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AH, COMO É BOA A VIDA...

 Ah, como é boa a vida no interior! Tranqüila, pacata... Principalmente numa cidade pequena como esta, que não chega a ter vinte mil habitantes.

Todos se conhecem, todos se cumprimentam. E a praça da Igreja Matriz? Que sossego! E a sorveteria perto da praça? Que delícia...

Cláudia adorava a vida que tinha! Adorava também seu marido, Marcos, e seus dois filhos, Júnior e Gabriel, ambos em idade escolar. Não eram ricos, mas viviam bem.

Às vezes pensava que, se pudesse mudar algo em sua vida, faria com que o marido não precisasse viajar tanto, mas essa era sua profissão, o seu ganha-pão. De vez em quando ficava a semana toda viajando.

Com exceção disso, tudo era perfeito para ela. Era uma mulher muito dedicada, cuidava bem dos filhos, da casa e, principalmente, de Marcos. Caprichava no colarinho das suas camisas, arrumava sua mala com muita atenção para que ele pudesse passar a semana sem que nada lhe faltasse.

Numa segunda-feira, ela estava preparando o café da manhã, enquanto ele foi abastecer o carro num posto próximo. Aquela seria uma semana em que ele voltaria todos os dias para casa. De repente, o telefone tocou:

— É da casa do senhor Marcos Oliveira? – perguntou uma voz de homem.

— É. – respondeu ela.

— Eu gostaria de falar com ele, por favor.

Ela, então, explicou que o marido não se encontrava naquele momento e, educadamente, perguntou se gostaria deixar algum recado:

— Quero. Aqui é das “Casas Paraibanas” e eu sou o vendedor que o atendeu. Talvez ele tenha se esquecido de vir pagar a compra que fez, pois, está atrasada há mais de vinte dias.

— Casas Paraibanas? – perguntou ela, surpresa.

— Isso mesmo e estou numa situação difícil porque o gerente da loja está querendo descontar o valor do meu salário.

— Eu não estou entendendo muito bem... – disse ela – O senhor pode me dizer que compra foi essa?

— Mas a senhora não se lembra? A senhora estava junto no momento da compra!

Escolheu as cores e os modelos! A senhora não é loira?

Ela respirou fundo, contou até dez, depois disse:

— Não, meu senhor! Eu não estava junto e tampouco sou loira! O senhor pode me dizer o que foi comprado, por favor?

— Claro! O papel está aqui comigo... Foram dez conjuntos de lingerie rendados, sendo um de cada cor, e quatro jogos de lençol para cama de casal.

Cláudia sentiu suas pernas bambearem e, ao mesmo tempo, uma pontada na altura do estômago. Não conseguindo mais raciocinar com clareza, disse ao vendedor que iria transmitir o recado e desligou o telefone.

Sentou no sofá da sala e queria rapidamente arranjar uma solução antes que o marido partisse, mas, como toda mulher quando se sente enganada, sua raiva foi aumentando gradativamente. Ela gostava tanto dele. “Como pôde fazer isso comigo?” – pensava constantemente..

“Para mim ele não compra lingeries há algum tempo! E ainda leva a outra para escolher os modelos e as cores!!! Safado!” – pensava ela.

Enfim, quando Marcos voltou e, sem saber de nada, foi abraçá-la para se despedir, sua fisionomia estava tensa. Ele, curioso, perguntou a razão, pois, há cinco minutos, tudo estava bem.

Rapidamente ela lhe contou o ocorrido e evidentemente, descascou-lhe o abacaxi. Gritou, xingou, jogou a pasta de viagem no peito dele e disse que não precisava mais voltar.

— Eu não sei do que você está falando! Eu não fiz compra alguma...

— Claro! – disse ironicamente – A cidade é muito grande e deve ter outro Marcos Oliveira e também com o mesmo número de telefone...

Saiu da sala, foi para o quarto e trancou a porta.

Marcos ainda tentou uma conversa, chamando-a várias vezes. Ela não abriu a porta e também não respondeu aos seus chamados.

— À noite eu volto e nós vamos ter que falar sobre isso. – disse ele antes de partir.

Marcos partiu transtornado, enquanto que Cláudia passou aquele dia angustiada. Ao cuidar das roupas do marido, sentia vontade de cortá-las em tiras. Aquele havia sido o pior dia da sua vida.

“Com certeza ele tem um caso com outra mulher e isso não tem desculpas, nem perdão” – pensava ela constantemente.

Finalmente, à noite, Marcos chegou. Ao entrar em casa, percebeu que ela estava no quarto. Novamente chamou-a várias vezes, mas em vão. Voltou para a sala e notou que ela havia deixado ali lençóis e travesseiro. “Vou dormir no sofá. Era só o que faltava.” – pensou ele.

Dormiu no sofá na segunda-feira e também todos os outros dias da semana. Não houve acordo. Ela realmente não lhe deu chance de se aproximar e de se explicar. Só saía do quarto quando Marcos já havia partido.

No sábado, fingiu que ele não existia.

No domingo, pela manhã, ela estava preparando o café da manhã dos filhos, enquanto ele ainda dormia na sala. O telefone disparou a tocar. Como ele não atendeu, ela foi fazê-lo. Era novamente aquele vendedor:

— Telefone pra você. – disse secamente – É das “Casas Paraibanas”.

Marcos pulou do sofá para atendê-lo. “Agora ele me paga!” – pensou.

— Alô. – disse ele grosseiramente e já engatilhando uma porção de besteiras para disparar em cima do vendedor.

— Oi, Marcos! – disse o homem – Como é? Está dormindo no sofá?

“Essa voz!” – pensou – “Não é possível! Essa voz é do João, meu vizinho!”

— João?!? – perguntou ainda em tom de dúvida.

— Isso mesmo! Seu vizinho! Estou telefonando para saber por quanto tempo ainda você vai dormir no sofá.

Da cozinha, Cláudia acionou a parabólica que todas as mulheres têm e ouvia a conversa do marido ao telefone.

— João, — disse Marcos incrédulo – você fez isso? Você esperou eu ir ao posto, telefonou para a Claudia e lhe passou um trote?

— Claro que eu fiz...

Marcos sentiu uma súbita raiva:

— Por que você fez isso, João?

— Ora, você não disse para a minha esposa que eu estava cantando uma moça do quarteirão de baixo?

— Ela acreditou, é?

— Hã, hã!

— Deu sofá também?

— Cinco dias. – disse João – E por que você fez isso, Marcos?

— É que no mês passado, por volta de meia-noite, apareceu um sujeito meio embriagado na minha porta que gritava assim: “MARCOS OLIVEIRA! Ô MARCOS OLIVEIRA!” Não só eu acordei, como também todos os vizinhos. Fui ver o que ele queria: “VIM RECEBER O ALUGUEL DA OUTRA... DA ‘BAITA’... FAZ TRÊS MESES QUE ELA NÃO PAGA...”

Marcos deu uma pausa, depois continuou:

— Foi um vexame! Todos os vizinhos olhando aquele sujeito que queria receber o aluguel de uma inquilina que, NÃO SEI QUEM, disse a ele que era minha amante. Depois de um tempo, eu soube que foi VOCÊ quem disse isso a ele, e mais, ainda contou a ele qual era a minha casa. Não é verdade?

— É! – assumiu prontamente João – E deu sofá?

— Não! – disse Marcos – A Cláudia não acreditou porque o sujeito estava bêbado.

— Ah, que pena! – exclamou João.

— Que Pena?? – exclamou Marcos - Por que você fez isso, João?

João pensou por um ou dois segundos:

— Bom, é que já fazia algum tempo que não acontecia algo engraçado na cidade... Foi mais por diversão, para quebrar a monotonia.

— Ora, seu f...

— Espera aí, vizinho! Calma lá! Vamos fazer o seguinte: vamos tomar uma cerveja geladinha no bar e então discutiremos quem tem mais imaginação... se você ou eu.

Marcos sorriu:

— Vá na frente, primeiro vou matar a saudade da minha mulher. 


F I M

 Bia Zanetta.

Abril de 2001.

Nota da autora: a narrativa acima é um fato verídico. Apenas alguns nomes pessoais são fictícios.

Explicação: “Baita” no interior de SP é sinônimo de amante.

 

 

 

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