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Extractos do Diário de Noticias de Outubro de 1997


Diário de Noticias - 1 de Outubro de 1997

Uma "enorme confiança" na PJ

Luís Miguel Viana

Foi ontem feita a maior apreensão de sempre de cocaína em Portugal: 1835 quilos. Vera Jardim aproveitou para valorizar a polícia que tutela. E exibir-se: "Governo não abrandou luta contra tráfico"

POLíTICA. Ministro aposta em elogiar director-geral da Judiciária, que tutela

Não foi a vaidade de aparecer associado à maior apreensão de sempre de cocaína em Portugal que levou ontem Vera Jardim a fazer, tal como Laborinho Lúcio em 1992, uma conferência de imprensa na sede da Polícia Judiciária, disse o ministro. Também não foi para apoiar publicamente Fernando Negrão, director-geral da PJ, que há 15 dias lhe fez chegar uma proposta de revisão da lei orgânica daquela polícia que lhe confere uma autonomia nunca vista. Nem sequer para se defender das acusações de incapacidade na luta contra o grande tráfico.

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Diário de Noticias - 1 de Outubro de 1997

O homem do grande combate à droga

Margarida Maria

Eduardo Dias Costa tem no seu currículo as maiores apreensões de estupefacientes em Portugal

LOUVOR. Dias Costa é um dos "crachat" de ouro da PJ no activo

Eduardo Dias Costa, de 50 anos, é o inspector-coordenador da Polícia Judiciária responsável por esta maior apreensão de cocaína no nosso país - 1835 quilos. Mas não se pense que é um iniciado nesta vertente de grandes apreensões. É que do seu currículo consta a agora segunda maior apreensão de cocaína em Portugal: 1783 quilos apanhados no alto mar em 1992, uma operação em que a divulgação contou também com a presença do então ministro da Justiça, Laborinho Lúcio.

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Diário de Noticias - 1 de Outubro de 1997

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Droga gera lucros de 400 mil milhões de dólares por ano

O tráfico ilegal de drogas gera lucros anuais de 400 mil milhões de dólares, disse, em Buenos Aires, o representante da ONU para a Fiscalização Internacional de Drogas, Anthony White, acrescentando ainda que, "dessa quantia, calcula-se que 100 mil milhões de dólares são receitas do tráfico mundial de cocaína, heroína e outras substâncias proibidas originárias da América Latina e Caraíbas".

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Diário de Noticias - 2 de Outubro de 1997

Nova droga sintética em alerta

Leonor Figueiredo, com Manuela Alves

Chama-se "2-CB" e tem efeitos alucinogénicos comparados aos da mescalina. Vende-se na Europa como se fosse "ecstasy", mas é muito mais potente. A Holanda está a informar os seus utilizadores

AO ENGANO. A nova droga está a ser vendida como "ecstasy" em festas, mas os efeitos são muito mais potentes

Uma nova droga sintética, tipo ecstasy, mas com efeitos alucinogéneos e afrodisíacos, está a circular na Grã-Bretanha, França, Alemanha e Holanda, o que já originou um alerta-informativo entre os serviços de vários países, com indicações dos seus efeitos e precauções a tomar. A informação chegou ao Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência do Ministério da Saúde o mês passado, e partiu do Instituto de Saúde Mental e Adição holandês, que endereçou uma nota informativa sobre o tipo de droga, os efeitos que provoca e os riscos inerentes ao seu uso.

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Diário de Noticias - 3 de Outubro de 1997

Tomar metadona na farmácia

Leonor Figueiredo

Assinatura do acordo está para breve e permitirá que alguns toxicodependentes tomem o substituto da droga nas farmácias, desde que estas queiram aderir voluntariamente ao programa

ADESÃO. A primeira reacção da classe à proposta não foi negativa. E vão dar metadona aos balcões das farmácias

As farmácias que se oferecerem voluntariamente vão poder passar a fornecer diariamente metadona bebível aos toxicodependentes que se encontrem estabilizados (leia-se, não possuam um comportamento próximo da delinquência) e tenham sido incluídos pelos especialistas num programa de substituição do narcótico que usavam, a heroína. A iniciativa ontem apresentada na Secção Regional de Lisboa (SRL) da Ordem dos Farmacêuticos à classe não teve reacções negativas, depois de especialistas explicarem as vantagens de se "tratar" um toxicodependente com uma droga "gémea".

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Diário de Noticias - 4 de Outubro de 1997

Concorda com a distribuição de metadona nas farmácias?

Fernando Almeida, Médico de saúde pública

É simplista colocar o problema assim. Nalgumas situações isso já se faz, como no caso da prescrição de estupefacientes, com controlo rigoroso do receituário. Quanto a substitutos de droga para toxicodependentes estabilizados, concordo, pois casos há que é a melhor e única altertativa - deve assumir-se que há toxicodependentes que nunca serão curados.

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Diário de Noticias - 9 de Outubro de 1997

Metadona

Luís Delgado

O Ministério da Saúde tomou, ou vai tomar, finalmente, uma decisão grandiosa, histórica e indelével: oferecer metadona nas farmácias. Só é estranho que não alargue a medida a quiosques - "Aqui há metadona" - estações de correio, caixas de multibanco, refeitórios e outros tantos locais de reconhecido interesse público. Basta uma receita médica, dizem os jornais. Calculamos nós que será uma daquelas já normalizadas, com uma cor adequada e de falsificação (im)possível. Assunto resolvido. Amanhã, quando acordarmos, as farmácias também vão passar a distribuir heroína, cocaína, crack e outros produtos saudáveis. É uma medida simpática, alegre e eficaz. Eles deixam de roubar, garantem alguns iluminados, e nós pagamos.

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Diário de Noticias - 9 de Outubro de 1997

Fenómeno da droga requer sociólogos na investigação

"A investigação em ciências sociais e humanas sobre o consumo de drogas" é tema do seminário que nos dias 24 e 25 juntará especialistas de vários países. O encontro, para técnicos de várias áreas, pretende chamar os sociólogos para o estudo deste fenómeno enigmático. O seminário, promovido pelo SPTT do Ministério da Saúde e o Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris, decorre na Universidade Atlântica, na antiga fábrica da pólvora de Barcarena.

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Diário de Noticias - 13 de Outubro de 1997

MST I

Luís Delgado

No Público, Miguel Sousa Tavares atacou a minha "incansável campanha contra tudo o que lhe cheire a rever a política oficial e instalada do combate à droga". (...)

Caro Miguel: não há como um fundamentalista para reconhecer outro. Cheiram-se, à distância. Certezas infalíveis?... Francamente, Miguel, perdi-as com o Bush, há cinco anos. Mas vamos ao que nos separa: "A política oficial e instalada do combate à droga." Espantosamente, não defendo esta política: primeiro, porque não há política nenhuma (falta-lhe coragem e motivação) e, depois, porque está a instalar-se o medo de ser contra a corrente oficial liberalizadora. Daqui à caça às bruxas vai um passo: quem é contra a liberalização é traficante! Isto não o irrita?


Diário de Noticias - 14 de Outubro de 1997

Luís Delgado

MST (2)

Reconheça, caro Miguel Sousa Tavares, que tenho razão num ponto: a actual política do combate à droga é uma mistura de nada e coisa nenhuma. A prevenção primária é incipiente (500 mil contos em 1996 é pouco mais do que o ginásio que vai ser construído em Belém), a prevenção secundária é ridícula (centros que fecham ao fim-de-semana, comunidades terapêuticas com meia dúzia de camas) e o combate ao tráfico é episódico e em função do fluxo mediático. É neste quadro que me diz que o combate à droga fracassou? Como MST, se nunca, em momento nenhum, foi levado a sério e até às últimas consequências? Porque é que não se coordenam os esforços policiais? (...)


Diário de Noticias - 15 de Outubro de 1997

Atender os doentes em grupo

Leonor Figueiredo

Novo centro de atendimento de Xabregas aplica estratégia grupal em larga escala para fugir às listas de espera. Quase metade dos técnicos está a recibo verde e não chega para o internamento

FINALMENTE. O novo centro em Xabregas reforça a última estrutura de Lisboa criada há dez anos, o CAT das Taipas

A estratégia do novo Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) de Xabregas, em Lisboa, que abriu as portas na passada segunda-feira, é a de receber os doentes em grupo, para atender mais gente do que até agora se fazia e rentabilizar os recursos humanos, evitando que se formem longas listas de espera. Há dez anos que a cidade de Lisboa esperava por um serviço assim, após a criação do CAT das Taipas, em 1987, que, pouco tempo depois, se encontrava completamente congestionado e hoje possui listas de espera para uma primeira consulta de quatro meses, pouco compatível com as características inerentes ao perfil de um dependente de drogas decidido a recorrer a uma instituição que o ajude.

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Diário de Noticias - 15 de Outubro de 1997

MST (3)

Luís Delgado

Finalmente, Miguel Sousa Tavares, vamos à metadona. Aqui sim, sou um fundamentalista sem apelo nem agravo.

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2. Quando o ministro Jorge Coelho anuncia que vai distribuir metadona em farmácias, gratuitamente, a 20 mil toxicodependentes (calculo que é um número sem nenhum fundamento estatístico, uma vez que ninguém sabe quantos existem em Portugal) está a assumir, em definitivo, mas de uma forma mascarada, a liberalização da droga em Portugal. Ou melhor, a pôr em prática o princípio de Almeida Santos de que o Estado é que deveria fornecer a droga. E é isto que não aceito, nunca!


Diário de Noticias - 18 de Outubro de 1997

Formação chega às urgências

Leonor Figueiredo

Encerramento de serviço das Taipas desencadeia acções de especialização para médicos dos bancos hospitalares de Lisboa

RECURSO. O Centro das Taipas assegurará a retaguarda especializada, via telefónica, que apoiará as equipas de serviço aos hospitais sempre que necessário

Os médicos das urgências hospitalares da Região de Lisboa e Vale do Tejo vão começar a receber formação sobre toxicodependência, talvez ainda este ano, uma lacuna que vem a sentir-se há já bastante tempo, mas cujo processo foi agora acelerado.O da urgência das Taipas (ver texto em baixo), precipitado segundo encerramento, há dias, algumas opiniões, fez que os toxicodependentes até agora ali atendidos estejam a ser com encaminhados para os dos hospitais, nomeadamente os casos clínicos de síndrome de bancos abstinência (falta de organismo), que leva a situações de grande sofrimento físico e droga no psicológico.

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Diário de Noticias - 18 de Outubro de 1997

"Centro de crise" teve um ponto final

Leonor Figueiredo

Reconversão do espaço em serviço de terapia medicamentosa vai atender 240 pessoas por dia

OPINIÃO. Director das Taipas defende criação de centros de crise

O espaço da urgência das Taipas, que encerrou as suas portas na semana passada e que atendia cerca de cinco novos casos por dia, vai passar "a responder ao pedido diário de cerca de 240 toxicodependentes", revelou ao DN Luís Patrício, director do centro. "Vamos ter um serviço de terapia medicamentosa, não só para os utentes que estão a tomar a metadona (130 doentes, incluindo grávidas) e o LAAM (80), mas também para aqueles, e são bastantes, que necessitam de antipsicóticos e antidepressivos", explicou o psiquatra. Um serviço, com entrada pela Rua de Santo António da Glória, que passará a funcionar até às 21 horas aos dias de semana e em horário reduzido ao sábado e domingo.

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Diário de Noticias - 18 de Outubro de 1997

Jorge Coelho diz que nova estratégia é corajosa

Leonor Figueiredo

Ministro adjunto foi à Comissão Parlamentar da Droga defender diminuição da criminalidade com programas de substituição

O ministro adjunto disse, ontem, que "de há um ano a esta parte" se verificou "uma mudança estratégica" na abordagem ao problema da toxicodependência e considerou ser "um acto de coragem" ter-se assumido uma nova posição. Jorge Coelho falava nos programas de substituição (com metadona e LAAM), que vão contribuir "para diminuir a criminalidade em Portugal", já que "80 por cento dos presos estão relacionados com toxicodependência". Ao responder, ontem de manhã, a questões colocadas por deputados de todos os partidos na Comissão Eventual de Acompanhamento de Toxicodependência, Consumo e Tráfico de Droga, da Assembleia da República, o responsável do Governo que detém o pelouro da droga sublinhou que era altura "de se elevar o que os portugueses estão a fazer" em vez de andarmos sempre a falar de outras experiências, referindo-se à Holanda, Grã-Bretanha ou Suíça. "A administração da metadona em Portugal começou há 20 anos", recordou.

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Diário de Noticias - 18 de Outubro de 1997

Combate à droga: 15 milhões

Verba de 1998 sobe 25 por cento para sete ministérios e Projecto Vida

O OE de 1998 afecto a sete ministérios para a toxicodependência é de 15 milhões de contos, mais 25 por cento do que para este ano, explicou, na AR, o ministro Jorge Coelho. Um terço do total do OE vai para o Ministério da Saúde, através do Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, que absorve cerca de cinco milhões de contos, seguindo-se o Projecto Vida (dois milhões). Os ministérios da Segurança Social e da Justiça e a secretaria de Estado da Juventude levam, cada um, mais de um milhão de contos. Num outro escalão situam-se os ministérios da Educação (753 mil contos), Defesa (270 mil) e Emprego (120 mil).

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Diário de Noticias - 23 de Outubro de 1997

PSD não aceita encerramento da urgência das Taipas

Leonor Figueiredo

Os deputados do PSD da Comissão Parlamentar de Combate à Toxicodependência não se mostraram convencidos com as explicações ontem fornecidas sobre o recente encerramento da urgência das Taipas, em Lisboa. No final da audiência, Roque da Cunha (PSD) disse, ao DN, que "vamos insistir na necessidade da criação de um serviço nocturno, em Lisboa e no Porto, onde os toxicodependentes possam ter a tranquilidade de recorrer à sua urgência. O conceito de falsas urgências só funciona para os médicos".

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Diário de Noticias - 24 de Outubro de 1997

Droga no trabalho é um problema do foro médico

Carlos Carvalho

União dos Sindicatos do Porto advoga estudo das questões jurídicas na admissão ou despedimento dos toxicodependentes

Pela primeira vez, sindicalistas, professores universitários e médicos juntaram-se para discutir o problema da droga no trabalho. A iniciativa, da União dos Sindicatos do Porto (USP) e da Universidade Popular do Porto, decorreu ontem no auditório do Sindicato dos Professores do Norte (SPN). O debate nasceu depois de algumas empresas terem manifestado a intenção de proceder a testes de toxicodependência para a admissão de trabalhadores ou resolução de questões internas, como ausências injustificadas ou falta de produtividade. Os dirigentes sindicais preferiram promover a discussão e estudar o quadro jurídico e só depois assumir uma posição.

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Diário de Noticias - 25 de Outubro de 1997

Drogas legais já estão a rivalizar com as ilícitas

Leonor Figueiredo

Investigador Michel Schiray afirma que o mercado das drogas continuará muito dinâmico

CERTEZA. Para Michel Schiray, "as mafias não são intocáveis"

O economista francês Michel Schiray está em Portugal para falar no tráfico de droga. Uma especialização complementar ao estudo das economias ilegais. A sua função é trabalhar as dúvidas. Mas onde há a percepção de que, no futuro, a indústria farmacêutica pode substituir, com drogas legais, parte do mercado controlado pelas organizações criminosas.

Diz que nas fileiras deste comércio estão homens de negócio respeitáveis, entidades políticas, ideológicas e espirituais. Os governos têm essa consciência?

Esse é o nosso desafio. Mas somos obrigados a assentar em bases científicas. Precisamos de estabelecer métodos de trabalho com as fontes de informação, como as polícias, que melhor conhecem o tráfico. Em França ainda tentamos essa aproximação.

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Diário de Noticias - 27 de Outubro de 1997

Bebe-se cada vez mais cedo

Luísa Melo

Ao fim-de-semana aumenta o consumo de álcool, dito "social", que coloca a cerveja no topo das preferências. Em último lugar aparece o vinho, invertendo a tendência que se verificou no passado

RESPONSABILIDADES. Os pais têm culpa na indução precoce das bebidas. Os técnicos defendem a prevenção

Contrariamente aos outros países da União Europeia, Portugal, em 26 anos, só conseguiu reduzir o consumo anual de álcool per capita em dois litros, passando de 13 para 11 litros. Uma descida pouco significativa, principalmente quando confrontada com o aumento do consumo nos jovens em quatro por cento, entre 1989 e 1995. Outro factor que preocupa a Sociedade Portuguesa de Alcoologia, que concluiu, no Porto, o seu 10.º encontro, é o facto de se começar cada vez mais cedo a ingerir bebidas alcoólicas. Actualmente, a média em Portugal fixa-se nos 11 anos. "E quanto mais cedo começam, maior a progressão do consumo", em termos de bebidas com maior teor alcoólico, explicou ao DN o presidente daquela associação, Rui Moreira.

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Diário de Noticias - 27 de Outubro de 1997

Porque aumenta a toxicodependência?

Eduardo Dias Costa, Inspector-coordenador da PJ

Para mim, é duvidoso que a luta contra a droga possa ter êxito através de uma política meramente repressiva. A componente de prevenção é fundamental no controlo da evolução do fenómeno. Aqui reside, pois, a principal razão do inêxito nessa luta, sobretudo ao nível da prevenção primária. Falhando esta, a toxicodependência tem de evoluir para mais.

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Diário de Noticias - 29 de Outubro de 1997

Prevenção primária está "encalhada"

Leonor Figueiredo

Os 600 mil contos do Projecto Vida para as acções deste ano não foram desbloqueados porque falta aprovar os projectos

JOVENS. A maioria das actividades para evitar que os mais novos venham no futuro a consumir drogas tem-se resumido à ocupação dos tempos livres

Este ano, os 600 mil contos do orçamento do Projecto Vida (PV) que se destinam à prevenção primária das drogas (para evitar que aconteça), ainda estão nos cofres do Estado. Só esta semana foram seleccionados os cerca de 300 projectos que a sociedade civil apresentou ao PV para acções destinadas a crianças e a jovens durante 1997, a dois meses do final do ano fiscal. Ainda os projectos deste ano não tinham sido escolhidos, quando abriu e fechou, no prazo de um mês, a candidatura para o Programa Quadro Prevenir de 1998, antes mesmo de se saber que projectos tinham sido aprovados este ano. E só em Julho os responsáveis pelos projectos de 1997, alguns dos quais são bianuais e trianuais, souberam que passou a haver uma grelha de avaliação mais rigorosa. (...)


Diário de Noticias - 29 de Outubro de 1997

Promover a saúde e criar competências

Leonor Figueiredo

Modelo favorito da prevenção defende que cabe aos jovens a decisão, que tem de ser consciente, de quererem ou não consumir drogas

INCÓGNITA. Ainda falta perceber que "clique" leva um jovem ao consumo

Nos anos 70, o melhor era não falar de droga, não fosse o diabo tecê-las. Os anos 80 foram de informação maciça: os charros davam o efeito X, a heroína o Y, e por aí fora. Um dia percebeu-se que havia jovens a experimentar drogas, movidos pela curiosidade. E, mais tarde, proibiu-se que ex-toxicodependentes participassem em campanhas, para os meninos não pensarem que se "este escapou, eu posso experimentar, e escapo também". A partir dos anos 90, o conceito da promoção da saúde passou a ser a orientação de programas para este fim. Que ainda vigora. Mas, afinal, do que se deve falar quando se fala de droga? Como se deve trabalhar para evitar que os jovens se iniciem no consumo? "Prevenir é mais do que informar e sensibilizar", disse ao DN o psicólogo António Maia, que considera fundamental "intervir antes, auto-responsabilizando as pessoas pelo seu bem-estar", o que se consegue dando "parceria aos grupos-alvo, fazendo-os trabalhar as suas necessidade e dúvidas". (...)


Diário de Noticias - 29 de Outubro de 1997

Estratégia oficial passa por dois ministérios e Vida

Educação e Saúde têm estruturas vocacionadas para trabalhar nesta área, mas nem todas funcionam a cem por cento

A estratégia oficial da prevenção primária é executada em três frentes: os ministérios da Educação e da Saúde e os projectos privados financiados pelo Projecto Vida. O Ministério da Educação, através do Programa de Educação para a Saúde (PES), abrangeu, em 1996, umas 575 escolas de todos os níveis de ensino não superior, mas existem 11 mil escolas do 1.º ciclo e mil do 2.º, 3.º ciclos e secundário, a nível nacional. O Ministério da Saúde, através do Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, possui três centros de informação e acolhimento a jovens (os CIAC): o de Coimbra não funciona; o de Lisboa, criado em 1995, tem cinco técnicos ocupados com formação; e o do Porto, com dez técnicos, faz agora um ano e parece ser o único com algum dinamismo. Avelino Vale Ferreira, o seu responsável, conta que ocupam um espaço num centro comercial, "onde os jovens nos procuram mais à vontade", para as consultas de adolescentes ou das famílias, "tenham ou não problemas de toxicodependência em casa".

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Diário de Noticias - 29 de Outubro de 1997

A prevenção do consumo de drogas

Paula Marques (psicóloga)

A intervenção preventiva em Portugal, desenvolvida de forma sistemática, tem cerca de 20 anos de percurso marcados por um ruído de fundo constante.

Em geral, a prevenção tem sido e é sentida como muito importante, mas, contraditoriamente, sempre foi e é o sector menos investido financeira e tecnicamente. Quando a droga ainda não era vista nem sentida como um "problema", para quê investir na prevenção? Quando o fenómeno adquiriu visibilidade, sobretudo na sua expressão de marginalidade, começou a incomodar alguns. Investiu-se, então, no tratamento e em muitos casos apelou-se à repressão. Actualmente, como o problema toca a quase todos nós, decide-se "investir prioritariamente" na prevenção. Este percurso não é exclusivo do nosso país: a prevenção surge como necessária e urgente depois de o fenómeno droga estalar com toda a sua força socialmente incómoda.

(...)



Diário de Noticias

Devido ás limitações do direito de cópia apenas são apresentados extractos das noticias

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