À medida que as idéias enobrecidas
adquirem notoriedade e passam a ser aceitas pelas multidões experimentam o
risco de perder em profundidade o alto conteúdo de que se revestem, pelo que
adquirem em superficialidade.
De imediato, aparecem intérpretes
de ocasião para lhes darem novas informações, adaptando-as ao próprio
temperamento, ao raciocínio e à maneira como conduzem a existência.
Alguns, mais exaltados,
preocupam-se em defendê-las, organizando sistemas e ortodoxias nos quais as
aprisionam, tornando-se os únicos em condições de bem entendê-las.
Outros, mais cômodos, buscam
enxertar-lhes modismos, em tentativas de atualizá-las, desfigurando-lhes as
lições, que passam a adaptar-se às paixões e condicionamentos da sua
irresponsabilidade moral.
Diversos propõem reformulações ao
sabor da sua óptica, encontrando erros e conceitos que afirmam ultrapassados,
de forma que a jactância e a presunção pessoal elejam-nos como reformadores,
todavia, perfeitamente dispensáveis.
Assim aconteceu com o pensamento
de Jesus, tanto quanto com diversas doutrinas libertadoras de consciência e de
sentimentos,
O Espiritismo não poderia, ficar
indene a essa tendência modernista e transformadora da inquietação mental
humana.
Mesmo sem um conhecimento real e
profundo dos seus postulados científicos, das suas explicações filosóficas e da
sua ética morai e religiosa, pessoas inadvertidas investem com freqüência,
apresentando teses ingênuas e passadistas, métodos profanos transitórios,
recursos culturais apressados, desejosos de introduzi-los no Movimento, sempre
ávido de novidades, porque constituído por indivíduos quase sempre desequipados
do conhecimento doutrinário, em trânsito ligeiro pelas suas fileiras.
Adentram-se pela Casa Espírita
essas pessoas, travam contato com a Doutrina rapidamente e sentem-se
credenciadas a propor reformulações e mudanças, apêndices de outras crenças em
voga; com a mesma facilidade. desvinculam-se do compromisso, quando não aceitas
as suas sugestões, nem aplicadas as suas propostas.
O Espiritismo é uma Doutrina
granítica, em face da estrutura da Codificação.
É verdade que aceita todas as
contribuições do progresso, que a Ciência confirma, porém, mantendo a sua
estrutura especial, por proceder da Imortalidade para a Terra e não desta para
aquela.
Certamente, grande número de
adeptos sinceros, que mourejam nas suas fileiras, constituem segurança para o
comportamento doutrinário, sereno e convicto, sem as alterações oscilantes
daqueles que se comprazem com as novidades de breve duração.
Por isso mesmo, o compromisso com
o Espiritismo leva a atitudes de fidelidade, de integração nos seus postulados,
pautando a conduta nas diretrizes morais que estabelece como recurso
iluminativo e libertador.
Existem, e multiplicam-se, admiráveis
conquistas do conhecimento e do progresso da humanidade, que vêm contribuindo
para a transformação da sociedade e do Mundo para melhor.
São
esforços grandiosos de missionários comprometidos com diferentes áreas do
processo da evolução, promovendo o ser humano e o Planeta.
Respeitando-os,
no entanto, no labor que desenvolvem, evite-se trazer para a Casa Espírita as
suas realizações, que podem desviar do compromisso primordial com a própria
Doutrina aqueles que lhe estão vinculados.
Ajude-se,
quanto se puder, porém estabeleçam-se critérios de aplicação, para cada
atividade no seu lugar, de modo que se não dividam os trabalhadores em grupos e
facções competitivos, arregimentando membros para as suas respectivas áreas.
Afirmando
e demonstrando a imortalidade da alma e a Justiça Divina, o Espiritismo
mergulha a sonda das indagações no organismo das Ciências e, remontando às
causas da Vida, estabelece as linhas éticas para o comportamento feliz,
trabalhando o ser integral, indestrutível, sem cuidar apenas de uma das suas
partes, por mais importante pareça.
Não
comportam na inteireza doutrinária adenda salvacionista, contribuições
simplistas de soluções apressadas, aplicações de fórmulas de ocasião.
Entre os
seus ensinamentos está a Lei de Causa e Efeito, que o amor e a caridade
conduzem com sabedoria, em proveito da criatura.
A
integração doutrinária, portanto, neste momento de expansão dos postulados
espíritas, faz-se imprescindível, a fim de ser preservada a qualidade da sua
mensagem, mesmo que em detrimento da quantidade dos seus adeptos.
O Espiritismo é a grande luz que
verte do Alto para libertar os homens da ignorância, do fanatismo, da
incredulidade, levando-os de volta a Deus, à comunhão harmônica com a
Consciência Cósmica.
(Página psicografada pelo
médium Divaldo P. Franco em 6 de novembro de 1995 no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador-BA. Publicada em Reformador, abril 1996, p. 101.)