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Torpedos: política, imprensa e cotidiano de São Carlos tratados o humor merecido

Esclareceram que na verdade o festim particular no gabinete do vereador João Batista Muller (PMDB) não foi regado a champanhe, mas sim com uma sidra da marca Cristal. Ah bom!

Haviam estranhado mesmo uma escolha de bom gosto...

Como sempre, depois de arrombada a porta resolvem colocar tranca. Foi formada uma Comissão de Sindicância na Câmara para apurar os fatos e punir os responsáveis.

O "Escândalo da Champanhe" não foi surpresa para ninguém que lê esta coluna que há meses vem alertando para o fato de que a Câmara está "uma zona" - no bom sentido, é claro - há muito tempo.

Assim as "providências" anunciadas só podem ser vistas como uma piada porque a responsabilidade última do fato está em quem eliminou o controle de acesso da Câmara e jamais tomou uma medida efetiva - apesar das inúmeras reclamações - para disciplinar o uso do legislativo.

Tudo indica que o bode expiatório da história toda deva ser o assessor de Muller, que ao que parece está assumindo a culpa toda pelo embroglio do chefe.

Agora só falta esperar que, tão logo a poeira baixe, volte tudo a ser como antes e as "estagiárias" retomem seu expediente normal.

Omissão

Será que ninguém viu a "estagiária" entrar na Câmara com a champanhe na sexta-feira?

O ruído do espocar de champanhes também provocou uma crise séria naquela que vinha sendo a mais disciplinada bancada da Câmara, o PMDB. Em uma ponta está o vereador que foi, no mínimo, o anfitrião do festim - Muller - no outro a parlamentar que denunciou o fato, Diana Cury.

E no meio está o vereador Dorival Mazola que, diga-se de passagem, não pode reclamar de sempre ter sido muito bem recebido no gabinete de Muller, como é bom não se esquecer.

O vereador Antonio Florindo Zanette (PL) conseguiu de novo tumultuar uma sessão com seus factóides travestidos de informação exclusiva.

Durante a votação de um processo de cancelamento de dívida ativa da mãe do vice-prefeito Airton Garcia (PST), Henriqueta Rois Garcia, Zanette disse ter documentos que comprovavam que a área em questão tinha sido apropropriada indevidamente.

Examinados os documentos, o vereador Ademir de Oliveira (PSDB) - colega de oposição e de Mesa de Zanette, portanto insuspeito - assegurou que os documentos apresentados às pressas por Zanette - talvez justamente para que não pudessem ser examinados - não só não tinham nada a ver com o processo em discussão como nada tinham a ver com as denúncias feitas pelo parlamentar.

Antecedentes

No final do ano todos se lembram que Zanette ocupou a tribuna para anunciar que o prefeito tinha sido cassado e que no outro dia, seu sócio Paulo Altomani (PSDB) iria assumir a Prefeitura. Até agora o prefeito continua no lugar e Altomani continua na vontade de sentar-se na cadeira de prefeito.

O mais curioso de tudo isto é que há poucos dias o sócio de Zanette fez publicamente elogios tanto a Airton como à mãe do vice-prefeito em entrevista no programa Intersom Debates.

Pelo jeito a estratégia desesperada da tucanada e arredores é conseguir os votos simpáticos a Airton com os elogios de Altomani e os desfavoráveis com as denúncias de Zanette. Resta saber se o eleitor vai ser otário o bastante para não perceber o truque evidente.

Pelo jeito a dupla Zanette/Altomani está levando muito a sério aquela história bíblica da mão esquerda não saber o que faz a direita...

"O sujeito vai ver o médico para um checkup. Depois dos exames, o médico volta com os resultados.

- Você tá em muito boa forma para 40 anos.

- Eu disse ter 40 anos? - pergunta o sujeito.

- Quantos anos você tem? - indaga o médico.

- Fiz 53 na semana passada.

- Puxa! E quantos anos tinha seu pai quando morreu?

- Eu disse que meu pai morreu?

- Oh, desculpe! Quantos anos tem seu pai?

- 74.

- 74? Que bom! E quantos anos tinha seu avô quando morreu?

- Eu disse que ele morreu?

- Sinto muito. E quantos anos ele tem?

- 103. E está muito bem de saúde.

- Fico feliz em saber. E seu bisavô? Morreu de que?

- Eu disse que ele tinha morrido? Ele está com 124 e vai casar na semana que vem.

- Agora já é demais! - diz o médico - Por que um homem de 124 anos iria querer casar?

- Eu disse que ele queria se casar?"

 

Pensamento do dia

"A ciência fez de nós deuses, antes mesmo de merecermos ser homens" (Rostand)

São Carlos, Segunda-feira, 03 de Abril de 2000

Alexandre Gomes é articulista do jornal Primeira Página de São Carlos (SP)