Problema conosco
Emmanuel
Não os criaria Deus, à
parte.
Os gênios perversos das
interpretações religiosas somos nós mesmos, quando adotamos conscientemente a
crueldade por trilha de ação.
Observa as lágrimas dos
órfãos e das viúvas, ao desamparo.
Há quem as faça correr.
Repara os apetrechos de
guerra, estruturados para assaltar populações indefesas.
Há quem os organize.
Anota as rebeliões que se
transfiguram em crimes.
Há quem as prepare.
Pensa nos delitos que
levantam as penitenciárias de sofrimento.
Há quem os promova.
Medita nas indústrias do
aborto.
Há quem as garanta.
Pondera quanto aos movimentos
endinheirados do lenocínio,
Há quem os resguarde.
Reflete nos mercados de
entorpecentes.
Há quem os explore.
Enunciando, porém,
semelhantes verdades, não acusamos senão a nós mesmos.
A condição moral da Terra é o
nosso reflexo coletivo.
Todos temos acertos e
desacertos.
Todos possuímos sombra e luz.
Consciências encarnadas em
desvario fazem os desvarios da esfera humana.
Consciências desencarnadas em
desequilíbrio geram os desequilíbrios da esfera espiritual.
É por isso que Jesus assevera:
“Ninguém entrará no reino de Deus sem nascer de novo”.
E Kardec acentua: “Nascer,
viver, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei”.
Em suma, isso quer dizer que
ninguém conseguirá desertar da luta evolutiva.
Continuemos, pois, vigilantes
no serviço do próprio burilamento, na certeza de que o amor puro liquidará os
infernos, quando nós, que temos sido inteligências transviadas, nos domínios da
ignorância, estivermos sublimados pela força da educação.
(24-1-1964)