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Torpedos: política, imprensa e cotidiano de São Carlos tratados o humor merecido

A champanhe servida no gabinete do vereador João Batista Muller (PMDB) continua dando ressaca ao parlamentar, ao assessor, à Câmara e ao PMDB.

Apesar de todo o esforço do vereador para tentar abafar o caso e minimizar sua significância, a opinião pública claramente já deu seu veredicto.

Em Santa Eudóxia a piada que corre é que o caso de dengue detectado lá há alguns dias não foi o único, há mais "dengosos" no distrito.

A coisa também não vai bem no partido onde, segundo consta, Muller a vereadora Diana Cury - que flagrou a entrega da campanhe - nem estão se falando.

A Câmara Municipal de São Carlos já está entrando em clima de carnaval e ontem já estava meio vazia. Pelo jeito muitos vereadores já deram seu grito de carnaval.

Dizem que alguns vereadores não estão satisfeitos com a campanha contra o trabalho infantil. "Porque a discriminação, porque acabar só com o trabalho infantil"?

Dizem que dois políticos andavam pela rua quando um virou para o outro e perguntou: "Vamos tomar alguma cosia?". O outro respondeu prontamente: "de quem?".

Por falar nisto, alguns parlamentares já se preocupam com o que irão fazer caso não se reelejam.

Como parte significativa da Câmara é formada por políticos profissionais, arrumar um "trabalho honesto" não é fácil para quem está há tanto tempo fora do mercado de trabalho.

Para que não reste nenhum mal entendido, quando se fala de arrumar um "trabalho honesto" não se quer dizer que a atuação parlamentar não é honesta, só Não é trabalho.

Se a eleição fosse hoje, com a péssima imagem da Câmara, muita gente não voltaria.

Dizem que o súbito abandono dos velhos colegas de sindicato pelo presidente do Sindicato dos Comerciários de São Carlos, Ademir Lauriberto Ferreira, não se deve apenas ao fato dele ter decidido mais do que duplicar o próprio salário.

Mas ninguém pode dizer que os problemas sindicais Não são imparciais, atingem tanto comerciários quanto comerciantes. A representação profissional e sindical de ambos deixa muito a desejar.

Em alguns dias, por exemplo, devem estourar novidades nada agradáveis sobre uma promoção feita pela Acisc.

Já com relação ao Sindicato do Comércio Varejista ninguém pode falar nada, afinal ele não está fazendo nada mesmo.

Diversos políticos da cidade vão ficar em uma situação delicada nas próximas eleições. Com a moda de formar "Balaios" estranhos diversos deles tem trocado tantos elogios uns aos outros que se saírem separados não vão poder desdizer o que disseram agora e se saírem juntos não vão poder negar o que diziam até um certo tempo atrás.

A moda dos flertes entre políticos que até há pouco eram inimigos mortais, lançada pelo Balaio nas eleições passadas, parece estar se consolidando de vez nesta eleição onde quase todo mundo tenta ser o pivô de um novo Balaio.

O problema é que falta agora o que existiu para o Balaio em 96: uma administração extremamente desgastada que servisse como eixo da união.

Pelo que dizem parece que há muitos candidatos que torcem todo dia para acontecer alguma catástrofe na cidade que abale a até agora favoritíssima candidatura do prefeito Dagnone de Melo (PTB).

Não seria mais fácil se ao invés de torcer para a desgraça - que não seria só de Melo, mas também da cidade com todos os seus habitantes - eles gastassem seu tempo pensando em como fazer melhor que o prefeito?

Mas é que isto exige pensamento, trabalho, criatividade, estudo, enquanto que torcer pela desgraça é muito mais cômodo, né?

"Já passava da meia-noite quando um puxa-saco ligava para a residência do prefeito, insistindo em falar com ele de todas as maneiras, em uma urgência nunca antes vista. Demorou até que um assessor mais "influenciável" fosse acordar o prefeito.

- Qual é o problema? - disse o prefeito irritado por ter sido acordado de madrugada.

- Fulano acabou de morrer - disse o puxa-saco - posso ficar com o cargo dele?

- Bem - disse o político - se o homem da funerária não reclamar, por mim tudo bem."

 

"Há pessoas que são mentirosas dizendo verdades, dizem-nas com os lábios e mentem com o coração" (Quevedo)

São Carlos, Segunda-feira, 03 de Abril de 2000

Alexandre Gomes é articulista do jornal Primeira Página de São Carlos (SP)