O ressentimento não é somente
um peso morto, à feição de chumbo na flama alígera de nossa prece, compelindo-a
a descer, anulada, nas sombras da frustração, e, em verdade, nem é apenas o
tóxico que envenena a membrana gástrica, provocando moléstias de abordagem
difícil...
É também o fermento da treva
que, a exteriorizar-se de melindres inconseqüentes, avança qual projétil
invisível sobre companheiros invigilantes. debuxando as linhas de lama em que a
maledicência e a calúnia proliferam sem peias, ferindo almas e consciências,
tanto quanto depredando ou destruindo instituições generosas e veneráveis que
nos rogam compreensão e devotamento a fim de que produzam redenção e progresso
no campo da Humanidade .
Cada vez que o desgosto te
bata à porta, aprende a esquecê-lo com toda a alma.
Lembra-te de que todos somos
devedores insolventes da Tolerância Divina e que, por isso mesmo, em nossas
imperfeições e fraquezas, não prescindimos da caridade recíproca, a fim de que
nos mantenhamos de pé.
Jamais olvidemos quão
profunda é a nossa dificuldade para retificar em nós mesmos as
qualidades que nos desagradam nos outros e banhemos o pensamento no grande
amor, para que a fraternidade real nos abençoe o caminho.
Seja qual for o grau da
ofensa recebida, não te esqueças de que somente a fonte do perdão irrestrito
possui bastante poder para extinguir o lodo da miséria e da ignorância, porquanto,
pretendendo fazer-nos justiça, com a força das próprias mãos, invariavelmente
caímos na delinqüência e no desespero que nos agravam a detenção nas cadeias do
crime ou nas algemas da crueldade.
(Página recebida pelo médium
Francisco Cândido Xavier na reunião publica da noite de 20-12-1957.)