Soberania, Patriotismo e Amazônia

Soberania se faz não apenas com armas, com ordens de guerra ou propaganda midiática, mas principalmente com um povo disposto a defender seu país porque o ama e vê nele o melhor lugar do mundo para se viver, de fato e não porque foi lavado cerebralmente. A melhor soberania se dá pela vontade espontânea e sincera do povo e não por obrigação!

Um povo obrigado a defender um país que dizem ser seu, mas que não sente ser seu, é um povo vulnerável a trair tal defesa e seus pregadores.

Diz-se que o nacionalismo brasileiro precisa ser inflamado.

O nacionalismo brasileiro é um nacionalismo dividido: há um nacionalismo de branco, importado e de feição européia, com tendência fascista, do progresso a todo custo, da superpotência que tem de emergir e que demonstra, por palavras e não por atos, um respeito quase sagrado pelo indigena... e há o nacionalismo preguiçoso, bufão, da mesa de bar, dos bravateiros e românticos, que toleram tudo, menos o cuspe na bandeira ou a perda da Copa do Mundo.

Nenhum dos dois construirá nação alguma, o primeiro porque não entende e não quer entender a real natureza do Brasil e acha que tudo pode ser feito pela força, e o segundo porque, no fundo, não passa de uma ideologia superficial e infantil, desordenada e de cidadania incompetente, é o nacionalismo do sujeito que não cuida sequer de sua própria casa.

Quantos não são os que reclamam que falta patriotismo ao povo?

Mas, não se pode ser patriota quando a pátria é lugar de injustiças que oprimem boa parte do povo e destróem o território. Ninguém consegue verdadeiramente respeitar a pátria, amá-la, quando ela é obra e propriedade de uma minoria opressora e pervertida. Quem pode amar o seu carrasco, o seu parasita, a fossa onde vive? Como se pode ser patriota quando, em nome desse patriotismo, uns promoveram abusos e destruiram os anseios mais elementares de outros? Como se pode ser patriota e invocar a História do país, quando ela atesta um festival de injustiças, atesta a criação de um país bom para uns poucos?

Para se ser patriota é preciso, antes de tudo, que se sinta orgulho da pátria! E a pátria não é apenas belezas naturais.

E quantos não clamam contra a internacionalização da Amazônia?

Ora, mas, quem está mais internacionalizado?

O caboclo que ainda hoje come as frutas da floresta, o peixe do rio, vive suas festas típicas, curte sua musica regional, anda seminu e convive com o ambiente amazônico com naturalidade? O cidadão que conhece a sua terra, a sua região e a venera, que não se envergonha dela e não reverencia deuses e ídolos estrangeiros?

Ou o cidadão que crê que as frutas brasileiras são o morango, a maçã e a laranja? Que se veste conforme as tendências das grifes californianas ou italianas? Que tem em sua rotina alimentar pratos de origem européia ou norte-americana, ou mesmo japonesa? Que curte festas e datas criadas na Europa ou nos EUA? Que convive com o ambiente tropical brasileiro com desconforto? Que vive em prédios e casas do melhor estilo arquitetônico estrangeiro, por mais inadequado que seja ao nosso ambiente? Ou que tem seus ouvidos dedicados às musicas das paradas estrangeiras, da industria cultural anglo-saxã?

Não estará mais internacionalizado o religioso que depende das teologias e fantasias religiosas criadas pelos mestres europeus, orientais e norte-americanos? Incapaz de elaborar suas próprias teologias e escapar de armadilhas politico-religiosas?

Não estará mais internacionalizado o militar brasileiro que adora viajar para o exterior para fazer cursos e absorver ideologias militares e politicas, estranhas aos interesses de seu povo?

Não estará mais internacionalizado aquele que sempre faz questão de dizer que "nos EUA é diferente"?

Então, quem é a real ameaça de internacionalização do Brasil e da Amazônia?

 

Salvador Benevides - Eng. Florestal

 

 

 

 
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