SAMURAI A literatura, assim como as artes, a filosofia e as ci�ncias,
s�o express�es do pensamento de um povo. Podemos conhecer profundamente a
forma de pensar de um povo analisando sua literatura. No entanto, neste
trabalho, vamos seguir por um novo caminho. N�o vamos nos prender no estudo de
obras liter�rias, mas no conhecimento de algumas particularidades dos Samurais
que nos dar�o subs�dios para compreender a literatura desenvolvida no
intervalo em que eles dominaram o Jap�o. Nesta primeira parte veremos desde o Per�odo Kamakura
(1192-1333), quando os samurais assumem o poder, at� o Per�odo Edo
(1603-1868), quando consolidam sua supremacia como classe, como arte, como tradi��o
e como doutrina. Na Segunda parte, veremos alguns aspectos inerentes a todo
samurai e que influenciam, at� hoje, o povo japon�s. ASPECTOS
HIST�RICOS PER�ODO
KAMAKURA Amaterasu, a deusa do sol, gerou
do mar a terra japonesa e nomeou como Imperador, seu pr�prio filho. O Imperador
ou Tenno (soberano celestial), � o elo entre homens e deuses. Apesar desse
papel mediador do Imperador, o ato de governar o pa�s era exercido pelos nobres
da corte chamados Kuge, cujas fam�lias haviam acumulado posse de terras, �nica
fonte de riqueza e poder. Com a chegada da escrita trazida
pelos chineses, os nobres come�aram a se espelhar no modo chin�s de viver,
afinal, era uma cultura que gozava de mais prest�gio. Se interessaram pela
poesia e arte e se acostumaram com os luxos e prazeres da capital Kyoto. Cuidar
de suas propriedades n�o despertava mais interesse e, temendo intrigas na
Corte, foram transferindo, gradativamente, a administra��o das terras para
parentes ou servidores de confian�a. Os kuges apenas recebiam os proventos
resultantes de seus dom�nios. A ger�ncia das terras imperiais tamb�m foram
entregues a funcion�rios da coroa. Os respons�veis pelas
propriedades (feitores, gerentes ou prepostos e suas fam�lias), com o decorrer
do tempo, foram contraindo alian�as e aprendendo a defender as aldeias e as
terras. Foram ficando poderosos e, por meios legais ou n�o, passaram de
servidores a propriet�rios. N�o eram mais representantes dos Kuges, mas
gananciosos posseiros denominados daimyo (grande nome ou grande fam�lia). Seus
subordinados, capazes de pegar em armas, eram os bushi ou guerreiros. A
comunidade de chefes e soldados tinha o nome de bushidan, que abrangia todos os
combatentes (samurais), desde os mais poderosos aos mais humildes. Legalmente,
os daimyos n�o eram os propriet�rios das terras, contribuindo para as
permanentes contesta��es de propriedade e disputas com vizinhos. Cada daimyo
procurava seus aliados para defender seus dom�nios. A partir do s�culo X, os
grandes grupos de samurais entram em conflito frequentemente e o governo n�o
consegue domin�-los. Dos conflitos, dois grupos de samurais de destacam, os
Taira e os Minamoto ou Genji. Depois de vencer os Taira, os Minamoto obt�m o
controle da capital e legitima o seu poder pol�tico-militar como oriundo da
vontade do Imperador. Yoritomo Minamoto, o chefe do cl� vencedor, instala seu
quartel-general em Kamakura (na prov�ncia de Sagami, atual prov�ncia de
Kanagawa), fundando o primeiro xogunato (bakufu). � o Per�odo Kamakura ou
Xogunato Minamoto ou Kamakura Bakufu, que dura 141 anos (1192-1333) e marca o in�cio
dos governos militares heredit�rios. Bakufu significa posto militar, indicando claramente a
natureza marcial do novo regime, cujo chefe centraliza o poder pol�tico e
militar. A maioria dos historiadores japoneses chama de feudal o per�odo
dominado pelos samurais. Em 1185, quando o cl� Taira � virtualmente eliminado,
Yoritomo solicita ao trono autoriza��o para criar os cargos de shugo (comiss�rio
militar) e jito (comiss�rio de terra) em todo o territ�rio nacional. Os shugo
comandam samurais locais e se encarregam da manuten��o da ordem p�blica. Os
jito arrecadam impostos e exercem fun��es policiais. Yoritomo Minamoto, acreditando que uma das causas da queda
dos Taira fora a vida suntuosa da capital (Heian), mant�m vivas, entre seus
seguidores, o esp�rito marcial e a vida simples e frugal, mas o bakufu explora
o lavrador como escravo, obrigando-o a pagar os mais variados tributos e a
prestar servi�os de diversas naturezas e elimina o dom�nio dos aristocratas
que passam a viver como parasitas da produ��o rural. O novo sistema pol�tico
representa a passagem de uma sociedade escravista, sob o dom�nio da
aristocracia, para uma sociedade caracterizada pela escravid�o dos camponeses
comandada pelos samurais. � a transforma��o do Estado Ritsuryo em Estado
Feudal . O imperador Mutsuhito (Meiji)
morreu em 1912 e sucedeu-lhe seu filho Taisho ( "A grande
integridade", 1912-1926). O Jap�o entrou na primeira guerra mundial ao
lado dos aliados, de acordo com o tratado firmado com o Reino Unido, mas limitou
sua participa��o � ocupa��o das ilhas alem�s no Pac�fico e da pen�nsula
de Shandong. Entre 1918 e 1929, o governo japon�s p�s em pr�tica uma pol�tica
de modera��o, traduzida em redu��o do poder militar e da burocracia, em
maior liberdade para a atividade sindical e conten��o da expans�o na China.
No entanto, a grande depress�o econ�mica de 1929 provocou uma virada radical
nessa orienta��o. Os setores militaristas aproveitaram o descontentamento
social criado pelo desemprego para argumentar que as leis contra a imigra��o
nos Estados Unidos e na Europa haviam condenado � fome os japoneses e que s�
pela for�a poderiam encontrar os territ�rios necess�rios para seu excedente
demogr�fico: a popula��o havia crescido de trinta milh�es de habitantes, no
per�odo Meiji, para 65 milh�es em 1930. O resultado n�o se fez esperar: em
1931 o ex�rcito japon�s invadiu a Manch�ria. Apesar da oposi��o do jovem
imperador Hirohito (que subiu ao trono em 1926), os militaristas conseguiram
impor sua vontade. Em 1933, o Jap�o retirou-se da Liga das Na��es e fez da
Manch�ria a base para o novo imp�rio asi�tico que pretendia instaurar. Em
1937 iniciou uma guerra n�o declarada contra a China. Em setembro de 1940
firmou um pacto com a Alemanha e a It�lia. A entrada na segunda guerra mundial
foi o passo seguinte. O ataque de surpresa dos japoneses � base militar
americana de Pearl Harbor, no Hava�, em 7 de dezembro de 1941, obrigou os
Estados Unidos a entrarem na guerra. Os primeiros meses foram favor�veis ao Jap�o,
que se apoderou rapidamente das Filipinas, Indon�sia, Indochina e Mal�sia. No
entanto, a partir de 1943, as for�as americanas come�aram a vencer a guerra.
As bombas at�micas lan�adas pelos Estados Unidos sobre Hiroxima, em 6 de
agosto de 1945, e sobre Nagasaki, tr�s dias depois, aceleraram a rendi��o
japonesa. Per�odo do p�s-guerra
�Durante sete s�culos,
o Jap�o foi dirigido, pol�tica e administrativamente, pelos samurais, uma
classe de elite , cujo exemplo e padr�es de comportamento foram talvez mais
importantes para a organiza��o da sociedade japonesa e a defini��o do perfil
do homem nip�nico do que sua atua��o pol�tica e administrativa. Os samurais
s�o geralmente vistos como guerreiros e considerados como militares, o que, de
fato, era sua fun��o tradicional. Por�m, mais do que isso, eram um tipo de
homem de elite, formado � base de um ethos extremamente apurado. Sua habilita��o
transcendia os limites da ci�ncia e das artes marciais, assim como dos of�cios
administrativos, espraiando-se para horizontes t�o amplos quanto os da
literatura, da artesania, das belas-artes, da medita��o. N�o havia limites ao
escopo das atividades do samurai e seu ideal era o do homem perfeito.�Participa��o do Jap�o nas guerras mundiais
O general americano Douglas MacArthur, chefe das for�as de ocupa��o aliadas no Jap�o, recebeu o encargo de desmilitarizar e democratizar o pa�s. A nova constitui��o democr�tica do Jap�o, revisada por MacArthur, foi promulgada em 3 de novembro de 1946 e entrou em vigor em 3 de maio de 1947. Em 1951 firmou-se a paz com o Ocidente e no ano seguinte o Jap�o recuperou sua soberania. Reduzido aos limites que tinha antes do per�odo Meiji e sem a obriga��o de sustentar a m�quina militar, o pa�s apresentou not�vel crescimento econ�mico. O super�vit comercial converteu-o em pot�ncia financeira. A vida pol�tica japonesa viu-se dominada, entretanto, pelo Partido Liberal Democr�tico, que governou com uma sucess�o de primeiros-ministros a partir de 1955. Entretanto, os esc�ndalos financeiros e pessoais em que se viram envolvidos alguns deles, como Tanaka Kakuei -- que teve que deixar o poder em 1974 -- e Takeshita Noboru -- que renunciou em 1989 --, fortaleceram a oposi��o. Como rea��o, o Partido Liberal Democr�tico decidiu apoiar uma nova gera��o de pol�ticos, liderada por Kaifu Toshiki. Nesse mesmo ano morreu o imperador Hirohito, que foi sucedido por seu filho Akihito. Em 1993, pela primeira vez desde 1955 assumiu a chefia do governo um primeiro-ministro n�o pertencente ao Partido Liberal Democr�tico -- Hosokawa Morihiro, do Novo Partido Japon�s.