SEGUNDO TRABALHO:

A Captura do Touro de Creta


O her�i vai e, ent�o, ingressa em uma nova etapa. Solit�rio e triste ap�s a experi�ncia anterior com as �guas malfeitoras, mesmo assim ele envereda pelos caminhos de uma nova fase. V�, de imediato, uma formosa ilha, onde um labirinto, que confunde os homens, seduz todos com promessas de gozo. Procurando atravessar o oceano em busca de tal ilha, H�rcules tem como meta capturar um touro, tido como sagrado, que nela habita. Chegando l�, procura-o pacientemente, percorrendo v�rios locais, numa longa peregrina��o. Sozinho desta vez em sua busca, H�rcules prossegue e � atra�do pelo brilho de uma luz. Trata-se de uma estrela que fulgura na testa desse touro. Tal brilho n�o mais permite que o animal continue escondido em regi�es escuras, sem ser identificado. Ent�o H�rcules chega ao esconderijo do touro. Mesmo sem poder contar com mais ningu�m, captura-o e monta-o, como se fora um cavalo. Assim montado, H�rcules atravessa o mar, deixando atr�s de si a ilha formosa, e volta para o continente levando consigo o touro. Tr�s seres portadores de um �nico olho no centro da testa aguardam H�rcules no continente. De maneira misteriosa, eles tamb�m vinham observando seus progressos, principalmente sua fa�anha de atravessar as ondas do oceano. Logo que chega a terra firme, H�rcules � recebido pelas tr�s criaturas, que seguram o touro rec�m-capturado e liberam o her�i desse encargo. Esses seres, irradiando grande poder e sabedoria, como que testando H�rcules, fazem-lhe algumas indaga��es. Perguntam-lhe, por exemplo, qual o motivo de sua estada ali no continente. O her�i responde-lhes, de modo decidido, que queria ter o touro sob o seu controle. Em seguida, informa-lhes que o rei da ilha, que at� ent�o mantivera o touro prisioneiro, tencionava conquistar esse animal. Se isso acontecesse, segundo H�rcules, seria uma esp�cie de morte. As tr�s criaturas perguntam-lhe tamb�m quem o mandara buscar o touro e salv�-lo daquele rei e daquela ilha. H�rcules demostra-se consciente do seu caminho, respondendo que foi dentro de si mesmo que sentiu a necessidade de capturar o animal e que, para tanto, tinha sido guiado por uma luz sagrada no momento de encontr�-lo. Diante disso, aqueles seres de um olho s� disseram-lhe que seguisse em paz e que considerasse completada a tarefa. O Instrutor, que acompanhava aquela cena, faz-se ent�o vis�vel. Aproximando-se, observa com alegria que o guerreiro est� de m�os vazias: voltara da tarefa sem contar vit�ria, dizendo apenas que o touro fora resgatado e que estava sob a guarda dos tr�s seres. Depois de tudo isso, H�rcules p�de, ent�o, repousar sobre um tapete de relva. O Instrutor afirmou-lhe que a tarefa estava conclu�da e que fora um trabalho relativamente f�cil. A aus�ncia de dificuldades pode-se dever ao fato de que H�rcules jamais estipulara um pre�o como recompensa e nunca fora menos sol�cito, embora nada esperasse da fa�anha.


Enquanto no primeiro Trabalho a parte humana de H�rcules � equipada com a mente e sua tarefa � adequar essa mente �s necessidades reais, no segundo a sua parte humana, j� equipada com o desejo bem robustecido, precisa ser trabalhada e transformada. O touro que figura neste Trabalho simboliza o sexo em todos os seus aspectos: desde a energia criativa at� o desejo animal. A ilha com seu labirinto representa a grande ilus�o, o eu separado, o universo do desejo; o continente onde H�rcules leva o touro domado, a consci�ncia do eu superior, da alma.

Neste epis�dio, nesta etapa do desenvolvimento da alma, H�rcules � ainda a unidade que percebe a si mesma separada, dividida do continente pelo mundo da ilus�o (o oceano), com o qual ainda se envolve. Montar o touro significa, aqui, controlar o sexo. Note-se que este n�o � massacrado, nem morto, mas montado e guiado sob a maestria do homem.

Os que vivem no continente simbolizam o uso correto da energia. Na sua natureza animal, H�rcules � o Touro e na sua natureza superior corresponde a esses seres corretamente polarizados e que, por isso, t�m um �nico olho. Os seres s�o tr�s, porque cada um corresponde a determinado aspecto divino da alma: vontade espiritual, amor-sabedoria e intelig�ncia ativa.


O continente, como vimos, simboliza a consci�ncia superior n�o separatista. Controlar o touro e conduzi-lo at� l� s� � poss�vel depois que o homem sae torna solit�rio, isto �, quando assume a pr�pria evolu��o sem esperar que outros decidam por ele. Somente depois de provas duras � que ele estar� em condi��es de controlar a enegia sexual. Antes disso, essa energia apenas alimenta e atrai os seus desejos. O labirinto da ilha � vencido quando o homem j� perdeu uma s�rie de ilus�es, pois emt�o as promessas de gozo n�o mais o atraem tanto. Observe-se que a primeira tarefa, com o seu "fracasso", foi de capital import�ncia para criar essa receptividade em H�rcules.


Este segundo epis�dio mostra-nos, pois, que o relacionamento de um indiv�duo com a energia sexual depende de seu grau evolutivo. A educa��o, a atitude e a aprendizagem do homem, ao confrontar-se com essa energia, est�o diretamente ligadas � consci�ncia que ele j� pode atingir. Em seu Notebooks, Paul Brunton esclarece melhor o assunto, apresentando quatro etapas correspondentes � evolu��o do homem em rela��o � energia sexual sintetizados no quadro a seguir:

Homem comum Aspirante inicial Aspirante avan�ado Indiv�duo realizado
ularm ente interessado em mais que uma boa vida. Permanece nas aspira��es convencionais.

N�o procura orienta��o alguma de ningu�m no campo do sexo. a n�o ser para ter mais prazer e bem-estar.

Usa uma disciplina sexual moderada.

Tem ritmo em suas pr�ticas sexuais.

Compreende a natureza da for�a sexual.

Imp�e-se limites neste campo.

Quando ao uso da energia, aceita ou n�o orienta��o de algu�m mais experiente.

Busca atingir o mais alto padr�o poss�vel de auto-controle.

� capaz de abstin�ncia total quando n�o ligado a algu�m.

Procria se necess�rio, por�m de modo qualitativo e n�o quantitativo.

Neste caso, cabe eventualmente orienta��o por parte de algu�m mais experiente.

Tem total controle da energia sexual.

N�o tem mais desejos nem paix�es.

N�o necessita de regras de disciplina.

Procria quando necess�rio a t�tulo de servi�o: prover corpos f�sicos para almas evolu�das.

Nenhum conselho e nenhuma orienta��o externa � cab�vel ao indiv�duo deste n�vel

 

 Extra�do do livro HORA DE CRESCER INTERIOMENTE. Trigueirinho.

 


 


O Significado do Trabalho

Apesar de um parcial fracasso inicial, H�rcules havia dado o seu primeiro passo. De acordo com a lei universal ele dava in�cio ao seu trabalho no plano mental. No desenrolar do plano criativo, o impulso-pensamento � seguido pelo desejo. Ao estado de consci�ncia a que chamamos mental, sucede-se o estado de sensibilidade, e este segundo trabalho trata do mundo do desejo e da pot�ncia do desejo. � um dos trabalhos mais interessantes, e que nos � contado nos m�nimos detalhes. Alguns dos relatos das v�rias provas a que H�rcules foi submetido s�o extremamente sucintos e de descri��o sum�ria, por�m as provas realizadas em Touro e G�meos, em Escorpi�o e Peixes, s�o detalhadamente narradas. Elas eram dr�sticas na sua aplica��o e testavam cada uma das partes da natureza do aspirante. A chave para o trabalho em Touro � a correta compreens�o da lei da Atra��o. Esta � a lei que governa aquela for�a magn�tica e aquele princ�pio de coes�o que constr�i as formas atrav�s das quais Deus, ou a alma, se manifesta. Produz a estabilidade demonstrada pela persist�ncia da forma por todo o seu ciclo de exist�ncia, e diz respeito � inter-rela��o entre aquilo que constr�i a forma e a forma propriamente dita; entre os dois p�los, positivo e negativo; entre esp�rito e mat�ria; entre o Eu e o n�o-Eu; entre macho e f�mea, e portanto, entre os opostos.


Natureza das Provas

A grande li��o a ser aprendida neste signo � alcan�ar a correta compreens�o da lei da Atra��o e o correto uso e controle da mat�ria. Assim, figurativamente falando, a mat�ria � elevada ao c�u, e pode iniciar sua correta fun��o, que � tornar-se um meio de express�o e um campo de esfor�o para o Cristo que o habita, ou alma. O aspirante, portanto, � testado de duas maneiras: primeiro, quanto ao calibre de sua natureza animal e aos motivos que subjazem � sua utiliza��o; segundo, quanto � atra��o que a grande ilus�o pode exercer sobre ele. Maya, ou a grande ilus�o, e o sexo, s�o apenas dois aspectos da mesma for�a, a de atra��o; um, ao manifestar-se no plano f�sico, e o outro, ao expressar-se no campo da natureza do desejo emocional.


O Disc�pulo e o Sexo

Um aspirante ao discipulado tem no sexo um problema real a enfrentar. A auto-indulg�ncia e o controle do ser humano por qualquer parte do seu organismo s�o sempre inevitavelmente errados. Quando a mente de um homem est� totalmente voltada para as mulheres, ou vice-versa; quando ele vive principalmente para satisfazer um desejo animal; quando ele se v� impotente para resistir ao apelo do p�lo oposto, ent�o ele � v�tima do aspecto mais inferior de sua natureza, o animal, e por ele � controlado. Mas quando o homem reconhece suas fun��es f�sicas como uma heran�a divina, e seu equipamento como algo que lhe foi dado para o bem do grupo, e para ser corretamente usado para o benef�cio da fam�lia humana, ent�o veremos um novo impulso motivador subjacente � conduta humana no que diz respeito ao sexo. (...)

Nos antigos mitos, montar um animal significa controlar. O Touro n�o � sacrificado, ele � montado e dirigido, sob o dom�nio do homem. (...) H� um perigo no m�todo de muitos aspirantes em inibir ou eliminar totalmente a express�o sexual. Fisicamente podem consegu�-lo, mas a experi�ncia de psic�logos e mestres revela que quando a inibi��o e dr�stica supress�o s�o impostas ao organismo, o resultado � uma ou outra forma de complexo nervoso ou mental. (...) Que o aspirante se lembre que o touro tem que ser montado para atravessar as �guas at� o continente. Isto significa que todo o problema do sexo ser� solucionado quando o disc�pulo subordina seu "eu-pessoal-ilha-separada" ao prop�sito e esfor�o do grupo, e come�a a dirigir sua vida pela pergunta: "O que � melhor para o grupo com o qual estou associado?" Este � o modo de cavalgar o touro at� o continente. (...) Celibato significa "solteiro", mas o significado geralmente dado � palavra � de abster-se da rela��o marital. (...) Mas n�o ter� sido o verdadeiro celibato definido para n�s nas palavras de Cristo quando disse: "Se teu olho � um s� (�nico), todo o teu corpo ser� luz"? N�o ser� o verdadeiro celibato a recusa da alma em continuar a identificar-se com a forma? O verdadeiro casamento � do qual a rela��o no plano f�sico � apenas um s�mbolo � n�o ser� a uni�o da alma e da forma, do aspecto positivo (esp�rito), e do negativo (a m�e-mat�ria) ? Por meio do correto uso da forma e correta compreens�o do prop�sito, por meio da correta orienta��o para a realidade e o uso correto da energia espiritual, a alma agir� como o fator controlador e o corpo todo se encher� de luz. Atrav�s do controle, do uso do senso comum, da correta compreens�o do celibato, e da identifica��o com o prop�sito grupal, o disc�pulo libertar-se-� do controle do sexo.

Extra�do do livro OS TRABALHOS DE H�RCULES. Alice Bailey


Sugest�o para aplica��o pr�tica desse estudo:

TRABALHO COM O DESEJO:

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