Soneto


Amor � um fogo que arde sem se ver, 

� ferida que d�i, e n�o se sente; 

� um contentamento descontente, 

� dor que desatina sem doer. 

� um n�o querer mais que bem querer; 

� um andar solit�rio entre a gente; 

� nunca contentar-se de contente; 

� um cuidar que ganha em se perder. 

� querer estar preso por vontade; 

� servir a quem vence, o vencedor; 

� ter com quem nos mata, lealdade. 

Mas como causar pode seu favor nos cora��es humanos amizade, 

se t�o contr�rio a si � o mesmo Amor? 

 

Excerto de "Sonetos", de Lu�s Vaz de Cam�es. Editora Martin Claret - Cole��o a Obra-Prima de Cada Autor, 1999

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