TERCEIRO TRABALHO:

Colhendo as Ma��s de Ouro


Cheio de confian�a, pois que indiferente ao sucesso ou fracasso, H�rcules p�s-se a caminho, seguro de si, de sua sabedoria e de sua for�a. Passou pelo terceiro Port�o, em dire��o ao norte. Percorreu a terra � procura da �rvore sagrada, mas n�o a encontrou. Perguntava a todos os homens que encontrava, mas nenhum p�de gui�-lo no caminho; nenhum conhecia o lugar. O tempo passava e ele ainda procurava, vagando de um lado para outro, freq�entemente retornando sobre os pr�prios passos ao Terceiro Port�o. Triste e desencorajado, ainda assim procurava por toda parte. O Mestre, observando de longe, enviou Nereu para ver se ele podia auxiliar. Vezes sem conta ele se aproximou, sob formas v�rias e diferentes palavras de verdade, mas H�rcules n�o reagia a elas nem sequer o reconheceu como o tipo de mensageiro que era. Apesar de seu discurso habilidoso e dono da profunda sabedoria de um filho de Deus, Nereu fracassou, pois H�rcules estava cego. N�o reconheceu a ajuda t�o sutilmente oferecida. Finalmente, retornando com tristeza ao Mestre, Nereu falou sobre o fracasso. "Terminou a primeira das cinco provas menores", replicou o Instrutor, "e o fracasso � a marca desta etapa. Que H�rcules prossiga." N�o encontrando a �rvore sagrada no caminho norte, H�rcules retornou em dire��o ao sul e, no lugar da escurid�o, continuou sua busca. Primeiro sonhou com r�pido sucesso, mas Anteu, a serpente, atravessou-se-lhe no caminho e lutou com ele, vencendo-o a cada investida. "Ela guarda a �rvore", disse H�rcules, "isto me disseram, portanto a �rvore deve estar por perto. Preciso derrubar sua guarda e assim, destruindo-a, venc�-la e arrancar os frutos." Contudo, lutando com todas as for�as, ele n�o a vencia. "Onde est� o meu erro?" dizia H�rcules. "Por que Anteu pode vencer-me? Mesmo quando infante destru� uma serpente em meu ber�o. Com minhas pr�prias m�os a estrangulei. Por que fracasso agora?" Lutando novamente com todo o seu poder, ele agarrou a serpente em suas m�os e levantou-a ao ar, longe do ch�o. E viva! Realizara o feito: Anteu, vencida, falou: Virei novamente com diferente disfarce � entrada do oitavo Port�o. Prepara-te para a nova luta". (...)


Feliz, confiante, seguro de si e com renovada coragem, H�rcules continuou em sua busca. Agora voltou-se para o ocidente, e tomando essa dire��o, encontrou o fracasso. Ele atirou-se ao terceiro grande teste sem pensar e por muito tempo o fracasso atrasou seus passos. Pois l� ele encontrou Busiris, o grande arqui-enganador, filho das �guas, parente pr�ximo de Poseidon. Seu trabalho � trazer a ilus�o aos filhos dos homens atrav�s de palavras de aparente sabedoria. Ele afirma conhecer a verdade e rapidamente eles acreditam. Ele diz belas palavras: "Eu sou o mestre. A mim � dado o conhecimento da verdade. Aceita o meu modo de vida. S� eu sei, ningu�m mais. Minha verdade � correta. Qualquer outra verdade � err�nea e falsa. Atenta para minhas palavras; fica comigo e salva-te." E H�rcules obedeceu; e a cada dia enfraquecia em seu anterior caminho (a terceira prova), n�o mais procurando a �rvore sagrada. Sua for�a estava minada. Ele amava, adorava Busiris, e aceitava tudo que ele dizia. Tornou-se cada vez mais fraco, at� que chegou o dia em que o seu amado mestre o amarrou a um altar e l� o manteve um ano inteiro. Repentinamente, um dia, quando lutava por se libertar, e lentamente come�ava a perceber quem Busiris realmente era, as palavras proferidas por Nereu h� muito tempo vieram-lhe � mente: "A verdade est� dentro de ti mesmo. No teu interior h� um poder mais elevado, for�a e sabedoria. Volta-te para o teu interior e evoca a for�a que existe, o poder que � a heran�a de todos os homens que s�o filhos de Deus." Silencioso, ele permaneceu prisioneiro sobre o altar, acorrentado aos quatro cantos, um ano inteiro. Ent�o, com a for�a que � a for�a de todos os filhos de Deus, ele rompeu as suas amarras, agarrou o falso mestre (aquele que parecera t�o s�bio) e prendeu-o ao altar em seu lugar. N�o disse uma palavra, apenas deixou-o l� para que aprendesse. O Instrutor que de longe observava, notou o momento da liberta��o, e voltando-se para Nereu disse: "A terceira grande prova est� encerrada. Tu lhe ensinaste a enfrent�-la e no devido tempo ele aproveitou a li��o. Deixa-o prosseguir no Caminho e aprende o segredo do sucesso".

``` Mais contido, embora ainda cheio de indaga��o, H�rcules percorreu longas dist�ncias sem rumo certo, prosseguindo em sua busca. Aprendera muito durante o ano que passara preso ao altar, e agora percorria o caminho com maior sabedoria. Subitamente ele se deteve: um grito de profundo desespero atingira seus ouvidos. Alguns abutres voando em torno de uma rocha distante chamaram-lhe a aten��o, e a seguir novamente ouviu o grito. Deveria prosseguir o seu caminho, ou procurar aquele que parecia necessitar de ajuda e assim retardar os seus passos? Ele refletiu sobre o problema do atraso; um ano j� havia sido perdido; sentia a necessidade de apressar-se. Mais uma vez ouviu-se um grito, e H�rcules, em passos r�pidos, acorreu em socorro de seu irm�o. Encontrou Prometeu acorrentado � rocha, sofrendo terr�veis agonias de dor que os abutres que lhe comiam o f�gado lhe causavam, e lentamente o matavam. Ele quebrou as cadeias e libertou Prometeu, perseguiu os abutres at� sua distante toca, e cuidou do doente at� ver curados seus ferimentos. Ent�o, ap�s longo tempo perdido, novamente p�s-se a caminho. O Mestre, que de longe observava, falou ao disc�pulo que se dedicava � busca, estas claras palavras, as primeiras palavras a ele dirigidas desde que encetara sua busca: "A quarta etapa no caminho para a �rvore sagrada terminou. N�o houve retardamento. A regra que acelera todo o sucesso na Senda escolhida �: APRENDE A SERVIR." Aquele Que Presidia, no interior da C�mara do Conselho do Senhor, comentou: "Ele se saiu bem. Continuai com as provas".


Por todos os caminhos a busca prosseguiu; de norte a sul, de leste a oeste foi procurada a �rvore, mas n�o encontrada. At� que um dia, esgotado pelo medo e pela longa viagem, ele ouviu, de um peregrino que passava no caminho, rumores de que, perto de uma montanha distante a �rvore seria encontrada, a primeira afirma��o verdadeira que lhe fora feita at� ent�o. Assim, ele retrocedeu sobre seus passos em dire��o �s altas montanhas do leste, e num certo dia, brilhante e ensolarado, ele viu o objeto de sua busca e ent�o apressou o passo. "Agora tocarei a �rvore sagrada" , gritou em meio � sua alegria, "montarei o drag�o que a guarda; verei as belas renomadas virgens; e colherei as ma��s" . Mas novamente foi detido por um sentimento de profunda tristeza. � sua frente estava Atlas, cambaleante sob o peso dos mundos �s suas costas. Sua face estava vincada pelo sofrimento; seus membros vergados pela dor; seus olhos cerrados em agonia; ele n�o pedia aux�lio; ele n�o viu H�rcules; apenas l� estava curvado pela dor, pelo peso dos mundos. Tr�mulo, H�rcules observava e avaliava o quanto havia de peso e de dor. E esqueceu sua busca. A �rvore sagrada e as ma��s desapareceram de sua mente; ele s� pensava em como ajudar o gigante e isso sem demora; correu para ele e animadamente retirou a carga dos ombros de seu irm�o, passou-a para suas pr�prias costas, ag�entando ele mesmo a carga dos mundos. Cerrou os olhos, enrijecendo os m�sculos sob o esfor�o, ent�o eis que a carga se desprendeu e l� estava ele livre, tal com Atlas. Diante dele, as m�os estendidas num gesto de amor, o gigante ofereceu a H�rcules as ma��s de ouro. Era o fim da busca. As tr�s irm�s trouxeram mais ma��s de ouro e tamb�m as depositaram em suas m�os, e Aegle, a bela virgem que � a gl�ria do sol poente, disse-lhe ao p�r em suas m�os uma ma��: "O Caminho que traz a n�s � sempre marcado pelo servi�o. Atos de amor s�o sinaliza��es no Caminho" . Ent�o, Erit�ia, a guardi� do port�o que todos devem atravessar antes de se apresentarem s�s diante do grande Ser Que Preside, deu-lhe uma ma�� na qual estava inscrita em luz a palavra de ouro SERVI�O. "Lembra-te disto", disse ela "jamais te esque�as". Por �ltimo veio H�spero, a maravilha da estrela vespertina, que com clareza e amor disse: "Vai e serve, e a partir de hoje e para sempre, palmilha o caminho de todos os servidores do mundo". Essa mensagem � t�o forte, que provoca no her�i uma metamorfose: agora ele est� disposto a entregar as ma��s t�o cobi�adas a quem quer que as esteja sinceramente procurando.


A Li��o do Trabalho

Toda esta hist�ria significa realmente a primeira li��o que todos os aspirantes t�m que aprender a dominar, o que � imposs�vel sem haverem passado pelas provas em �ries e em Touro. Ent�o, no plano f�sico, no campo do c�rebro e consci�ncia vigil, o disc�pulo tem que registrar o contato com a alma e reconhecer-lhe as qualidades. Ele n�o mais pode ser o vision�rio m�stico, mas tem que somar � realiza��o m�stica o conhecimento oculto da realidade. Os aspirantes freq�entemente esquecem-se disto. Contentam-se com a aspira��o e com a vis�o da meta celestial. Eles forjam no crisol da vida um equipamento que � caracterizado pela sinceridade, desejo bom, car�ter refinado e t�m consci�ncia da pureza do motivo, uma disposi��o para cumprir as exig�ncias, e a satisfa��o de terem alcan�ado certo status de desenvolvimento que lhes permite prosseguir. (...) Eles acreditam no fato da alma, na possibilidade da perfei��o, no caminho que deve ser trilhado; por�m esse "acreditar" ainda n�o foi transmutado em conhecimento do reino espiritual e eles n�o sabem como chegar � noite! Assim, eles, tal como H�rcules, come�am uma busca qu�ntupla. A primeira etapa dessa busca estaria repleta de encorajamento para eles, fossem eles capazes de reconhec�-lo. Tal como H�rcules, eles encontram Nereu, s�mbolo do eu superior; e mais adiante na hist�ria do disc�pulo, Nereu � o Mestre instrutor. Quando contatado, especialmente nas primeiras etapas da busca, o eu superior manifesta-se como um lampejo de ilumina��o, e eis que desaparece! Ele se foi como um s�bito vislumbre da verdade, t�o fugaz que, a princ�pio, o disc�pulo n�o consegue apreend�-la; � como um ind�cio sugestivo lan�ado na consci�ncia em momentos de aten��o concentrada, quando se consegue estabilizar a mente e, temporariamente, as emo��es deixam de predominar. No caso de um disc�pulo mais avan�ado que j� estabeleceu contato com sua alma e que, portanto, sup�e-se esteja pronto para a instru��o de um dos grandes Mestres da Humanidade, ver-se-� que o Mestre age exatamente como Nereu. Ele n�o pode ser sempre contatado, e apenas ocasionalmente poder� o disc�pulo entrar em contato com ele. Quando o faz, ele n�o precisa esperar pelas congratula��es por seu maravilhoso progresso, nem encontrar� uma elucida��o cuidadosa de seu problema, nem uma extensa descri��o do trabalho a ser feito. O Mestre lhe dar� um ind�cio e desaparecer�. Far� uma sugest�o e nada mais dir�. Cabe ao disc�pulo seguir a pista da melhor maneira que possa e seguir a sugest�o que lhe parecer mais s�bia.


H�rcules, o disc�pulo, conheceu o toque do eu superior, mas n�o o suficiente para permanecer com Nereu. Assim, volta-se para o sul, isto �, volta-se para o mundo. Teve seu grande momento quando transcendeu a consci�ncia cerebral e conversou com sua alma. Mas isso n�o dura muito, e ele cai de volta em sua consci�ncia cerebral e inicia uma nova experi�ncia. Ele tem que lutar com Anteu, a serpente (ou gigante). Por�m, desta vez � a serpente da miragem astral e n�o primariamente a serpente do desejo. � com as miragens do psiquismo inferior que ele tem que lutar, e estas, nas primeiras etapas, parecem inevitavelmente atrair o interesse dos aspirantes. (...) A serpente pode tomar a forma do aspecto mais comum dos fen�menos ps�quicos. O aspirante interessa-se pela escrita autom�tica, ou aprende a sentar-se e ouvir "vozes"; torna-se astralmente clarividente ou clariaudiente, e soma � confus�o do plano f�sico e de seu pr�prio meio ambiente, a confus�o ainda maior do plano ps�quico, e cai assim nas armadilhas e engodos da miragem. (...) Por�m, de uma forma ou de outra, o aspirante que se afastou de Nereu encontrar� a serpente e com ela ter� que lutar. Como diz o mito, durante muito tempo H�rcules n�o conseguiu venc�-la, por�m quando a ergueu no ar, teve sucesso. H� uma grande verdade por tr�s deste simbolismo. O ar foi sempre considerado o s�mbolo ou o elemento relacionado ao plano do Cristo, chamado na terminologia teos�fica e no oriente, o plano b�dico. O plano astral � o reflexo distorcido do plano b�dico, e somente quando trazemos a miragem para a clara luz da alma cr�stica � que vemos a verdade tal como ela �, e nos tornamos invenc�veis. Da maneira mais solene eu conclamo os aspirantes a abandonar qualquer interesse nos fen�menos ps�quicos e a fechar a porta ao plano astral com tanta firmeza quanto possam, at� que tenham desenvolvido o poder da intui��o e possam interpretar suas intui��es por meio de uma bem desenvolvida, bem equipada e bem treinada mente. A etapa seguinte da busca de H�rcules � igualmente aplic�vel � humanidade como um todo. Ele caiu nas garras de Busiris, que se dizia um grande mestre que o escravizou por muito tempo. (...) O verdadeiro Mestre � conhecido por sua vida e seus atos; est� por demais ocupado em servir � humanidade para encontrar tempo para fazer com que as pessoas se interessem nele, se tornem seus escravos; e n�o pode fazer promessas, apenas pode dizer a cada aspirante: "Estas s�o as antigas regras, este � o caminho que todos os santos e Mestres de Sabedoria trilharam, esta � a disciplina a que a cada um tem que submeter-se; e se cada um tentar e persistir e for paciente, seguramente alcan�ar� a meta". Mas h�rcules libertou-se, como o fazem todos os que buscam com sinceridade; e tendo escapado do mundo da miragem ps�quica e pseudo-espiritual, come�ou a servir. Primeiro libertou-se sob o s�mbolo de Prometeu, que significa Deus encarnado, livrando-o da tortura dos abutres do passado. O plexo solar, o est�mago e o f�gado s�o as exterioriza��es, se assim o posso expressar, da natureza do desejo, e H�rcules libertou-se dos abutres do desejo que por tanto tempo o torturavam. Deixou de ser ego�sta, deixou de satisfazer a si mesmo. Recebera duas amargas li��es neste signo e para este ciclo em particular estava relativamente livre. Prometeu, o Deus interno, podia agora seguir para o servi�o mundial e para aliviar Atlas de seu fardo. (...) Ao dar in�cio ao seu trabalho ele faz contato com sua alma, simbolizada como Nereu; ao t�rmino do trabalho, tendo vencido muitas miragens, ele conquista uma vis�o muito ampliada de sua alma, vendo-a em seus tr�s aspectos, cada um contendo em si a pot�ncia dos tr�s princ�pios da divindade. Aegle simboliza a gl�ria da vida e o esplendor do sol poente; a magnific�ncia da manifesta��o do plano f�sico. Ela oferece uma ma�� a H�rcules e diz-lhe: "O caminho at� n�s � sempre atrav�s de atos de amor". Erit�ia guarda o port�o, a alma, que � sempre aberto pelo Amor-Sabedoria, e d� a H�rcules uma ma�� na qual est� inscrita a palavra SERVI�O. H�spero, a estrela vespertina, a estrela da inicia��o, personifica a Vontade. Ela diz a H�rcules: "palmilha o Caminho". Corpo, alma e esp�rito; Intelig�ncia, Amor e Vontade, visualizados e contatados pelo aspirante desprendido por meio do SERVI�O.

Extra�do do livro OS TRABALHOS DE H�RCULES. Alice Bailey


Sugest�o para aplica��o pr�tica desse estudo:

A. Buscar sempre a confirma��o interna, intuitiva, para as decis�es e escolhas. Para ajudar, diante de uma escolha, pergunte a si pr�prio se existe algum interesse pessoal envolvido, se obter� benef�cio unicamente pessoal.

B. Perguntar a si pr�prio se possui alguma atra��o por algo f�sico, ou por algum sentimento, ou por alguma id�ia, que o aprisione em cada situa��o vivida. Vigil�ncia, cautela e confirma��o interna s�o essenciais para ultrapassar esta dificuldade.

C. Ajudar as pessoas ao seu redor que estejam buscando maior entendimento sobre o Servi�o.

O desenvolvimento obtido com a aplica��o desta proposta e dos dois primeiros Trabalhos fornece maior libera��o ao indiv�duo, e, conseq�entemente, seu potencial para o Servi�o fica ampliado.


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