Eu pr�prio, carago!

Jo�o Amaral (*)


Fernando Gomes � um caso de aplica��o pr�tica do princ�pio de Peter, segundo o qual todos tendem a ser promovidos at� encontrarem o seu n�vel de incompet�ncia. Depois de v�rias experi�ncias, o eng.� Guterres encontrou finalmente, para a Administra��o Interna, um ministro que n�o sabe nada da mat�ria e revela uma total incapacidade para resolver os problemas.

O resultado foi que, num espa�o de um ano, sucessivos casos de criminalidade e viol�ncia mostraram que existe uma grave crise causadora de um insuport�vel sentimento de inseguran�a. Perante a crise, o ministro repete muitas vezes "eu pr�prio", mas parece um catavento, ora virado para um lado dizendo que est� tudo bem, ora vestido de general em campanha a organizar opera��es imagin�rias, como as das s�ries da TV, com imagin�rias centenas de agentes e "verdadeiras" ca�as ao homem. H� meses que esperamos as pris�es que o ministro prometeu para o dia seguinte � chacina da discoteca Luanda!

A inseguran�a tem sido associada aos imigrantes e est� a servir de justifica��o para propostas contra eles que constituem um grave atentado aos direitos humanos.

Entendamo-nos. Portugal tem um d�fice demogr�fico, como muitos outros pa�ses europeus. Estudos feitos na ONU mostram que a Europa para manter a evolu��o dos seus padr�es de vida carece de muitos imigrantes, particularmente para os empregos mais duros e mal remunerados. N�s a� os vemos, africanos ou ucranianos, nas obras de constru��o civil, a constru�rem a nossa qualidade de vida, desde as estradas �s casas.

Se a imigra��o � necess�ria, ent�o tem de haver um pol�tica que assegure condi��es humanas, respeito no trabalho e perspectivas de vida a esses imigrantes. Uma das formas para fazer uma pol�tica de imigra��o � fomentar os la�os pr�prios das comunidades de onde v�m, para que n�o se sintam desenraizados, � investir no ensino, no associativismo, na habita��o.
O que se est� a passar com a exclus�o e desenraizamento dos imigrantes, que se v� particularmente nos seus filhos, a maior parte j� nascidos em Portugal, s� mostra o completo fracasso da pol�tica de imigra��o.
Propor agora a desumana medida de importar imigrantes a prazo, aproveitar-lhes a carne durante cinco anos e depois devolver-lhe os ossos � proced�ncia, � agravar a situa��o. Ao fracasso da actual pol�tica, de imigra��o ia juntar-se um mais grave ainda sentimento de desenraizamento e de marginaliza��o. Mais uma acha para a fogueira da viol�ncia.

O Governo tem de olhar para os que fazem o pa�s com o seu trabalho como membros activos e de direito da nossa vida comum. A imigra��o tem de ser limitada e controlada, como � �bvio. � preciso acabar com o vergonhoso tr�fico de imigrantes ilegais e com a vergonhosa explora��o a que alguns patr�es sem escr�pulos sujeitam os clandestinos. Mas os que c� entram n�o s�o mercadoria. S�o pessoas. E se o Governo n�o os tratar como pessoas, como seres humanos, eles acabam a reagir. Mas quem tem a culpa? � o c�o que morde ou o "eu pr�prio" que lhe anda a atirar pedradas?

As pol�ticas de �reas como a seguran�a e a imigra��o n�o se podem entregar a ministros com o m�rito exclusivo de saberem muito sobre guerras partid�rias de poder e saberem zero sobre as pol�ticas que deviam desenvolver. Livrem-nos disto, carago!

(*) Deputado do PCP, escreve no JN, semanalmente, �s segundas-feiras

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