Editor: Wolfram da Cunha Ramos 

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Do provisório ao definitivo passariam os seqüestradores de Abílio Diniz, ora no limiar da morte que sua greve lhes impõe. Passariam se o resgate de Abílio não os beneficiasse. Ali estava o caixão para sepultá-lo. Do sequestro, a única coisa que restou aos seqüestradores foi aquele caixão fúnebre. É nele que ora querem todos entrar. Até aqui, a parte deles. E a nossa? E temos nada a ver com isso?

Como se fora Brasil, pedindo desculpas à bandidagem, o ministro da Justiça visita os seqüestradores. Vem um chileno, invocando direitos humanos para libertá-los. A prostituta não se invoque virgem. Nem a bandidagem, direitos humanos. Não cabe a mínima vírgula de direitos humanos nesse contexto lamentável. Querem seqüestrar? O problema tem a ver conosco. É segurança de todos. Querem suicidar-se? O problema só tem a ver com eles. É segurança individual renunciada.

Também, antes que morram, desejo que alguém os convença da insanidade do ato. Mas, por favor, não matem a Justiça para salvá-los. Soberana, competente, livre, íntegra, acima de preconceitos, de cor ou nação, nossa Justiça não puniu brasileiro, chilenos, canadenses. Puniu criminosos. Cidadania é detalhe irrelevante, que não vem ao caso.

A pressão canadense dobrou FHC e alguns foram liberados – da cadeia que lhes impusemos, do suicídio que procuravam. Foi lamentável precedente, de conseqüências sem fim. Porque os libertados o foram, não porque criminosos – porque eram canadenses.

Daí em diante, a Justiça tem dois pesos, medidas – e lógica nenhuma. Se detém presos, aqui fiquem os dois canadenses. Se os libera, chilenos e brasileiros sejam também liberados. Se a moda pega, todo bandido tem agora, acima das jurídicas, a instância da ameaça suicida. Antes deles, suicidou-se nossa Justiça. Canadá ganhou bandidos. Perdemos a lisura da nossa ordem jurídica.