Primeiro Trabalho:

A Captura das �guas Antrop�fagas


De quando em quando, deparamo-nos com um grande portal, isto �, ficamos diante de um novo ciclo de nossa vida, na superf�cie da Terra ou em outros n�veis de exist�ncia. � in�til, entretanto, for�ar a entrada nesses portais: cabe-nos atravess�-los, se quisermos, quando est�o abertos diante de n�s, o que s� acontece quando realmente estamos prontos para a nova etapa. Aplica-se aqui o mesmo princ�pio que se observa nas leis imut�veis, segundo o qual "quando o disc�pulo est� pronto, o Instrutor aparece". Por conseguinte, os portais mencionados neste livro simbolizam sempre a possibilidade de ingresso em novas fases da vida, em novos campos de experi�ncia. Nas hist�rias aqui mencionadas, encontraremos tamb�m Mestres, Instrutores e outros s�mbolos igualmente vitais para a nossa evolu��o e para a da humanidade como um todo. Coloquemo-nos diante de tudo isso com simplicidade, para n�o confundirmos as etapas percorridas por H�rcules em n�vel de personalidade com as outras, que dizem respeito ao H�rcules consciente, com sua alma j� liberta das influ�ncias da vida material. Dizemos, genericamente, que h� tr�s tipos de indiv�duos e que, por interm�dio deles, podemos distinguir tamb�m tr�s est�gios evolutivos das almas. O primeiro tipo � o dos que ainda n�o despertaram para a exist�ncia da alma, ou eu superior; o segundo � o dos que est�o abertos para essa realidade e se comportam como seres em evolu��o; e o terceiro � o dos que vivem conscientemente � luz dessa alma e sabem, portanto, que s�o seres reencarnantes.


As hist�rias que se seguem t�m seu in�cio na fase em que podemos tornar-nos "luzes vacilantes", isto �, quando n�o somos mais seres humanos meramente instintivos, "centelhas obscuras". Nessa etapa, j� autoconscientes, podemos desenvolver a vontade de evoluir e controlar nossa natureza terrestre ou humana. Como veremos, todas essas hist�rias partem do princ�pio de que H�rcules, que representa cada um de n�s, concorda em submeter a pr�pria natureza humana a uma harmoniza��o com a parte mais profunda de seu ser. Da� por diante, a evolu��o n�o permanece mais em seu ritmo natural, como o da vida que as pessoas, em sua maioria, comumente levam. Ao contr�rio, ocorre uma esp�cie de reviravolta: passamos a assumir as crises como aulas, como fatores de aprendizagem, e n�o mais como situa��es indesej�veis das quais gostar�amos de, em v�o, esquivar-nos. Tendo claras essas premissas, entremos sem receios pelo portal que se apresenta aberto diante de n�s. Posso testemunhar que s�o in�meras as ajudas interiores que recebemos durante todo o trajeto. Se vivermos cada uma dessas hist�rias conscientemente, fazendo ao Instrutor que est� sempre dispon�vel no centro de nossa consci�ncia todas as perguntas necess�rias, e se no decorrer delas n�o desperdi�armos energia em chorar ou em rememorar fatos passados, experimentaremos grandes transforma��es em n�s mesmos.


AS �GUAS DEVORADORAS DE HOMENS

Diante da alma de H�rcules, o primeiro grande portal est� aberto. Desafiante, a voz do Instrutor incita-o a seguir em frente a que ingresse no caminho. Isso significa o in�cio de uma s�rie de encarna��es sobre a Terra, ap�s tantas outra, de obscuridade, em n�vel semiconsciente. Agora, um novo ciclo come�a, com H�rcules j� desperto para a evolu��o. O her�i precipita-se com coragem, sem esconder uma vaidosa confian�a e a certeza de sair-se bem.

Nas terras pantanosas al�m do portal, um estranho ser, temido por todos, exerce grande dom�nio. � perigoso caminhar por ali, uma vez que tal ser cria cavalos e �guas selvagens, extremamente violentos. Todos temem esses animais, porque dizimam o que v�em pela frente, n�o poupando nem mesmo pessoas. Eles matam e destroem todo o trabalho realizado com o esfor�o humano. As crias desses animais nascem cada vez mais fortes, selvagens e mal�ficas, e aquele senhor prepotente nada faz para desenvolver nelas qualidades menos agressivas. Quando H�rcules inicia essa encarna��o, primeira de uma s�rie ainda caracterizada por graus elevados de ilus�o, o Instrutor encarrega-o de capturar as �guas e de p�r fim �queles atos mal�ficos. A ordem que ele recebe � a de libertar aquelas terras e os que nelas vivem. H�rcules tem um amigo, at� ent�o insepar�vel, e conta com ele para ajud�-lo a realizar essa tarefa. De fato, o amigo fiel segue-lhe os passos por onde quer que v�, e, juntos, arquitetam um plano inteligente � os animais, por mais fortes que sejam, n�o t�m a intelig�ncia do homem. Desse modo, acabam encurralando as �guas e, ap�s la��-las uma a uma, o her�i festeja alegremente o sucesso alcan�ado. Chega, ent�o, o momento de conduzi-las a um lugar onde se tornem inofensivas, libertando aquela regi�o de tantas amea�as e desastres. A essa altura, H�rcules acredita que sua tarefa esteja praticamente resolvida, sendo de somenos import�ncia o restante a ser feito. Chama seu ajudante, encarrega-o de conduzir os animais selvagens para al�m do portal e, com vis�vel orgulho pelo que realizara, afasta-se dali. O amigo, atendendo-o prontamente, d� in�cio �quela �ltima fase, considerada por H�rcules como a mais simples. Ele, por�m, n�o tem a mesma for�a do her�i. Pelo contr�rio, � fr�gil e de pouca agilidade. Al�m do mais, teme a tarefa, embora n�o o demonstre; na verdade, n�o tem a mesma capacidade de H�rcules para prender as �guas, amarr�-las e conduzi-las a seu destino. Assim, quando tenta transportar os animais capturados, estes, em conjunto, se voltam contra ele, matando-o. Em seguida, mais ferozes do que nunca, espalham-se pelas terras de onde estavam sendo retirados. O Trabalho volta, ent�o, � estaca zero.


De fato, H�rcules aprende uma grande li��o e torna-se um pouco mais s�bio e humilde. Um tanto desencorajado pelo impacto da morte do amigo, recome�a a busca das �guas. Novamente consegue captur�-las, conduzindo-as a um local de onde n�o podem escapar. Resta, no entanto, o corpo sem vida do amigo como testemunha de uma a��o irrefletida. O Instrutor vem em seu aux�lio. Examinando a situa��o, envia os animais capturados para um lugar de paz; o povo d� gra�as a H�rcules e o tem como um libertador, enquanto o corpo do amigo fiel jaz ali, bem � vista de todos. Tristeza e entusiasmo s�o pr�prios daquelas terras e daqueles p�ntanos. "Aproveite a li��o desta tarefa", diz o Instrutor, depois de tudo passado. H�rcules ouve-o atentamente, pois come�a a ter consci�ncia do servi�o a ser prestado aos homens em geral. Por essa amostra, v� o que o espera no futuro. Mas a experi�ncia n�o termina ali. Em seguida, o Instrutor diz-lhe que "O Trabalho, sim, foi feito" � perceber o empenho com que H�rcules se dedicara � "por�m, malfeito". As palavras do Instrutor calam fundo na alma do her�i, e � nessa situa��o que a voz interna volta a ser ouvida � desta vez para dizer que ele prosseguisse, que n�o parasse por causa do acontecido. Impulsionando-o, a voz indica-lhe o segundo portal onde um novo Trabalho o aguarda. Antes, por�m, de partir, H�rcules p�e-se a refletir sobre a tarefa recentemente conclu�da.


Na hist�ria de H�rcules, o p�ntano, dominado pelo prepotente senhor, simboliza a mente humana, que a esta altura do processo come�a a desenvolver-se enquanto elemento que pensa, que raciocina. N�o nos esque�amos de que ela absorveu durante v�rias encarna��es o ego�smo, a cr�tica, a crueldade e a tend�ncia � tagarelice. As �guas devastadoras equivalem a tais aspectos dessa mente, aspectos que d�o origem aos conceitos, �s teorias e �s id�ias mais concretas e �bvias do homem, de modo especial �s que se encaixam e se afinam com a mentalidade vigente na sociedade organizada, enfim com o mundo das terras pantanosas � terras que podem tornar-se f�rteis e saud�veis quando libertas de suas imperfei��es. Essas �guas, que existem em todos n�s e correspondem a aspectos mentais que implicam devasta��o e cr�tica, s�o pass�veis de transmuta��o e de desenvolvimento, quando inspiradas pelo "lugar de paz"� para onde devem ser levadas. De fato, no final do epis�dio, o Instrutor envia os animais para l�.


Durante �pocas seguidas, as �guas estiveram soltas: a mente foi cruel e devastadora por n�o ter ainda contato com o lugar pac�fico que existe al�m dela, o da sabedoria. Ela levou o homem a devastar primeiro seu pr�prio corpo f�sico com h�bitos inadequados, e depois a pr�pria Natureza terrestre. Levou-o a devastar seus relacionamentos, por meio, principalmente, das "�guas" da tagarelice. Todavia, a mente superior, com sua vis�o conjunta, inclusiva e amorosa, � mais potente do que o poderio da separatividade e da cr�tica, simbolizado nessa primeira hist�ria pelo senhor das terras pantanosas, mencionado no come�o da descri��o do Trabalho. Esse senhor equivale ao princ�pio mental humano, ainda n�o evolu�do.


Extra�do do livro HORA DE CRESCER INTERIOMENTE, Trigueirinho.



Diomedes, o filho de Marte, o deus da guerra, possui um grande n�mero de �guas reprodutoras. Estas andavam � solta, devastando os campos, causando grandes danos e alimentando-se da carne dos seres humanos. Ningu�m estava a salvo delas e o terror instalara-se pela vizinhan�a. Al�m disso, estas �guas estavam procriando um vasto n�mero de cavalos de batalha, e Diomedes estava muito preocupado com as conseq��ncias dessa situa��o. Euristeu, o Rei, ordenara a H�rcules que as capturasse. Muitas tentativas haviam sido feitas com esse prop�sito, mas as �guas escapavam sempre depois de matar os cavalos e homens enviados contra elas. Mas H�rcules, tendo aprisionado as �guas, confiou-as a Abderes para que as contivesse, enquanto ele, pavoneando-se, seguia adiante, sem se dar conta da for�a das �guas ou de sua selvageria. Antes que pudesse tomar medidas para evit�-lo, as �guas voltaram-se contra Abderes e o pisotearam at� a morte, e mais uma vez escaparam, e novamente devastaram os campos. Assim, H�rcules teve que recome�ar seu trabalho, e depois de denodados esfor�os, mais uma vez conseguiu capturar as �guas. Este primeiro trabalho, portanto, come�ou com um fracasso parcial, como acontece t�o freq�entemente ao aspirante inexperiente e impetuoso. Assim � a hist�ria: breve, dram�tica e encorajadora.


Refer�ncias nos livros de simbologia nos d�o conta de que o cavalo representa a atividade intelectual. O cavalo branco simboliza a mente iluminada do homem espiritual; por isso encontramos no Livro das Revela��es que o Cristo aparece montado num cavalo branco. Cavalos negros representam a mente inferior, com suas id�ias falsas e err�neos conceitos humanos. As �guas reprodutoras, como encontradas no primeiro trabalho, indicam o aspecto feminino da mente dando nascimento a id�ias, teorias e conceitos. O pensamento-forma fazendo a tend�ncia da mente � aqui simbolizado, manifestando as id�ias concebidas e que s�o deixadas � solta sobre o mundo, devastando destruindo quando emanadas da mente inferior, mas construindo e salvando quando vindo da alma.


O significado da prova est� agora evidente. H�rcules tinha que come�ar no mundo do pensamento para obter o controle mental. H� muito tempo as �guas do pensamento vinham produzindo cavalos guerreiros e, atrav�s do pensamento errado, da palavra errada e de id�ias err�neas devastam os campos. Uma das primeiras li��es que todo principiante tem que aprender � o tremendo poder que ele exerce mentalmente, e a extens�o do mal que ele pode causar no meio que o circunda atrav�s das �guas reprodutoras de sua mente. Ele tem, pois, que aprender o uso correto de sua mente e a primeira coisa a fazer � capturar o aspecto feminino da mente e providenciar par a que n�o mais cavalos guerreiros sejam gerados. Qualquer um com pretens�es a tornar-se um H�rcules pode facilmente provar ser possuidor destas devastadoras �guas reprodutoras: basta que dedique um dia inteiro a prestar cuidadosa aten��o aos seus pensamentos e �s palavras que profere, as quais s�o sempre resultado do pensamento. Rapidamente descobrir� que o ego�smo, a maldade, o amor ao falat�rio e � cr�tica constituem grande parte do seu pensamento e que as �guas de sua mente est�o constantemente sendo fertilizadas pelo ego�smo e ilus�o. Em lugar destas �guas darem nascimento a id�ias e conceitos originados no reino da alma, e em lugar de serem fertilizadas a partir do reino espiritual, tornam-se eles os geradores do erro, da falsidade e da crueldade, que t�m sua origem nos aspectos inferiores da natureza humana. H�rcules compreendeu o mal que as �guas estavam causando. Galantemente correu em socorro de sua vizinhan�a. Estava determinado a capturar as �guas reprodutoras, mas superestimou-se. Ele realmente conseguiu cerc�-las e captur�-las mas n�o percebeu a pot�ncia e a for�a que elas possu�am, tanto que as entregou a Abderes, o s�mbolo de seu eu inferior pessoal para guardar. Por�m, H�rcules, a alma, e Abderes, a personalidade, em un�ssono eram necess�rias para guardar esses devastadores cavalos. Sozinho, Abderes n�o tinha for�a suficiente, e o que vinha acontecendo �s pessoas das redondezas, aconteceu a ele: foi morto. Este � um exemplo da grande lei: pagamos em nossas pr�prias naturezas o pre�o pelas palavras incorretamente proferidas e pelas a��es mal-julgadas. Novamente a alma, na pessoa de H�rcules, teve que lidar com o problema do pensamento err�neo, e somente quando ele se torna um aspirante unidirecionado no signo de sagit�rio e nesse signo mata os P�ssaros Devoradores de Homens, � que consegue realmente atingir o controle total dos processos de pensamentos de sua natureza. O significado pr�tico do poder do pensamento nos � muito bem, transmitido pelas palavras de Thackeray: "Semeai um pensamento e colhereis uma a��o. Semeai uma a��o e colhereis um h�bito. Semeai um h�bito e colhereis o car�ter. Semeai o car�ter e colhereis o destino".

Extra�do do livro OS TRABALHOS DE H�RCULES. Alice Bailey



Sugest�o para aplica��o pr�tica desse estudo:

A - Trabalho com a humildade: durante a realiza��o de cada tarefa, procurar perceber se ela est� sendo bem feita ou de que forma poderia ser melhor realizada; procurar tamb�m descobrir uma forma nova de realizar a tarefa.

B- Trabalho com o pensamento: vigiar continuamente os pensamentos ego�stas, maldosos e cr�ticos e "conduzi-los para um lugar de paz", ou seja, substitui-los por pensamentos que representem a virtude oposta , isto �, pensamentos altru�stas, amorosos e construtivos.

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