AMAPÁ - GUIANA FRANCESA
O governador João   Alberto Capiberibe distingue três fases nas relações do Amapá com a Guiana Francesa: a do conflito, a da diferença e a da cooperação e relações profundas.
A fase do conflito atravessou os séculos 18 e 19 encerrando com o acordo da Suíça em 1901. A indiferença durou desse acordo até 1995, quando Capiberibe retomou os contatos fronteiriços. A terceira fase está em curso e deve ser impulsionada com o encontro entre FHC e Jacques Chirac sobre o rio Oiapoque.
João Alberto Capiberibe e Antoine Karam, presidente do Conselho Regional da Guiana Francesa, são os principais artífices da cooperação que prevê projetos comuns no campo da pesquisa e utilização da biodiversidade, no turismo ecológico, na pesca, na saúde, na educação, no setor energético, no comércio e nas atividades culturais.

Reserva do Rio Iratapuru - Arquivo Comaru

As boas relações entre o Amapá e a Guiana Francesa começaram em 1995 e cresceram em 1996. Em fevereiro desse ano, Capiberibe cumpriu uma agenda de 22 dias em 5 países da Europa (França, Bélgica, Alemanha, Portugal e Itália), 10 dos quais passou na França mostrando o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá. O governador impressionou os altos escalões dos Ministérios do Ultra Mar, Relações Exteriores e Economistas franceses, com a proposta de uma nova política para o Amapá e a Amazônia que inclui a integração com a Guiana Francesa. Na ocasião, Capiberibe destacou o fato do Amapá ter 655 km de fronteira com a Guiana, estendendo, o conceito da fronteira à França e à União Européia.
Em maio de 1996 o governador do Amapá fez parte da comitiva de FHC que foi a França assinar o Acordo Quadro, de cooperação com o Brasil. No acordo, o artigo 6 autoriza as discussões regionais entre o Amapá e a Guiana Francesa. As discussões passaram a ser intensas na fronteira e resultaram na I Reunião Franco-Brasileira de Consultas sobre Cooperação Transfronteiriça, promovida em Brasília em 17 e 18 de setembro de 1997. A reunião definiu seis temas prioritários para a cooperação: pesquisa  desenvolvimento tecnológico, energia e transporte, desenvolvimento sustentável, saúde, educação, cultura e esportes.
A França informou a decisão de concluir, antes do ano 2000, a estrada RN2 entre Regina e Saint Georges do Oiapoque, um trecho de 70 km que falta para ligar a fronteira com Caiena, a Capital da Guiana Francesa. O Brasil prometeu pavimentar a BR - 156 de Macapá a Oiapoque. A travessia do rio Oiapoque será feita através de uma balsa; posteriormente, será construída uma ponte internacional.
As negociações recomendam o estabelecimento de transporte regular de navegação de cabotagem entre Caiena e Macapá, bem como a ligação aérea entre estas duas cidades e mais Belém, por companhias aéreas nacionais dos dois países. Expressam também a conveniência de ampliar a cooperação no tráfego e sugurança aéreos.
Uma Pequena Central Hidrelétrica deverá ser construída no lado brasileiro do rio Oiapoque com financiamento bi-nacional, que também viabilizará pesquisa sobre energias renováveis.
Quanto ao comércio bi-lateral, Brasil e França sugerem entendimentos diretos entre as micros, pequenas e médias empresas brasileiras e francesas por meio de "joint-vêtures". Para isso serão removidos os entraves administrativos e afandegários.
Em termos de cooperação técnica, científica e tecnológica, os dois países propõem examinar e ampliar os projetos em andamento que contribuam para o desenvolvimento integrado da região fronteiriça. A proteção e conservação do meio ambiente são prioridades, assim como: exploração florestal sustentável, cooperação na área do meio ambiente urbano, mineração sustentável, cartografia e zoneamento. Foram feitas recomendações para um estudo conjunto na Bacia do Oiapoque e das regiões adjacentes no Amapá e na Guiana.
O encontro aprovou o ensino do portugês na Guiana Francesa e do Francês no Estado do Amapá; a redefinição de programas pedagógicos para formação de professores; pesquisa e aplicação de tecnologias educacionais; intercâmbio cultural; educação ambiental, educação para a saúde e educação para a cidadania e formação profissional.
Em matéria de saúde pública a cooperação poderá desenvolver a telemedicina, a medicina  de urgência, combate e prevenção de epidimias, e programa de intercâmbio de paramédicos entre os hospitais de Macapá e Caiena. Experiências entre hospitais e escolas já forama iniciadas entre o Amapá e a Guiana Francesa.
A cooperação Brasil-França na fronteira sugere ainda a gricultura sustentável e familiar, a agropecuária, o setor pesqueiro e o turismo incentivando a formação de uma base produtiva no meio rural. Sugere também as ações judiciais e policiais para o controle de migração transfronteiriça e a repressão dos delitos contra o meio ambiente.

Área de proteção ambiental do rio Curiaú - Arquivo GEA

As propostas forão submetidas à aprovação dos  Ministros das Relações Exteriores do Brasil e da França durante a I Reunião da Comissão Geral Franco Brasileira que se realizou nos dia 27 e 28 de novembro /97. A II Reunião de Consultas deve realizar-se em Caiena no segundo semestre de 1998.
Para facilitar a Cooperação Internacional ao Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, o Governo do Estado criou em 1995 a Assessoria Internacional ligada ao gabinete do governador. O novo órgão passou a cuidar dos contatos e das agendas internacionais. Em novembro de 1995 o governador visitou a Guiana Francesa, oficialmente, e fevereiro de 1996 cumpriu uma agenda de 22 dias na Europa. Para trabalhar com os resultados positivos da viagem, o governador criou a Agência do Desenvolvimento Sustentável e transformou Coordenadoria Estadual do Meio Ambiente em Secretaria do Meio Ambiente.
Na viagem à Europa o Governador revelou ao velho mundo que na Amazônia existe um pequeno estado, o Amapá, que trata as populações tradicionais (castanheiros,  serigueiros e índios) com prioridade e que se preocupa com o meio ambiente. Em bruxelas, na Bélgica, encantou plateias na União Européia e no Parlamento Europeu. José Anacoreta, diretor do Departamento da América Latina garantiu a realização de um encontro internacional em Macapá com a presença de ONG's internacionais.
Na Alemanha, Capiberibe abriu portas para conseguir verbas do Programa Piloto de proteção das Florestas Tropicais do Brasil para um projeto que comtempla e entorno da reserva indígena dos Waiapí. Em Portugal foi recebido com honras de Chefe de estado pelo Presidente Mário Soares.
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