Abordando a Questão Calvinista 'Por Que Você Creu e Seu Vizinho Não?'

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Para muitos calvinistas, o melhor argumento para o calvinismo e contra o arminianismo pode ser implicitamente transmitida por questões como "Qual a diferença entre aquele que crê em Cristo e aquele que rejeita Cristo? Por que um creu e o outro não? Não deve ser o caso que há algo melhor acerca daquele que crê que o leva a crer?". O ponto desta linha de questionamento é que deve haver algo melhor sobre aquele que crê do que sobre aquele que não crê, tornando fé e salvação algo sobre a bondade do homem em vez da graça divina, dando ao crente uma razão para gabar-se, e dando a glória da salvação para o homem e não para Deus.

Eu amo a questão, porque ela ilumina tão bem a diferença entre o calvinismo e o arminianismo, revelando o arminianismo como sendo uma posição mais bíblica e racional. Confiança em outrem não traz glória ao confiante e dá toda glória ao confiado. Fé é a renúncia de qualquer mérito, mas confiança em Deus e em Seu favor imerecido. Assim, fé é o veículo perfeito pelo qual Deus pode ter uma base justa para responsabilizar e ainda assim não haver mérito na base da responsabilidade. O arminiano não precisa fugir do fato que existe de fato uma diferença entre o crente e o descrente que leva à salvação versus a condenação. Devemos adotá-lo. É isto o que faz a salvação de crentes por Deus e a condenação de descrentes não ser arbitrária. Este é o próprio ponto que queremos apontar contra a visão que Deu salva incindicionalmente. É pelo meio não-meritório de fé que somos salvos. Note bem: a questão de qual é a diferença entre aquele que tem fé e aquele que não tem é quie um confia em Deus e o outro não. É por isso que Deus salva um e condena o outro, por sua própria graça e vontade soberanas. Ele não é obrigado, mas por favor imerecido considera fé como retidão. E isto fornece uma base não-arbitrária de salvação não-meritória e condenação demeritória, assim toda a glória segue para Deus pela salvação e toda culpa segue para o homem para sua própria condenação. Como Deus é sábio!

No que concerne a Deus, que é o que importa, não se pode gabar da fé porque ela recebe um dom gratuito. Se alguém oferece a ti e a teu amigo um milhão de dólares, e você pega mas seu amigo não pega, isso significa que você pode se gabar de pegar o dinheiro? Não legitimamente. Não haveria mérito em você por pegar, mas seu amigo seria tolo por não pegar. É por isso que a fé é tão perfeita para Deus prover uma base de responsabilidade que não dá glória ao crente/recipiente, mas dá toda glória a Deus, o doador, e ao mesmo tempo amontoa a devida condenação e vergonha sobre o descrente/rejeitador. Dificilmente alguém pensaria que se pode legitimamente gabar-se de receber um presente gratuito. Ainda assim, alguém pode gabar-se de qualquer coisa que quiser. A questão importante é se é ou não um orgulho legítimo. Em tal caso, não pode obviamente ser. E mais importante, biblicamente não o é.

Agora, calvinistas comumente parecem alegar que este tipo de resposta não responde a questão porque tem que haver algo que irresistivelmente causou a pessoa a escolher como escolhera. Mas eles têm dificuldades em entender a resposta por causa das pressuposições determinísticas, presumo eu. Crê-se porque Deus capacita para tal, e porque se escolhe assim. Então a diferença entre o crente e o descrente acerca da fé, se tirarmos Deus da equação como os calvinistas insistem, é a própria pessoa, como agente causal. Mas, como mostrei, isto deve ser aceitado e é uma vantagem so arminianismo sobre o calvinismo. Pois fé não é uma obra meritória, mas meramente a recepção de um dom gratuito. É realmente uma bela coisa, fornecendo uma base não-arbitrária para uma ação não-meritória e demeritória para condenação, e assim toda a glória pela salvação vai para Deus e toda culpa vai para o homem por sua própria condenação (ao contrário da implicação lógica do calvinismo, que tem pessoas não sendo capazes de crer mas apenas pecar a não ser que Deus as escolha para crerem e serem salvas). Deus é tão sábio.

Muitos calvinistas têm dificuldade em reconhecer que o arminiano respondeu a questão porque eles rejeitam o livre arbítrio como definido normalmente, que é também como arminianos o compreendem, filosoficamente conhecido como livre arbítrio libertário. É da natureza do livre arbítrio que a escolha feita não é irresistivelmente causada por ninguém exceto por si mesmo. Eis alguns comentários de Norman Geisler no Elwell Evangelical Dictionary sobre a posição arminiana:

Nesta visão os atos da pessoa são causados por ela mesma. Auto-deterministas aceitam o fato que tais fatores como hereditariedade e ambiente por vezes influenciam o comportamento de alguém. Porém, eles negam que tais fatores são as causas determinantes do comportamento de alguém. Objetos inanimados não mudam sem uma causa externa, mas sujeitos pessoais são capazes de direcionar suas próprias ações. Como notado anteriormente, auto-deterministas rejeitam as noções de que eventos são incausados ou que eles causam a si mesmos. Porém, eles acreditam que ações humanas podem ser causadas por seres humanos. Dois defensores proeminentes desta visão são Tomás de Aquino e C.S. Lewis.

Muitos objetam auto-determinismo com base em que se tudo precisa de uma causa, então os atos da vontade também. Por isso comumente é perguntado, 'o que causa a vontade a agir?' O auto-determinista pode responder a esta questão apontando que não é a vontade da pessoa que toma a decisão mas que a pessoa age por meio de sua vontade. E desde que a pessoa é a primeira causa de seus atos, é sem sentido perguntar qual é a causa da primeira causa. Assim como nenhuma força externa causou Deus a criar o mundo, também nenhuma força externa causa pessoas a escolher certas ações. Pois o homem é criado à imagem de Deus, o que inclui a possessão do livre arbítrio.

Parte do ponto é que existem muitas causas/influências em nosso comportamento, mas nós decidimos em que causa ou influência iremos agir. Então podem existir quaisquer razões para nossas ações. Nossas ações livres não são sem causa. Elas simplesmente são sem causas irresistíveis. Alegar que deve haver uma causa irresistível ou que qualquer causa que age sobre é necessariamente irresistível que assumir o determinismo e fazer petição de princípio. Como um comentarista em uma discussão pela internet, eu uma vez disse "Libertários éticos não acreditam que as escolhas são aleatórias, mas sim que elas são suficientemente auto-determinadas (o resultado de deliberação pessoal racional). Uma pessoa escolhe crer enquanto outra não por causa de quaisquer razões que cada um decidiu ser melhor seguir. E não se pode assimir que as razões eram irresistíveis.

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Created: 2022-04-08 Fri 22:19

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