Um caso de pol�cia! E de pol�tica!

Hon�rio Novo (*)


Se fosse um menino em fase de transi��o para a adolesc�ncia irreverente talvez umas palmadas lhe fizessem lembrar que mentir � feio, que a verdade � um valor e que, entre homens de corpo inteiro, a palavra dada � para honrar.

Mas Carrilho n�o � menino, � ministro e deputado eleito (vejam s�) pelo Porto! Por isso - e � pena - n�o h� j� lugar a interven��o paterna...

Talvez tamb�m por isso haja quem diga que a mentira, a omiss�o e a deturpa��o com que Carrilho brindou o pa�s e os deputados, a prop�sito da Porto 2001, s�o t�o inacredit�veis e fant�sticas que dever�o ser o resultado de uma qualquer altera��o de personalidade.

Do g�nero de quem se sente frustrado com a vida que leva, sonha ser "prima-dona" das artes do espect�culo, mas, como para tal n�o tem nem lhe reconhecem qualidades m�nimas, vinga-se nos outros e no pa�s, escrevendo argumentos de terceira, produzindo espect�culos irreais, utilizando palcos que, como todos, deveriam servir para honrar a verticalidade, a transpar�ncia e a verdade.

Mas Carrilho � ministro, foi nomeado por quem formou o Governo de um pa�s adulto e n�o pode ter escolhido indiv�duos com altera��es de personalidade ou evidentes problemas de frustra��o profissional.

Por isso - e � tamb�m pena - n�o devem ser procuradas no foro m�dico as raz�es para o comportamento de Carrilho. Sendo assim, como explicar Carrilho? Quanto a mim, trata-se, apenas, de um homem (?) que mente.

Mais: que mente, que oculta e deturpa acerca da Porto 2001. F�-lo perante a Assembleia da Rep�blica, f�-lo perante o pa�s. Fazendo-o, desrespeita tudo e todos, a come�ar, talvez, por si pr�prio.

Carrilho fez acusa��es muito graves contra a gest�o da 2001: acusa��es sobre modelos de gest�o e quest�es institucionais, sobre programa��o e inexist�ncia de obras, sobre derrapagens or�amentais e sal�rios milion�rios.

Mas nada provou, nada documentou, n�o apresentou um �nico documento para suportar acusa��es. Limitou-se � ret�rica, ao bom estilo de caf�.

Quem provou o contr�rio, com pap�is, com actas, com a divulga��o de cartas pessoais e institucionais, com a entrega de tudo para refutar todas as acusa��es, foram os acusados.

Carrilho, afinal, mentiu, ocultou e deturpou. Proferiu acusa��es gratuitas para tentar esconder as suas pr�prias (ir)responsabilidades, pensando que a melhor defesa era o ataque sem nexo. N�o se trata de lavar roupa suja, como j� ouvi algu�m dizer.

Trata-se de n�o deixar branquear, sob qualquer pretexto, um comportamento indigno de homem e de governante, trata-se de defender a verdade e a democracia. Por isso, este caso deveria ser caso de pol�cia. Mas, n�o o podendo ser, � pelo menos uma caso pol�tico.

Carrilho deveria ter sido demitido, pois que, agarrado ao poder e suportado por uma reduzida e elitista corte de fi�is mas influentes seguidores, nunca o faria por iniciativa pr�pria, muito menos por aprendizagem democr�tica.

N�o tendo sido demitido, ainda acredito que o ser�, mais tarde ou mais cedo, quando quem o nomeou se quiser (ou tiver tempo de) inteirar da gravidade dos actos praticados, quando quem o nomeou se confrontar com a possibilidade da sua continua��o poder vir a comprometer a 2001, transformando-a em palco para a sua ambi��o de poder e de controle absolutos.

N�o tendo sido ainda demitido, continuo a acreditar que tal ocorrer� quando quem o nomeou verificar que desse modo far� um grande favor � bancada do pr�prio PS - que, incomodada com o estilo e os actos de Carrilho, justamente se demitiu da sua defesa.

Quando verificar que a manuten��o de Carrilho pode ferir mortalmente a t�o apregoada pol�tica de abertura a personalidades independentes. A menos que esta abertura seja apenas para "ingl�s ver" ou para independentes sem opini�o e/ou vontade pr�pria...

(*) Deputado do PCP

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