A ABCAL (Associação Brasileira de Capoeira Angola Liberdade - com sede em Araçatuba - SP), preserva os fundamentos e as tradições da Capoeira Angola, como um compromisso inexorável. Assim, mantemos em plena atividade as mentalidades e as expressões inerentes aos vários jogos de angola e seus respectivos toques de berimbau, especialmente dos que hoje se encontram praticamente em desuso nas rodas de angola, como: Ave Maria, Angola Dobrada, Tico-Tico, Benguela, Idalina, Muzenza, Samango, Jeje, São Bento Grande em Jeje, etc, o que gera surpresa e uma certa confusão em quem pensa que a Capoeira Angola se resume, apenas, em jogar no chão, feito um bicho preguiça, e que velocidade, potência e eficiência, pertencem, unicamente, à Capoeira Regional. Essa idéia entra em contradição com o axioma de que foi a Regional que nasceu da Angola e não a Angola, da Regional e, também, com os feitos dos grandes angoleiros do passado, citando o mais proeminente: “Bezouro Mangangá”.

Se a Capoeira Angola fosse ineficiente como luta, como pensaram e pensam, não teria deixado atônita a elite colonial, imperial e republicana, nem mesmo teriam se movido, nessas fases, em diversas tentativas de exterminá-la, o que demonstra como ameaçou seus anacrônicos poderes e a glória de seus heróis fabricados, ao ponto de deixarem esses fatos à parte da história do Brasil, bem como o que realmente aconteceu durante a Escravidão, Guerra do Paraguai e Abolição.

Assim, pesquisando e buscando conhecer o que não foi destruído com as “chamas de Rui Barbosa”, tentamos, modestamente, contribuir com nosso trabalho à Capoeira Angola, mesmo enfrentando, ainda hoje, os reveses da vida, o orgulho, a ignorância, o preconceito, não menos incandescentes. E dentre os vários heróis das Revoltas Negras que morreram no anonimato, reverenciamos como nossos patronos: “Zumbi dos Palmares” (representando todos os capoeiras do período escravocrata), “Besouro Mangangá”(representando todos os capoeiras também marginalizados após a Abolição) e “Mestre Pastinha”(representando a filosofia ou a "malandragem" do amor em prática, o que na verdade, salvou a Capoeira Angola de sua total extinção, especialmente durante os excruciantes anos de perseguição e extermínio, impostos também pela República). Adotamos ainda, em homenagem à todos os africanos que construíram este país em quase 400 anos de trabalho escravo, as cores da bandeira do país de Angola. Axé à todos!

 

                                                                                                    Mestre Vandir Nunes                                                                                                              Presidente Fundador da ABCAL

                                               01/2003

 

 

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