Saudades

Saudades! Sim...talvez...e porque n�o?...
Se o nosso sonho foi t�o alto e forte
Que bem pensara v�-lo at� � morte
Deslumbrar-me de luz o cora��o!

Esquecer! Para qu�?...Ah! como � v�o!
Que tudo isso, Amor, nos n�o importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o p�o!

Quantas vezes, Amor, j� te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!


Excerto de "Sonetos", de Florbela Espanca. Editora Ulisseia, 1990
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