A Filosofia e Evolução das
Idéias do Paradoxo Bíblico
 
 
 
 

         1. Quando eu Era Católico

         De 1950 a l960, eu fui católico praticante: de 1955 a 1960, quando completei 20 anos de idade, fui membro da Congregação Mariana  e da Legião de Maria, assistia à missa e comungava diariamente, às vezes exercia as funções de sacristão, na Catedral  Metropolitana  de Uberaba. Até então, a vida me parecia perfeitamente explicável pelos ensinamentos bíblicos, teológicos e religiosos. Eu acreditava que a Criação do Mundo ocorrera   exatamente como descrita no livro Gênesis: que Deus tirou o mundo do “nada”, em seis dias, tendo-se descansado, no sétimo dia, de “toda a sua obra”. Eu acreditava que Moisés fora o autor do Pentateuco, quando cumpria as ordens divinas. Aquilo me levava a pensar que a criação  do  mundo começara na Terra, e nosso planeta era o único  mundo habitado por seres  inteligentes.
         Mas a minha crença no “demônio”, na “condenação eterna”, na “cólera de Deus” produziram efeitos decisivos na minha maneira de pensar e de sentir: garantida a minha “salvação individual” – pensava eu – pouco me cabia preocupar com a sorte espiritual das  outras pessoas. Mesmo a perspectiva de ver separados, para sempre, os entes amados, por não terem sabido  conquistar a salvação, não me causava indignação.

         2. Meus Primeiros Passos de Estudante

         Certa feita, acompanhamos uma “procissão”, quando todos os fiéis rezavam pedindo chuvas, mas a chuva não veio. Analisando o caso, descobri que não era tempo de chuvas. Outra vez, ouvi falar sobre a “enchente de São José , que vem, invariavelmente, entre l9 e 21 de Março. Entretanto, vim a descobrir que aquela enchente é provocada pela mudança de estação, do Verão para o Outono, no Hemisfério Sul, e nada tem a ver com São José, que viveu há dois mil anos atrás.
         Em 1957, eu comecei a cursar o “Curso Científico”, paralelo ao atual  segundo grau, e minhas convicções religiosas começaram a diminuir. Um professor ensinou, durante uma aula, que “o Sistema Geocêntrico”, do cônego Cláudio Ptolomeu, que considerava a Terra como centro do Universo, foi aceito durante l 500 anos só porque fortalecia a interpretação literal do texto de Gênesis; mas que o “Sistema Heliocêntrico”, de Copérnico, o destronou para sempre.
         Outra vez, ouvi um professor ensinando que “o Sol é apenas u ma estrela de quinta grandeza; que há bilhões e bilhões de estrelas, planetas e satélites, preenchendo o vasto Oceano Cósmico. Eu ainda não sabia se, em Astronomia, “grandeza” significasse  importância, volume ou luminosidade, porém, pude tirar uma conclusão incontestável: se a Astronomia estiver certa, deve haver – necessariamente – pelo menos quatro sóis importantes, maiores ou mais luminosos do que a Terra. E isso confundia minha crença no texto bíblico. Parecia-me que a fé científica, ensinada pelos homens, estava lógica e racional do que minha fé bíblico-religiosa, atribuída a Deus.
         Eu já percebia um inconciliável conflito entre a fé religiosa e a fé científica. Era difícil  entender aquilo, por isso, isso, comecei a ler e a pesquisar tudo que. sobre o assunto, me chegava  às mãos. E, durante 30 anos, minha principal tarefa foi a de esclarecer-me essas contradições. Afinal, o que estaria errado – a Bíblia ou a Ciência, isto é, a palavra de Deus ou a dos homens ? Não teria Deus ordenado a Moisés que escrevesse os cinco primeiros livros da Bíblia ? Ou será que a Bíblia não era a palavra de Deus?

         3. Pesquisando o Antigo Testamento

         No início, eu ainda tentava conciliar minha fé bíblico religiosa, que eu aprendera como provinda de Deus, com os ensinamentos científicos, descobertos pelos seres humanos. Mas um assunto me levava a outro, aquele a outro, e assim por diante, até decifrar todo o mistério. O que estaria errado – a palavra de Deus, ou as descobertas da razão humana ? Seriam os  livros do Pentateuco de autoria de Moisés? Seria, realmente, a Bíblia a palavra de Deus?

         I. O período da “tradição oral”

         Embora continuasse acreditando na origem divina da Bíblia, bom como na autoria mosaica do Pentateuco, a primeira hipótese que aventei, foi da existência de um longo período de Tradição Oral, de Moisés até à invenção do papel. Embora pudesse ter havido material  de escrita nos tempos de Moisés, sem dúvida, o texto passou –necessariamente – por milhares de cópias, traduções, interpretações e comentários, acabando por se desviar da verdade original. A existência daquelas incoerências, contradições e absurdos, nos textos bíblicos, só se explicariam se admitíssemos várias influências sofridas no correr dos milênios. Inegavelmente,  O texto teria sofrido alterações, adaptações ,modificações  e até adulterações conscientes.

         II. Mas Teria, realmente, Moisés escrito os cinco primeiros livros da Bíblia ?

         Eu precisava provar, a mim mesmo, que a Bíblia era de origem divina e que Moisés escrevera o Pentateuco, e que foram os homens –no correr dos milênios –que encheram a Bíblia de tantas contradições e absurdos. Por isso, fui buscar na História dos povos, algumas informações as, para me sair daquele impasse.
         O papiro- Eu vim a saber que, de uma planta que brotava às margens do Rio Nilo, no Egito, cerca de 3.600 anos aC – criaram o “Papiro”; mas que, devido à sua escassez e raridade, o papiro só era utilizado pelos faraós, ou reis do Egito. A cultura popular não desfrutava de semelhante luxo!
         Nos tempos de Moisés, cerca de 1.500 anos antes de Cristo, não havia material de escrita disponível. Qualquer tipo de escrita deveria ser feita, necessariamente, em “tijolos de barro, lâminas de pedra ou cascas de árvores.
         Deus escreveu os l0 Mandamentos em lâminas de pedras: Eu tive uma comprovação bíblica de que, naqueles tempos, não havia outro material para escrita:  Ensina o texto de êxodo-31:l8 que “Deus escreveu, em duas lâminas de pedras as 10 palavras do Testamento”, e que Moisés recebeu as duas lâminas de pedras, escritas pelo próprio dedo de Deus. Então, eu pude tirar uma conclusão inevitável:  Se o texto bíblico for verdadeiro, devemos concluir que – se, naqueles tempos, não havia material adequado para Deus escrever os l0 Mandamentos, como poderia haver para Moisés escrever os 5 livros do Pentateuco?  Desse modo, ou o texto bíblico é verdadeiro ou falso: se é falso, é razoável pensar que também outros textos bíblicos o sejam; e se for verdadeiro, não havia material para Deus, nem Moisés nem ninguém escrever. E, se Moisés foi o autor dos 5  primeiros livros bíblicos, ele só poderia tê-los escrito com os materiais disponíveis na época , ou seja, tijolos de barro, lâminas de pedra ou cascas de árvores. Ou serão falsos os textos do Êxodo?
         À procura da “terra prometida”- O próprio livro de Êxodo ensina que, depois de sair do Monte Sinai, Moisés perambulou – durante 40 anos – chefiando um exército de mais de 600 mil soldados rebeldes e indisciplinados, pelos  desertos, à  procura da “terra prometida”. Eu nunca vi um deserto, na minha vida, mas não creio que ele tivesse encontrado “tijolos de barro, laminas de pedra ou cascas de árvores para escrever os 5 volumosos primeiros livros da Bíblia.
         Minha fé na origem divina da Bíblia, quanto na autoria mosaica do Pentateuco, já não era a mesma de antes, nem tão firme e inabalável como eu supunha.
         O rei Josias e a primeira  tentativa de seleção das tradições orais judaicas. Há historiador afirmando que aquela reforma religiosa, feita pelo rei Josias, em  622/621 aC, foi a primeira depuração das tradições orais anteriores, e que aquele livro “encontrado pelo sacerdote” foi uma redação sua mesmo.

         4. Influências Estrangeiras  Sofridas pelos textos Bíblicos

         A História mostra a existência de inumeráveis povos, culturas e religiões, que existiram antes de Moisés, e os textos bíblicos mostram essas mesmas crenças. Teria o “deus de Israel” se revelado a outros povos, antes de revelar- se  ao chamado “povo de Deus”? Ou teria Moisés, ou alguém em seu nome, se aproveitado daquelas crenças, quando da codificação do  Livro da Lei?
         Esdras e a segunda tentativa de unificação das traições-  Há historiador que também opinam ser aquele “livro da lei”, mencionado pelo sacerdote Esdras, quando os judeus voltavam do Cativeiro da Babilônia, em 538 aC, teria sido a Segunda tentativa de unificação da tradição oral.
         Descobertas da ciência bíblica alemã- Eu vim a saber, através dos livros religiosos, que nos dois últimos séculos, a ciência alemã, que atingiu seu apogeu com Wellhausen, decompôs  os textos do  Pentateuco e analisou-o, chegando à conclusão que “as antigas tradições culturais e religiosas dos hebreus e israelitas foram transmitidas oralmente, através de 4 correntes literário- teológicas, de fontes e datas diversas, e que mais tarde receberam os nomes de “corrente Javeísta, Eloísta, Deuteronômica e Sacerdotal, representadas pelas siglas “J-E-D-P”;  que só no ano 400 aC, elas foram unificadas num conjunto único que conhecemos hoje como “Pentateuco”. Um grande historiador da religião escreveu que “a tradição que atribui a Moisés a autoria do Pentateuco só vigorou após o Cativeiro da Babilônia.
         À procura de novos materiais para se escrever- Diante daquelas dificuldades de escrever, em virtude da falta de materiais adequados, começaram a procurar outra alternativa, o correndo a invenção do “pergaminho”.
         A invenção do  Pergaminho- Eu aprendi que foi em Pérgamo, no ano 200 aC. sob o rei Eumênio, que descobriram o processo de um novo material para escrita, feito de peles de cabra ou vitela; e esse processo recebeu o nome de “pergaminho”, em homenagem à cidade e ao rei.
         Nos tempos de Jesus, não havia outro material para se escrever, nem a cultura popular o exigia, pois a religião  dirigia a vida e a morte das pessoas. Eu descobri que Jesus mesmo não deixou se quer uma palavra escrita.
         A invenção do “papel” é chinesa, e data do ano 1000 dC; entretanto, não teve uso imediato, pois estávamos em plena Idade Média. A história nos ensina  que “o papel só se espalhou pela Europa depois da invenção da imprensa metálica, por Guttenberg, em l440 dC. Só entre 1440/1450 foram impressas as primeiras Bíblias no papel.
         A Igreja define, durante o Concílio de Trento, da Contra-Reforma, qual é a Bíblia por ela considerada de origem divina, depois da votação da maioria dos Bispos ali presentes; nessa oportunidade, ela definiu quais os livros fazem parte da Bíblia, considerados de origem divina, e quais eram apócrifos. Eis por que nem todas as Bíblias possuem os mesmos livros, ou por que eles diferem de nomes.

         5. As Bíblias Comparadas

         Aproveitando os meus conhecimentos lingüisticos da época, decidi fazer uma comparação do texto que havia selecionado da Bíblia Católica, em português, do padre Matos Soares , com o texto correspondente da Bíblia Protestante, de João Ferreira de Almeida, também em português. Em seguida, comparei aqueles textos com os das Bíblia em espanhol, em francês, em italiano, em inglês, em Esperanto e, finalmente, com o texto da Vulgata Latina. Segundo alguns exegetas, mesmo depois da invenção da imprensa e do Concílio de Trento, é humanamente impossível encontrarem-se duas Bíblias exatamente iguais: elas diferem de uma língua para outra, de uma religião para outra, de um editor para outro e até de uma edição para outra. E, na modesta comparação que fizemos, pudemos verificar parte dessa verdade.
         Moisés, efetivamente, não podia ter escrito os cinco volumosos primeiros livros da Bíblia, que hoje lhe são atribuídos! Na minha opinião de humilde estudante, se –no começo, tivesse sido a Bíblia a fiel palavra de Deus, hoje já não o seria mais: através dos tempos (3.500 anos), ela teria sofrido tantas mudanças, alterações, adaptações e até adulterações, que não podia ser considerada hoje a palavra de Deus.
         O desencanto do Antigo Testamento – Por tudo isso, minha credibilidade na fidelidade da Bíblia, bem como na Teologia que nela se baseava, fui se esvaindo. Ora, eu ainda acreditava na origem divina do Novo Testamento, embora ciente de que ele se baseia nos livros do Antigo Testamento, eu me senti com o direito de proceder a uma análise, rigorosa como a do Antigo Testamento, também nos textos neotestamentários. Sem dúvida, os textos deste Testamento também estiveram sujeitos às deficiências humanas e aos dentes implacáveis do tempo.

         6. Pesquisando o Novo Testamento

         Uma respeitosa análise textual do Novo Testamento não deixou de causar-me surpresas e decepções. Aqui também há tantas contradições, incoerências e absurdos quanto no Antigo Testamento. È difícil acreditar que, por tantos anos, nós líamos a Bíblia como de origem divina, sem percebermos isso! Mas o que muito nos impressionou foi o fato de nem sempre a teologia  concordar nem ser coerente com os textos em que se fundamenta. Se temos argumentos para afirmar que o Novo Testamento não e fiel aos ensinamentos de JESUS, temos também para provar que a Teologia e o Magistério Eclesiástico também muito se afastam dele. Separamos textos neotestamentários para provar, por exemplo:
         .Que Maria e José coabitaram (Ev.Mat-I:18-25): Que tiveram outros filhos e filhas, além de Jesus: que as textos citados pelas religiões, para provarem a “ressurreição corporal” de Jesus, são insuficientes, impróprio e frágeis para provar a pretensão. O texto de I Cor. 15:l3, por exemplo, ensina que o próprio Paulo não estava bem certo da ressurreição física do Mestre. Em 1 Cor.15, ele escreveu: 14, E, se o Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação...42, Assim também é a ressurreição dos mortos: semeia (o  corpo) corruptível ,ressuscitará um corpo espiritual. Se há corpo animal, também há corpo espiritual, como está escrito”.
         Falava mesmo Deus com os patriarcas? No AT encontramos duas correntes contraditórias: Uma afirma que Deus falava pessoalmente com os Patriarcas; que “Moisés falava com Deus, como um homem costuma falar a um amigo; outra corrente, pelo contrário, afirma que “ninguém pode ver Deus e continuar vivendo”. Entretanto, no Novo Testamento, encontramos, em 1 João-4:l2, o Apóstolo ensinando, peremptoriamente, que “ninguém jamais viu a Deus”. Em qual dos textos Bíblicos devemos crer? Não se baseia toda a Bíblia no pressuposto de que “Deus se revelou pessoalmente aos homens?
         Em louvor a Jesus e a Maria – Para nós, Jesus não foi a Encarnação Divina; não foi tentado pelo ”demônio”, porque não existe o Demônio (ou adversário de Deus); não” desceu aos infernos, para pregar aos mortos, pois não existe “inferno”, nem adiantaria, porque – segundo à Teologia – os mortos já teriam sido definitiva e irrecorrivelmente julgados, para todo o sempre no “juízo particular”. Jesus foi apenas um espírito puro e evoluído, que desceu a este mundo primitivo, para dar-nos as lições salvadoras do amor e solidariedade, com seu próprio exemplo.
         Maria foi a mulher mais merecedora de trazer, nas próprias entranhas, o futuro menino- Jesus, mas foi uma esposa cumpridora de seus deveres de esposa e de mãe. Foi em 53l, no Concílio de  Êfeso , que a Igreja decretou ser Maria “Mãe de Deus”; e foi só em 1854 que o papa Pio IX decretou que “Maria nasceu sem a mácula do  pecado original”. Ela concedeu a Maria um privilégio que não  foi concedido nem ao próprio Jesus, que sua   teologia considera Deus Encarnado. Mas Jesus e Maria são demasiadamente grandes perfeitos para necessitarem de nossas invenções  teológicas para serem amados e louvados.

         7. Pesquisando o Cristianismo

         O Cristianismo à luz da lingüística e dos textos bíblicos- Logo de início, fiquei surpreso ao saber que, etimologicamente, “Cristi-an-ismo” significa “a doutrina dos seguidores do Cristo”, isto é, daqueles que acreditam na divindade de Jesus: e não necessariamente “a doutrina de Jesus”, que, etimologicamente, seria “Jesu-ismo”. Eu vim a saber que Jesus não se chamava “Jesus Cristo”, mas simplesmente Jesus, e que a palavra “Cristo” vem do grego e significa “o ungido, o enviado  de Deus”, e tem uma conotação teológica e religiosa. Aprendi que João Batista não tinha aquele nome, mas “batista” indica uma profissão, uma ocupação habitual, e João Batista quer dizer “João, aquele que batiza”.
         Ora, isso muda completamente o conceito que antes fazíamos do Novo Testamento, no Cristianismo e na Igreja.
         Nós viemos a saber, também, que Jesus viveu na longínqua Palestina, mas que a Itália adotou a religião que nascia com os seguidores de Jesus, converteu-a na Igreja de Roma e, com o tempo, levou-a a todos os cantos onde mandava o Império Romano; que o papado foi juridicamente instituído, em 607 dC, sob o Imperador Focas; e  que foi somente a partir do século  x  que ela recebeu o título de “católica’, isto é “universal”. Entre milhares de outras coisas, aprendemos, também, que, na “reforma do Catecismo Cristão”, feito em l992, Sua Santidade- o Papa João Pulo II – alterou o dogma do credo apostólico “desceu aos infernos” para “desceu à mansão dos mortos”.

         8. As Chamadas Igrejas Cristãs”.

         Eu aprendi que, na verdade, o Protestantismo é a mesma Igreja Católica Reformada por Lutero, e continuada por outros; por isso, se fundamentam praticamente sobre os mesmos alicerces – isto é, a Bíblia – e  por isso, têm tanta coisa em comum: ambas pregam a existência do demônio, da unicidade de existência; acreditam na ressurreição, na redenção dos pecados humanos pelo sangue de Cristo; acreditam no Espírito Santo e aguardam a “Segunda vinda de Jesus”. A diferença mais acentuada está em que o Protestantismo não acredita no purgatório, nas indulgências, na hierarquia religiosa, no celibato e nem na autoridade da Igreja para interpretar a Bíblia; segundo eles, cada crente pode ler a Bíblia e interpretá-la individualmente, pois será inspirado pelo Espirito Santo ao lê-la.
         Essa identidade de crença na Bíblia e em alguns princípios católicos leva o catolicismo e o protestantismo a serem tão radicalmente refratários aos  ensinamentos publicados por Allan Kardec e  que receberam o nome de “Doutrina dos Espíritos ”.Tanto a Igreja Católica, quanto as Igrejas Protestantes, tentam provar que, nas páginas da Bíblia, Deus teria proibido o que elas chamam de “espiritismo”.
         A intolerância religiosa – Dirigidas por homens, as Igrejas muitas vezes
têm se deixado levar por interesses e idéias corporativistas, o que as impedem de acompanhar a evolução mental e científica da humanidade. A história registrou funestos acontecimentos tolerados ou provocados em nome de Deus, como as Cruzadas Religiosas, o Tribunal da Inquisição, os Autos-de-fés, as guerras-religiosas, as perseguições aos pesquisadores e cientistas, culminando com uma “Campanha  Católica Antiespírita”.Há quem diga que, nos últimos dois mil anos de “Cristi-an-ismo” .muitas injustiça se têm cometido em nome de Cristo.
         À espera da Segunda vinda de Cristo  -  Tanto a Igreja Católica, quanto as Igreja Protestantes, acreditam que  Jesus prometeu “enviar o Espírito Santo, o Consolador Prometido, o Perácleto, o Espírito da Verdade”, para ficar eternamente com os homens. Ainda hoje, milhões de crentes, pelo mundo inteiro, aguardam “Jesus” de volta. Embora haja diversas traduções, todas elas não deixam de falar em “Espírito da Verdade, ou Consolador Prometido”.
         Um estudo sério e independente, do problema, levou-nos à conclusão de que, conforme o próprio leitor pode ver – na pequena mostra do capítulo 2.3.0,- o conjunto de ensinamentos trazidos pelos Espíritos, isto é, pela Doutrina dos Espíritos (ou Espiritismo), possui todas as características das promessas feitas por Jesus; e o próprio  espírito que chefiava aquela plêiade de espíritos, que provocaram os  famosos fenômenos das “mesas girantes”, que culminaram com a codificação dos ensinos dos Espíritos, se identificou como “Espírito da Verdade”. Em diversas mensagens recebidas, no século passado e incluídas no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, como as do capítulo vi, nos levam a identificá-lo como o próprio Jesus, que já voltou em Espírito.
         Entretanto, sem medir as conseqüências que disso pudesse advir, a Campanha Católica antiespírita fez tudo para confundir a mente de seus fiéis, misturando “Animismo com Espiritismo”. Ora, Animismo é um fenômeno anímico, da alma; ele consiste na evocação dos espíritos, na  magia, no encantamento, na adivinhação, na aparição dos fantasmas, na  revelação de coisas o cultas e na indagação dos mortos sobre o futuro. Ora, estando o animismo conforme às leis da natureza, existiram em todos os tempos e lugares, sem se cogitar de religião e de suas conseqüências; está registrado em todos os livros religiosos do passado e do presente, inclusive nas páginas do AT. Segundo às igrejas ditas cristãs, essas coisas foram proibidas por Deus nas páginas da Bíblia.
         Ora, Etimologicamente, “Espirit-ismo” quer dizer “doutrina, ensinamentos, conjunto de ensinamentos dos Espíritos”, ensinamentos esses que se encontram publicados nas Obras Básicas da Codificação feita por Allan Kardek, na França, entre 1857-1868. Um dos mais brilhantes e importantes membros da Campanha da Igreja., contra a Doutrina dos Espíritos, escreveu que “em 1857, Allan Kardec publicava, na França, “o Livro dos Espíritos”, e com aquela obra surgia, pela primeira vez, na história da humanidade, a palavra “Espiritismo”. Como, pois,  tentar confundir “animismo com Doutrina dos Espíritos”? Como acreditarmos que Deus, ou qualquer uma pessoa sensata, pudesse ter proibido ou condenado “a Doutrina, os Ensinamentos dos Espíritos “,antes que eles fossem revelados? No capitulo 2.5.0,o leitor acompanha todos os argumentos e raciocínios utilizados para “tentar desmascarar o Espiritismo”, ao mesmo tempo em que impedia a humanidade de adquirir conhecimentos  diretamente do Mundo Invisível. A esse respeito, nossas conclusões se apresentam tão reveladoras e impactantes para serem  feitas por um ex-católico.

         9. De volta aos textos Bíblicos

         Eu descobri, ainda, que muito antes de Moisés, brilhantes povos, culturas e religiões já haviam surgido, atingido o seu apogeu e até desaparecido. Entretanto, essas mesmas crenças, lendas e religiões se encontram nas páginas da Bíblia. Verificou-se que também  crenças, lendas e mitos religiosos de povos que viveram depois de Moisés também se encontram misturados aos textos bíblicos. Teria o Deus de Israel  se manifestado, também, aos não- judeus? Ou seriam essas crenças incorporadas ao acervo cultural dos judeus  quando da passagem da tradição oral para a fase escrita ?
         Mas, analisando, meticulosamente, o caráter e as palavras atribuídas àquele “deus bíblico”, chegamos a conclusões desconsoladoras:

         - O personagem bíblico não era um só, porque se mostra diferente na passagem de um livro bíblico para o outro. O que falava através de Isaías não era o mesmo que havia falado desde o livro Gênese. O primeiro exigia uma hecatombe de oferendas, vítimas sangrentas e holocaustos, para aplacar a ira e vingança de Deus: já aquele Deus, retratado por Isaías, abominava, detestava e excomungava as oferendas. No livro de Isaías, aquele  personagem chega a afirmar que “Vossos holocaustos e vossas vítimas me aborrecem...Eu nunca falei a vossos pais sobre vítimas e oferendas”.
         - Aquele Deus era muito temperamental, instável, inseguro, vingativo, injusto e beligerante. Ora, uma entidade tão irascível, tão medrosa dos “deuses estrangeiros”, e que ordenava a invasão, o esbulho, a expropriação, a pilhagem, a emboscada, o incêndio e massacre dos seus “inimigos ou adversários”, não podia ser Deus. Ele não possuía  os atributos essenciais da Divindade Suprema do Universo, logo não era Deus. Aliás, além de não possuir os atributos essenciais da Divindade Suprema do Universo, aquele “deus bíblico” possuía tantos defeitos e vicissitudes que sequer pode ser considerado uma entidade espiritual pura e evoluída! No  Livro de José, os textos selecionados por nós provam, à saciedade, que ele nunca foi Deus.
         - E se aquele personagem bíblico nunca foi Deus, mudam os rumos de toda nossa  crença bíblica e religiosa ocidental. Todas as teologias, filosofias e religiões que se fundamentam no antigo conceito de que Deus falava pessoalmente aos patriarcas, ficam em desfavor.

         10. Necessidade, oportunidade a Autoridade do “Paradoxo Bíblico”

         Ninguém  ignora que as estruturas morais e sociais de nossa civilização se encontram abaladas, corrompidas e apodrecidas; e a causa primeira disso foi a perda da fé em Deus, a descrença nos ensinamentos religiosos e morais. E, em conseqüência disso, desaparece a proteção e o exemplo, rompem-se os laços de família , que é o único  suporte verdadeiro da  sociedade e da civilização.
         Neste mundo de cépticos, de materialistas, de oportunistas, de indiferentes morais, temos o dever de nos preocuparmos com o futuro do indivíduo, da família e da própria Civilização. E, como ex-católico, eu me sinto com o direito de vir convidar os seres humanos, nossos irmãos, para refazerem os fundamentos de suas crenças e fés religiosas. Antes que seja tarde demais, vamos deixar de hipocrisia, de imediatismo e de indiferentismo moral!
         Como estudante da História, e como ex-católico, eu tenho o dever de reconhecer que, durante l9 séculos, a Igreja foi a respeitável Senhora da alma e da consciência da humanidade; mesmo alicerçada em princípios arcaicos e pré-científicos, ela conseguiu fazer-se a protetora, defensora e instrutora das almas aflitas. Mas a humanidade tornou-se adulta e perdeu a fé ao descobrir a precariedade da fé religiosa; agora, deve ser educada com métodos  mais condizentes com o seu atual estágio de evolução. Só a crença na Reencarnação, na Lei da Causa e Efeito e na sobrevivência  dos sentimentos pode substituir as sanções sobrenaturais!
         O “Paradoxo Bíblico” é um choque de alta voltagem, que visa  despertar o ser humano para a responsabilidade moral e espiritual; é uma convocação  para que todos venham meditar conosco, à procura de uma nova ética capaz de construir um Mundo Melhor. Se algum editor que se identifica com as nossas ideias, favor comunicar-se conosco.
 

Eurípedes Martins
 

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