Gases irritantes são aqueles que causam irritação
na mucosa ocular, na mucosa nasal, nos pulmões, na pele, etc. Os
resultados de sua irritação são congestão,
edema, inflamação e as vezes necrose. Os sintomas mais comuns
são: ardor e lacrimejamento dos olhos, irritação da
garganta, tosse, sufocação, conjuntivite, edema da pálpebra,
salivação abundante, etc. Estas reações são
comuns a todos os gases irritantes, mas a intensidade delas varia bastante
dependendo da duração da exposição e da solubilidade
do gás.
É claro que concentrações altas de um agente irritante podem produzir danos importantes em pouco tempo. Um agente que seja altamente solúvel em água, como por exemplo a amônia, age no primeiro tecido úmido que encontrar (mucosa nasal por exemplo). Um agente de moderada solubilidade (por exemplo, cloro) em baixa concentração pode comprometer apenas os olhos e a via respiratória alta; quando em concentração alta pode comprometer todo o aparelho respiratório. Agentes de baixa solubilidade (por exemplo fosgênio e dióxido de nitrogênio) não lesam muito a via respiratória alta e chegam facilmente aos alvéolos pulmonares resultando em problemas mais graves como edema agudo do pulmão e pneumonite química.
Os agentes que passam desapercebidos e cujos efeitos são tardios, são mais perigosos que aqueles que lesam a parte alta da via respiratória, pois neste último caso, a vítima, consciente, retira-se do ambiente contaminado, protegendo-se.
São exemplos de gases irritantes, principalmente das vias respiratórias altas:
- Aldeídos (acetaldeido, formaldeído)
- Amônia
- Ácido crômico
- Ácido clorídrico
- Ácido fluorídrico
- Dióxido sulfúrico
Exemplos de gases irritantes das vias respiratórias altas e dos pulmões:
- Halógenos
- Ozona
- Brometos e cloreto de cianogênio
Exemplos de gases irritantes das vias respiratórias e dos alvéolos pulmonares:
- Tricloreto de arsênico
- Dióxido de nitrogênio
- Fosfogênio
Amônia
É um gás incolor, com odor característico e penetrante, altamente solúvel na água.
É encontrado na decomposição de matérias orgânicas e é um produto do metabolismo normal dos animais e vegetais. É largamente utilizado em refrigeração, manufaturas de gelos, na produção de sulfato e nitrato de amônia que são usados como fertilizantes, como produto de limpeza em curtumes, indústrias químicas e de corantes, etc.
Como é bastante solúvel em água, age principalmente na mucosa dos olhos e vias respiratórias altas. Pode irritar a pele.
Se a exposição for prolongada pode provocar edema agudo do pulmão, edema de glote, parada respiratória.
É mais freqüente encontrar intoxicação aguda do que a crônica.
Quando atinge a pele, seu tratamento consiste em lavagem imediata com bastante água ou solução de ácido bórico. Se a amônia irritar a via respiratória a vítima deve respirar ar fresco e inalar vapor de água quente e uma solução de mentol com clorofôrmio a 10%.
No caso de asfixia, deve-se inalar oxigênio, até que a cianose e a dispnéia desapareçam seguido de injeção subcutânea de 1cc de atropina a 1%.
Se ocorrer edema pulmonar deve-se manter a vítima quieta, aquecida e administrar oxigênio o mais cedo possível.
Para o controle dos expostos foi sugerido que se realizem dosagens de uréia plasmática e urinária (desde que não seja nefropata).
Formaldeído
É um gás incolor com odor que é reconhecível a concentrações baixas, mesmo abaixo de 1ppm. É altamente irritante e bastante solúvel em água. A baixas concentrações pode ter efeito narcótico.
Comercialmente, é encontrado em solução aquosa contendo 37-50% de formaldeído conhecido como formalina ou formol, usado como desinfetante, preservativo de matéria orgânica, etc. Nas indústrias é usado na fabricação de papel, plástico, em curtumes, etc.
É inflamável e irritante, principalmente das mucosas dos olhos e da parte alta da via respiratória. Foram descritos casos de dermatite alérgica e inflamatória devido ao contato direto com soluções ou resinas contendo formaldeído. Em grande quantidade pode provocar lacrimejamento profuso e às vezes cefaléia.
O tratamento consiste em lavagem da pele com água e sabão; nos olhos deve-se irrigar água pelo menos por 15 minutos.
Dióxido de Enxofre (SO2)
É um gás incolor, não inflamável, com odor sufocante, irritante. Combina-se rapidamente com a água para formar ácido sulfuroso e mais lentamente converte-se em ácido sulfúrico.
É utilizado para preservar materiais orgânicos na indústria de vinho; é muito encontrado nas refinarias de petróleo, fábrica de ácido sulfúrico, em fundições, inseticidas, etc.
Seu efeito irritativo é devido à formação de ácido sulfuroso e sulfúrico. A intoxicação aguda por inalação de altas concentrações de dióxido de enxofre resulta em irritação da conjuntiva e da via respiratória alta com dispnéia e cianose, seguida de perturbações mentais. Pode ocorrer morte por sufocação devido ao espasmo reflexo da laringe ou constricção dos brônquios.
Na intoxicação crônica produz sensação de queimadura, sequidão, e dor no nariz e na fronte, epistaxe, tosse, lacrimejamento, náuseas, vômitos etc. Pessoas expostas por muito tempo a altas concentrações de dióxido de enxofre, podem apresentar pneumoesclerose tóxica acompanhada de enfisema.
O dióxido de enxofre pode causar irritação da pele e descamação. O contato direto com o olho pode causar cegueira.
Cloro (CL2)
E um gás com forte cheiro, irritante, de cor verde, amarelado. É percebida a sua presença mesmo a baixas concentrações.
É usado na indústria têxtil, indústrias de papel, de corantes, refinações de petróleo.
Tem propriedades desinfetante e branqueadora.
O cloro irrita a via respiratória. Quando em contato com a água forma o ácido clorídrico que tem ação cáustica sobre os tecidos (causando queimaduras). A altas concentrações age como asfixiante, podendo chegar aos alvéolos e originar edema agudo dos pulmões. Portanto, as conseqüências da intoxicação por cloro dependem do tempo da exposição e da concentração. Podemos classificar os efeitos em quatro formas: