Ilustração de uma folha de centeio

LSD (ácido lisérgico dietilamida)


História

O LSD é a melhor conhecida das indolaminas. Foi sintetizado pela primeira vez em 1938 por Albert Hofmann, um químico que trabalhava para a Sandoz, que na altura era uma pequena companhia.

Ele sintetizou-a a partir da cravagem ou morrão, Claviceps purpurea, um fungo que se desenvolve no centeio. Sintetizou-o de novo em 16 de Abril de 1943 e, sem que se tenha apercebido, ingeriu um pouco desta substancia.

"Após o que, rapidamente fui forçado a parar com o trabalho no laboratório a meio da tarde e a ir para casa, já que fui acometido por uma agitação excepcional acompanhada por uma ligeira de tontura.
Assim que cheguei a casa, deitei-me e deixei-me levar numa espécie de embriagues que não era desagradável e que era caracterizada por uma actividade extrema da imaginação. Enquanto estava num estado de obscuridade com os meus olhos fechados, senti a luz do dia como sendo extremamente brilhante. Um fluxo ininterrupto de imagens fantásticas dotadas de uma plasticidade e vivacidade excepcional, acompanhada por um jogo caleidoscópio de cores, irrompeu em mim. Este estado terminou algumas três horas depois."

Este foi o relatório feito por Hofman sobre o incidente (Nota 100), e é o primeiro registo de uma viagem com ácidos. Se bem que Hofman não imagine como é que a substancia tenha entrado no seu corpo, decidiu experimentar, e três dias depois tomou a mais pequena quantidade de LSD da qual algum efeito se poderia esperar: um quarto de miligrama. O efeito foi irresistível! Se bem que tenha começado a tomar notas sobre os efeitos, 40 minutos depois não foi mais capaz de escrever mais nada e pediu a um assistente que o acompanha-se a casa. Após ter chegado a casa foi chamado um medico que não detectou nada de anormal, pelo menos termos físicos. Contudo os efeitos psíquicos eram impressionantes: acentuadas distorções visuais: as caras tornaram-se mascaras grotescas, tonturas, agitação motora alternada com a sensação de grande peso dos seus membros, e ás vezes uma incapacidade de falar com coerência, tudo isto com uma quantidade mínima de LSD, uma substancia que, quando administrada em quantidades diminutas, provou ser capaz de influenciar de forma não material a consciência.

Ao principio pensou-se que o LSD causava uma espécie de psicose artificial. Mais tarde foi usada como recurso psico-terapêutico. Mais recentemente, quando uma grande quantidade de hippies começaram a utiliza-lo, esta droga criou uma agitação nos Estados Unidos que foi sentida em todo o mundo. Todas as certezas, o Sonho Americano, foram rudemente lançadas na confusão por uma substancia que colocou à prova todas as certezas nas suas cabeças. (Nota 101)

Se bem que pareça que o uso do LSD morreu com os hippies, isto nunca foi o caso.

Os problemas foram prevenidos pela cultura. O LSD é geralmente utilizado numa base fortuita: os indivíduos consomem LSD umas vezes por ano e apenas alguns anos, até que perdem o interesse nele. Não é uma substancia viciante. Em resultado destes factos, e também do seu baixo preço e lucro mínimo, a produção e comercio ilegal de LSD não existe no mundo do crime. É apenas um acto criminoso de acordo com a letra da lei.

Recentemente existiu um pequeno incremento no consumo de LSD, provavelmente como resultado da influencia do revivalismo dos anos sessenta.

 

Mecanismo operacional

O LDS tem um efeito agonista nos receptores pré-sinapticos de serotonina no centro do cérebro. Alem de também inibir a actividade dos neurónios do rafe, que por si detêm a sensibilidade aos estímulos visuais ou outros estímulos sensoriais.

Este efeito, tal como o das outras indolaminas, é baseado na sua semelhança estrutural com a serotonina. (Notas 102, 103, 104)

Dependência e tolerância

Não existe registo de dependência física ou psíquica. A tolerância ao LSD é desenvolvida tão rapidamente que, no caso de uso repetido em curto espaço de tempo, é requerido um incremento enorme na dose necessária para manter os efeitos, o que na prática resulta num período refractário de dois dias após o seu consumo.

A dose normal situa-se entre os 30 e 150 microgramas; na generalidade 1 micrograma por cada quilograma; os efeitos duram cerca de 8 horas.

Efeitos

O LSD é um forte alucinogénio com efeitos simpaticomiméticos muito suaves. O efeito depende em larga medida do estado psicológico do individuo. Normalmente, podem verificar-se uma subida insignificante na pressão sanguínea e taquicardia. E um relaxamento muscular mediano. Os outros efeitos somáticos consistem em numa dilatação das pupilas muito ligeira, tremor, algumas vezes náuseas, hiper-reflexão, erecção pilosa, e uma insignificante subida na temperatura do corpo. (Nota 105)

As alucinações vividas são fundamentalmente do tipo visual. O LSD também reforça as emoções do momento ou as invocadas. O seu consumo pode conduzir a estados psicóticos (periféricos) que são na generalidade reversíveis (passarem-se, viagens más), pois desaparecem normalmente quando o efeito se esgota. A sensibilidade para as más viagens não é necessariamente dependente da dose, mas é fundamentalmente dependente do contexto interno e do externo: a personalidade do individuo e o seu estado de espírito e o contexto ambiental em que a viagem se realiza. (Nota 106)

A luxação de problemas psiquiátricos pré existentes (Nota 107) foi demonstrada num estudo efectuado em 5000 pessoas que ingeriram LSD pelo menos 25 vezes. Entre os indivíduos normais e saudáveis, o incidência dos episódios psicóticos foi de 8 em cada 10000 viagens, enquanto que entre pacientes com problemas psiquiátricos a incidência correspondente foi de 18 episódios psicóticos em cada 10000 viagens, assim como 12 tentativas de suicídio com 4 delas bem sucedidas nas mesmas 10000 viagens.

Durante o "Verão do Amor" no Vondelpark em Amesterdão em 1972, onde mais de 4.000 pessoas "viajaram" regularmente, foram registados 112 pedidos de ajuda: 8 foram dos quais sobre informações sobre as "viagens", 4 foram pedidos de tranquilizantes, outros 4 casos foram devido a comportamentos agressivos que puderam ser acalmados sem qualquer dificuldade, e 92 casos foram acalmados sem qualquer medicação. Nestes todos, apenas existiram 4 casos de psicoses mais prolongadas (todos eles entre indivíduos com historias de graves problemas psiquiátricos) (Nota 108).

O efeito negativo mais proeminente é o medo, mas é dirigido contra a própria pessoa. O comportamento genuinamente agressivo é extremamente raro: normalmente são apenas meros casos de excitação. (Notas 109, 110)

Não foram ainda encontradas explicações satisfatórias para os flashbacks, se é que este fenómeno realmente existe.

O uso simultâneo com o álcool é desencorajado entre os consumidores.

Efeitos crónicos

Também tem sido atribuídos ao consumo de LSD vários efeitos negativos que não puderam ser provados.

Em particular, a detecção de danos nos cromossomas, sugerindo a sua tetrogenecidade. Mas contudo foi provado que estes "danos" não são nocivos. (Nota 111)

 

Mais informações sobre o LSD podem ser encontradas na Biblioteca Psicadélica DrugText


Tradução do texto disponível no Drugtext website.

Publicado com o consentimento da DrugText.

Agosto de 1997

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