O Encaixe

Há muito tempo quando adentrei no grupop de pesquisadores internacionais da obra e dos feitos de Nostradamus acreditava que muitas das interpretações que estavam por ai, "os encaixes" eram decifrações das profecias. Os meus novos companheiros mostraram que as obscuras quadras podiam suportar vários contextos diferentes, além do fato de que a linguagem utilizada por Nostradamus não estaria contida nos deficientes dicionários compilados um pouco maios tarde como o de Nicot em 1606.

Aprendi que o contexto poderia ser encontrado pesquisando-se os fatos históricos que chamaram a atenção de Nostradamus e que poderia estar estampado na limitada literatura disponível na época. Pude ver muitos pontos de partida que não poderiam ser postos em duvida. 

Quanto as palavras que pudessem ser obscuras deveriam ser pesquisadas em textos da época para que aprendessemos seu significado. O NRG havia descoberto textos da época sendo os principais usados para nossa pesquisa são os escritos por Rabelais. Este era um importante escritor francês e era amigo pessoal de Nostradamus. Há algumas considerações que o colocam até mesmo como colega de Nostradamus na famosa escola de medicina de Montepelier. O fato maios interessante é que o nome de Nostradamus não consta dos registros da escola, mas o nome de Rabelais consta.

Vejamos esta quadra:

Quand la litière du toubillon versée,

Et feront faces de leur manteaux couverts,

La république, par gens nouveaux vexée,

Lors blancs et rouges iugeront à l'envers

 

Uma tradução poderia ser:

 

Quando a liteira for derrubada pelo turbilhão,

E os rostos cobertos pelos mantos,

A república será vexada pelos novos governantes.

Os brancos e vermelhos julgarão ao inverso.

 

Uns dizem: é a revolução francesa, outros dizem que é a revolução russa, podemos encaixar a queda da monarquia chinesa e muitas monarquias pelo mundo afora e pelo tempo afora, até mesmo a monarquia brasileira de Dom Pedro II. Mas em todos os casos o contexto é muito parecido e podemos fazer linhas gerais.

 

Vejamos uma interpretação geral:

 

Quando a monarquia for derrubada pela revolução,

E houver um movimento secreto, uma conjura, os conjurados serão anônimos.

Os novos governantes  farão muita coisa errada visível e por isso o vexame.(Gozado em todos os casos isso é o que aconteceu: o terror na Revolução Francesa, a fome na revolução russa com a morte de milhares de pessoas, até nosso presidente Deodoro fez tanta coisa errada que acabou renunciando)

        A última frase mostra a troca do poder entre os partidos republicano e monarquista, seja lá o nome que tenham.

 

Nesse caso podemos dizer que não é necessário um ponto de partida pois todas as quadras servem muito bem a várias épocas, porém, o contexto é sempre o mesmo. Portanto, encaixar contextos diferentes é torcer e ir contra o contexto natural. Essa profecia ainda deve ocorrer em locais sem democracia em que o povo ainda é tirânico. Platão definia povo tirânico aquele que ainda não está pronto para democracia. Podemos encontrar alguns povos deste tipo no mundo, mas hoje são minoria.

 

Há porém quadras em que o contexto é muito obscuro e precisamos do ponto de partida para conhecer o verdadeiro contexto. Neste caso temos que analisar os fatos históricos que chamaram a atenção de Nostradamus. O grupo NRG já pesquisou um grande número de quadras e conseguiu encontrar o ponto de partida para várias quadras.

 

Vejamos um exemplo desse caso:

 

La grand cite sera bien desolee
Des habitans un seul ny demeurra:
Mur, sexe, temple, & vierge violee
Par fer, feu, peste, canon peuple mourra.

 

Uma tradução poderia ser:

 

A grande cidade estará bem desolada,

            De seus habitantes nenhum permanece.

            Muro, seitas, templos e virgem violada,

            Por ferro, fogo, praga canhão povo morre.

 

Depois de muitas pesquisas, onde foram estudadas mais de 50 possibilidades o NRG descobriu que o ponto de partida se encontrava no:

grande saque de Roma feito em 1527, já no tempo de Nostradamus.

 

Roma estava bem desolada (despovoada).

De seus habitantes nenhum permanece.

Nenhum habitante permaneceu. Ou foram mortos (contabiliza-se na historia cerca de 6.000 mortos). A maioria fugiu de Roma, inclusive o papa da época. O restante foi preso pelas forças dos protestantes. Nenhum de seus habitantes permaneceu.

 

Na terceira linha temos o vandalismo que aconteceu e a virgem naquele caso além de  virgens que cairam nas mãos dos saqueadores pode refere-se a estátuas da Virgem Maria das igrejas saqueadas e que os protestantes não cultuavam, lembra o NRG. A última linha refere-se aos meios que mataram as quase 6000 pessoas. Temos portanto, as duas linhas finais.

 

Muro, seitas, templos e virgem violada,

Por ferro, fogo, praga canhão povo morre.

 

Colocamos um pequeno extrato das pesquisas feitas pelo NRG.

 

“Spanish and German cardinals, who thought themselves safe from their

own countrymen, were treated like the rest. Nuns and respectable women

were violated in situ, or were carried off to promiscuous brutality in

the various shelters of the horde. Women were assaulted before the

eyes of their husbands or fathers. Many young women, despondent after

being raped, drowned themselves in the Tiber.



The destruction of books, archives, and art was immense. Philibert,

Prince of Orange, who had succeeded to the quasi command of the

undisciplined horde, saved the Vatican Library by making it his

headquarters, but many monastic and private libraries went up in

flames, and many precious manuscripts disappeared. The University of

Rome was ransacked, and its staff was scattered. The scholar Colocci

saw his house burned to the ground with his collections of manuscripts

and art. Baldus, a professor, saw his newly written commentary on

Pliny used to light a camp fire for the pillagers.”

 

 

Finalmente conhecendo-se o contexto podemos procurar algo que preencha este contexto. Aqui podemos considerar um "encaixe" autorizado pois obedece o contexto original e podemos então considerar uma profecia.

 

Estamos em Varsóvia em 1940, que era a capital da Polônia que havia perdido a guerra com a Alemanha recentemente. O exército de ocupação foi piorando as condições a cada dia para a população, principalmente para os judeus. Foi até o ponto de criar o Gueto de Varsóvia, cercando com muros, bem no centro da cidade que era uma cidade grande de 1.200.000 habitantes. Em 1943 uma revolta estourou no gueto e com muitas perdas foi sufocada pelos alemães. Os alemães mataram quase todos, alguns conseguiram fugir para a floresta e poucos foram mandados para os campos de extermínio. Foram relatados alguns poucos casos de estrupo de moças pelos alemães. Mais tarde em 1944 o exército russo se aproximava da cidade. Os cidadãos revoltaram-se e tentaram libertar a cidade. Não conseguiram e depois de um banho de sangue os alemães dominaram a revolta. Quando os russos chegaram encontraram apenas 30.000 habitantes! A cidade estava desolada.

Aqui vemos que o contexto é o mesmo. Começa com o ódio religioso todos os ingredientes estavam presentes. Continua por coisas exatamente similares e termina com os mesmos elementos por fogo, canhão, peste o povo morre. Também gostaríamos de chamar a atenção que uma data puntual é muito perigosa, pois os acontecimentos ocorreram de 1940 a 1945, sendo que as cicatrizes na cidade permaneceram muitos anos, provavelmente ainda há algumas.

©2005 by Abner Macoto

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