguia a linha do romance regionalista, com paisagens e personagens criados à luz do realismo. Foi porém a segunda que mais agradou. "O livro tem força e emoção", disse o cronista Rubem Braga. O autor dá voz a Custódio, um herói angustiado, dividido entre a Igreja e o comunismo. Como escritor, Nestor Duarte era um observador minucioso da alma humana e das contradições do seu tempo e parecia trazer impregnada no espírito a marca do sertão, ambiente sob o qual inventou várias histórias. Faleceu no dia 25 de dezembro de 1970, em Salvador. Manifestou seu último desejo que, as suas cinzas fossem enterradas na adorada Fazenda Morro Belo, tendo como epitáfio a frase "
Nestor Duarte, guarda sempre a tua esperança". "
(Simone Ribeiro, in A Tarde, 03.02.2002.)
  "A obra jurídica de Nestor, embora pouco numerosa, teve valor suficiente para merecer resenha de Luiz Recasens Siches em O Pensamento Jurídico no Século XX. Contam-se ainda, na bibliografia do mestre, os ensaios A Reforma Agrária e A Ordem Privada e a Organização Pública Nacional.
   (...)Nestor Duarte foi também autor de três romances: Gado Humano, Cavalo de Deus e Tempos Temerários. A sua produção de ficcionista não resultou de capricho mas respondeu a uma irresistível vocação, pois nele viu Gilberto Amado um "romancista nato", assim tendo-o qualificado em carta a Péricles Madureira de Pinho, que a transcreveu no Depoimento sobre Gilberto Amado, introdutório à 4º edição de A Chave de Salomão, na qual diz Gilberto: "Tenho assunto importante a comunicar-lhe. Você sabia que o Nestor Duarte é romancista? Eu não sabia. Pois acabo de ler os Tempos Temerários. Obra empolgante de um romancista nato. Abalou-me. E note: não gosto dos temas!... histórias de militantes comunistas e de desajustados procurando certezas, figuras já passadas, muito em voga na ficção depois da revolução espanhola. Abrevio. Apesar da minha antipatia pelos temas, maravilhei-me com o poder de criação de que nos dá prova o baiano. A cada momento eu parava a leitura, admirando traços profundos de observação. O dom de citar uma situação, em duas palavras. Figuras de mulheres de um relevo incrível. Homens como Pedro Paulo de uma complexidade difícil de exprimir. E de vez em quando certas rajadas de palavras que transcendem a expressão para se carregarem do sentido eterno das coisas."."
(Luiz de Pinho Pedreira)
  "Essas medidas de finalidade social eram expressão do pensamento de reformador, permanente na ação de Nestor Duarte. Refletiam o espírito de sua obra de pensador social, que não se amoldava à rotina de manutenção do Estado capitalista. Talvez por não ter encontrado condições de descobrir tais providências, ao longo do tempo, na atividade parlamentar e administrativa, é que as desenvolveu nos romances. Na obra de ficção, que só dependia de sua força criadora e da capacidade de observação, deu largas às suas idéias, sobretudo em Tempos Temerários."
(Josaphat Marinho, in A Tarde 20.01.2002).
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  NESTOR DUARTE GUIMARÃES nasceu em Caetité, e foi registrado no Livro A-3, às fls. 199v. O documento consigna: Nasceu às doze horas e doze minutos do dia 03 de fevereiro de 1902. Era filho de Francisco Duarte Guimarães, magistrado, natural de Iguape, e d. Amélia Tavares Guimarães, natural de Nazaré.Avós paternos: João Duarte Guimarães e D. Maria Leopoldina de Souza Guimarães. Avós maternos: João Dias Tavares e D. Maria Rosa de Souza Tavares.
Capa de Gado Humano
Nestor Duarte Guimarães
O ESCRITOR
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