OS FACTS da Salvação
Um Sumário da Teologia Arminiana – ou As Doutrinas Bíblicas da Graça

Prefácio

Os dogmas distintivos da teologia arminiana podem ser apresentados usando o acrônimo FACTS 1. A teologia opositora do calvinismo é mais conhecida por seu acrônimo TULIP (para uma descrição da TULIP, veja este artigo . Mas arminianos preferem lidar com os fatos em vez de brincar com florzinhas. E eis aqui os fatos, apresentados em ordem lógica em vez da ordem no acrônimo para facilitar a explicação, assim esperamos.

(Por favor, note: A numeração dos "Cinco Artigos da Remonstrância" (para os artigos completos, veja esta página ) foi colocada em parênteses junto ao correspondente ponto do FACTS para comparação à primeira declaração histórica da teologia arminiana. Você pode ver um resumo dos FACTS neste artigo .

Depravação Total (Total Depravity – Terceiro dos Cinco Artigos da Remonstrância)

Humanidade foi criada à imagem de Deus, boa e reta, mas caiu de seu estado original sem pecado mediante desobediência deliberada, deixando a humanidade no estado de total depravação, pecaminosidade, separação de Deus, e debaixo da sentença de divina condenação (Rm 3:23, 6:23; Ef 2:1-3). Depravação total não quer dizer que os seres humanos são tão malignos quanto possam ser, mas que o pecado impactou cada parte do ser e que tais pessoas agora têm uma natureza pecaminosa com inclinação natural para o pecado. Seres humanos são fundamentalmente corruptos no coração. Como a Escritura nos diz, "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso;" (Jr 17:9; cf. Gn 6:5; Mt 19:17; Lc 11:13). De fato, seres humanos estão espiritualmente mortos em pecados (Ef 2:1-3, Cl 2:13) e são escravos do pecado (Rm 6:17-20). O Apóstolo Paulo até mesmo diz "eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum" (Rm 7:18). Em outro momento ele testifica:

[10] como está escrito: Não há justo, nem um sequer.

[11] Ninguém há que entenda, ninguém há que busque a Deus.

[12] Todos se desviaram, e juntamente se tornaram inúteis. Não há quem faça o bem, não há um sequer.

{Romanos 3:10-12 BLIVRE}(cf. Rm 1:18-32; Ef 4:17-22).

Em seu estado natural, seres humanos são hostis a Deus e não podem se submeter à sua Lei e nem agradá-lo (Rm 8:7-8). Portanto, seres humanos não são capazes de pensar, desejar, nem fazer nada bom de e por si mesmos. Somos incapazes de qualquer coisa que mereça o favor de Deus e nós não podemos fazer nada para salvar-nos do julgamento e condenação de Deus que merecemos pelo nosso pecado. Nós não podemos sequer crer no evangelho por nós mesmos (Jo 6:44). Se qualquer pessoa é salva, Deus deve tomar iniciativa.

Expiação Para Todos (Atonement for All – O Segundo dos Cinco Artigos da Remonstrância)

Como observado anteriormente, devido à depravação total, ninguém pode ser salvo a não ser que Deus tome a iniciativa. As boas novas são que, desde que "Deus é Amor" (1Jo 4:8,16), "suas misericórdias estão sobre todas as suas obras" (Sl 145:14), ama até mesmo seus inimigos (Mt 5:38-43), ele "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1Tm 2:4), "não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se" (2Pe 3:9), e não toma qualquer prazer na morte do ímpio, mas em vez disso deseja que ele se arrependa de seus pecados e viva (Ez 18:23,33), ele tomou a iniciativa enviando seu único Filho para morrer pelos pecados do mundo. Como João 3:16-18 tão belamente nos afirma:

[16] Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

[17] Porque Deus não mandou seu Filho ao mundo para que condenasse ao mundo; mas sim para que o mundo por ele fosse salvo;

[18] Quem nele crer não é condenado; mas quem não crê já está condenado; pois não tem crido no nome do unigênito Filho de Deus.

{João 3:16-18 BLIVRE}

Deus providenciou o perdão de pecados e salvação de toda pessoa pela morte de Jesus Cristo em favor da humanidade pecaminosa. De fato, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos (Hb 2:9). Como 1Jo 2:2 nos diz, "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo". Após a sentença de 1Tim 2:4 citada acima que Deus "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade", os versos que se seguem continuam:

[5] Pois há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os seres humanos: o humano Cristo Jesus.

[6] Ele mesmo se deu como resgate por todos, como testemunho ao seu tempo.

{1Timóteo 2:5-6 BLIVRE}

De fato, "o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 11:10), "Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (1Tim 1:15), "o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo" (1Jo 4:14; cf. Jo 4:42), Deus é "Salvador de todos os homens" (1Tim 4:10), Jesus é "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1:29), que "morreu pelos ímpios" (Rm 5:6), e "morreu por todos" (2Co 5:14-15) quando "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões" (2Co 5:19). Jesus até mesmo morreu por aqueles que o rejeitaram e a sua palavra, o negaram e pereceram (Lc 22:17-21; Jo 12:46-48; Rm 14:15; 1Co 8:11; 2Pe 2:1; Hb 10:29). A provisão foi feita por tantos quantos pecaram, que é todas as pessoas (Rm 3:22-25; 5:18).

Mas ainda que Jesus morreu por todos e tem provido expiação para todos, a intenção da expiação provida foi que sua real aplicação (que concede oo perdão dos pecados, situação de justiça com Deus, e salvação) seja condicional à fé em Jesus Cristo. Isto é estabelecido bem claramente em Jo 3:16-18 citado acima. Por amor, Deus sacrificou seu único Filho pelo mundo tal que aqueles do mundo que confiam em Jesus e em seu sacrifício expiatório se beneficiarão de tal sacrifício expiatório e serão salvos enquanto aqueles do mundo que rejeitam este sacrifício expiatório em descrença não se beneficiarão dele mas permanecerão condenados e perecerão (cf. várias outras passagens que deixam claro que fé é a condição debaixo da qual e os meios pelo qual perdão, vida eterna, e salvação são recebidas, por exemplo: Lc 8:12; Jo 1:12; 3:36; 5:24; 6:40,47; 20:31; At 16:31; Rm 1:16; 3-4; 10:9-10; 1Co 1:21; Gl 2:16; 3; Ef 2:8-9; 1Tm 1:16). Desde que a expiação foi providenciada para todos, tornando a salvação disponível a todos, a Escritura por vezes retrata a justificação como potencial para todas as pessoas (Rm 3:22-25; 5:18) ainda que nem todos sejam ultimamente salvos. Apesar de Deus desejar que todos creiam e sejam salvos mediante o sangue de Cristo, muitos perecerão, não por falta de disponibilidade de salvação, mas porque eles rejeitaram a provisão salvífica feita para eles na morte de Cristo e "porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (Jo 3:18). Semelhantemente, as referências escriturais a Deus ou Cristo como Salvador do mundo/de todos (Jo 4:4; 1Tm 4:10; 1Jo 4:14) não significam que todos serão de fato salvos, mas que o Pai e o Filho providenciaram salvação para todos, a qual é efetivada somente para aqueles que creem. Como a própria passagem de 1Tm 4:10 diz, "Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem". E Tito 2:11 pode dar encorajamento a crentes para apresentar um bom testemunho para Cristo ao mundo descrente com esta razão: "Porque a graça de Deus, que traz a salvação, se manifestou a todos os homens". De fato, é a expiação ilimitada de Cristo que serve como fundação necessária da genuína oferta de salvação mantida para todos no evangelho e está de acordo com o comando para pregar o evangelho a todos. Por exemplo, falando a uma audiência judaica geral, o Apóstolo Pedro baseou a chamada ao arrependimento na obra de Cristo e implicou que a obra foi para todos naquela audiência quando ele assegurou-lhes que Deus enviou Cristo para retirar cada um deles de seus pecados:

[18] Mas Deus cumpriu assim o que já antes pela boca de todos os seus profetas ele tinha anunciado, que o Cristo tinha de sofrer.

[19] Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que vosso pecados sejam apagados, quando vierem os tempos do refrigério da presença do Senhor.

[20] E ele enviar a Jesus Cristo, que já vos foi pregado anteriormente.

[21] Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, que Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.

[22] Porque Moisés disse aos nossos pais: O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis em tudo o que ele vos falar.

[23] E será que toda pessoa que não ouvir este profeta será exterminada do povo.

[24] E também todos os profetas, desde Samuel e os posteriores, todos os que falaram, também anunciaram com antecedência destes dias.

[25] Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus estabeleceu com nossos pais, dizendo a Abraão: E em tua semente serão abençoadas todas as famílias da terra.

[26] Deus, ao ressuscitar seu filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisto vos abençoasse: afastando cada um de vós de vossas maldades".

{Atos 3:18-26 BLIVRE}

Como Lucas 24:45-47 reporta,

[45] Então ele lhes abriu o entendimento, para que entendessem as Escrituras.

[46] E disse-lhes: Assim está escrito, e assim era necessário que o Cristo sofresse, e que ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos;

[47] E que em seu nome fosse pregado arrependimento e perdão de pecados em todas as nações, começando de Jerusalém.

{Lucas 24:45-47 BLIVRE}

(cf. Mt 28:18-20, At 17:30).

Libertos para Crer pela Graça de Deus (Freed by Grace to Believe – Artigos 3 e 4 dos Cinco Artigos da Remonstrância)

Como temos notado, como os humanos são caídos e pecaminosos, eles não são capazes de pensar, desejar, nem fazer nada bom em e de si mesmos, incluindo crer no evangelho de Cristo (veja a descrição de Depravação Total acima). Portanto, desejando a salvação de todos e providenciando expiação para todas as pessoas (veja "Expiação para Todos" acima), Deus continua a tomar a iniciativa para o propósito de trazer todas as pessoas para salvação chamando todas as pessoas em todo lugar para se arrependerem e crerem no Evangelho (At 17:30; cf. Mt 28:18-20), e habilitando aqueles que ouvem o Evangelho a respondê-lo positivamente em fé. Sem o auxílio da graça, o homem não pode nem mesmo escolher agradar Deus ou crer na promessa da salvação mantida no evangelho. Como Jesus disse em Jo 6:44, "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer". Mas graças a Deus, Jesus também prometeu "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim"(Jo 12:32). Portanto, o Pai e o Filho trazem as pessoas a Jesus, habilitando-as a vir a Jesus em fé. Mesmo que as pessoas pecaminosas estejam cegas para a verdade do evangelho (2Co 4:4), Jesus veio ao mundo da humanidade pecaminosa como "a verdadeira luz que ilumina todo homem" (Jo 1:9; cf 12:36), a luz da qual João o Batista veio a dar testemunho, "para que todos cressem por meio dele" (Jo 1:7). Então nós encontramos Jesus falando ao povo que estava indisposto a crer nele para que pudessem ser salvos (Jo 5:34, 40) e alertando descrentes, "Ainda por um pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz" (Jo 12:35-36). De fato Deus iluminou os corações de seus apóstolos "para a dar iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo" (2Co 4:6), e o Apóstolo Paulo recebeu graça "anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que, desde o princípio do mundo, esteve oculto em Deus, que criou todas as coisas" (Ef 3:8-9). Isto refere-se ao evangelho da graça de Deus, que "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1:16), e na realidade torna isto possível, para aqueles que ouvem, crer, porque

[8] Porém, o que diz? "A palavra está perto de ti, na tua boca, e no teu coração". Esta é a palavra da fé, que pregamos.

[9] Pois, se com a tua boca declarares que Jesus é Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.

[10] Pois com o coração se crê para a justiça, e com a boca se confessa para a salvação.

[11] Porque a Escritura diz: "Todo aquele que nele crê não será envergonhado."

[12] Pois não há diferença entre judeu e grego, porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para todos os que o invocam.

[13] Pois: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo."

{Romanos 10:8-13 BLIVRE}

Além disso, "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo" (Rm 10:17), apesar de que isto não causa necessariamente a fé, desde que "nem todos deram ouvidos ao evangelho" (Rm 10:16) mesmo que eles tenham ouvido (Rm 10:18). Deus oferece sua maravilhosa graça salvífica em Seu Filho para pecadores, mas permite-lhes escolher se eles aceitarão ou rejeitarão. Portanto, no caso de Israel, o Deus que ama todos e trabalha pela salvação de todos diz "Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente" (Rm 10:21).

Continuando a missão de Jesus de salvar o mundo, o Santo Espírito veio para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8). Ainda que descrentes estejam "entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração" (Ef 4:18), o Senhor abre os corações das pessoas para responder positivamente à mensagem do evangelho (At 16:14) e sua bondade leva àqueles com coração duro e impenitente em direção ao arrependimento (Rm 2:4-5). Em sua soberania, ele até mesmo posicionou os povos com o próprio propósito de "que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós" (At 17:2&). Em suma, Deus chama todas as pessoas a se arrepender e crer no Evangelho, habilitando aqueles que ouvem a respondê-lo positivamente em fé enquanto ele traz todas as pessoas para a fé em Jesus, rompe a escuridão de seus corações e mentes com o esplendor de sua luz, ilumina suas mentes, comunica seu impressionante poder com o evangelho que incita fé, persuade-os com sua bondade, convence-os pelo seu Espírito, abre seus corações para atentar ao seu evangelho, e posiciona-os para buscá-lo já que ele está perto de cada um.

Tudo isso é conhecido no jargão teológico como a graça preveniente de Deus. O termo "preveniente" simplesmente significa "precedente". Portanto, "graça preveniente" se refere à graça de Deus que precede salvação, incluindo aquela parte da salvação conhecida como regeneração, que é o começo da vida espiritual eterna concedida a todos os que confiam em Cristo (Jo 1:12-12). Graça preveniente é também às vezes chamada de graça capacitante ou graça pré-regenerativa. Este é o favor imerecido de Deus para pessoas totalmente depravadas, que são indignas da bênção de Deus e incapazes de buscar Deus oi de confiar nele de e por si mesmos. De acordo, Atos 18:27 indica que nós cremos mediante graça, colocando a graça prevenientemente (i.e. logicamente anterior) à fé como o meio pelo qual cremos. É a graça que, entre outras coisas, liberta nossas vontades para crer em Cristo e seu Evangelho. Como Tito 2:11 diz, "Porque a graça de Deus, que traz a salvação, se manifestou a todos os homens".

Nós falamos da vontade do homem sendo liberta pela graça para enfatizar que as pessoas não têm uma liberdade natural quando vêm a crer em Jeussm mas Deus deve graciosamente tomar a ação de libertar nossas vontades a fim de sermos capazes de crer em seu Filho que ele enviou para a salvação de todos. Quando nossas vontades são libertas, podemos ou aceitar a graça salvífica de Deus em fé ou rejeitá-la para nossa própria ruína. Em outras palavras, a graça salvífica de Deus é resistível, o que quer dizer que ele dispensa seu chamado, guia, e graça convincente (que traria salvação se respondida em fé) de tal forma que podemos rejeitá-lo. Nós nos tornamos livre para crer em Jesus e livres para rejeitá-lo. A resistibilidade da graça salvífica de Deus é claramente mostrada na Escritura, como algumas das passagens já mencionadas testificam. De fato, a Bíblia é tristemente preenchida com exemplos de pessoas desprezando a graça de Deus oferecida a elas. Em Isaías 5:1-7 Deus realmente indica que ele não podia ter feito mada mais para Israel produzir bons frutos. Mas se a graça irresistível é algo que Deus dispensa, então ele poderia ter facilmente provido esta e infalivelmente trazido Israel a produzir bom fruto. Muitas passagens do Antigo Testamento falam sobre como Deus estendeu sua graça para Israel várias e várias vezes mas eles repetidamente resistiram e rejeitaram-no (e.g., 2Rs 17:7-23; Jr 25:3-11; 26:1-9; 35:1-19). 2Cr 36:15-16 menciona que o convite insistente de suas mãos para o seu povo, convite o qual foi rejeitado, foi motivado por compaixão por eles. Mas isto só pode ser se a graça que ele estendeu os habilitou a se arrepender e evitar seu julgamento e ainda assim foi resistível desde que eles de fato resistiram-na e sofreram o julgamento de Deus. Neemias 9 apresenta um exemplo impressionante do testemunho do Antigo Testamento que Deus continuamente estendeu as mãos a Israel com sua graça que encontrou resistência e rejeição. Nós não temos espaço para rever a passagem inteira (mas o leitor é encorajado a assim fazer), mas citaremos alguns elementos chave e prestar atenção a alguns pontos importantes. Ne 9:20a diz "Também lhes deste o teu bom espírito para os ensinar", e é seguido por um extenso catálogo de ações divinas graciosas em favor de Israel nos versos 9b-25. Então em 9:26-31 diz:

[26] Porém eles foram desobedientes, e se rebelaram contra ti; desprezaram tua lei, e mataram teus profetas que lhes alertavam para que convertessem a ti; assim fizeram grandes abominações.

[27] Por isso tu os entregaste nas mãos de seus inimigos, os quais os afligiram; e no tempo de sua angústia clamaram a ti, e tu desde os céus os ouviste; e segundo tua grande misericórdia tu lhes davas libertadores, que os salvaram da mão de seus inimigos.

[28] Mas assim que tinham repouso, voltavam a fazer o mal diante de ti; e tu os abandonavas nas mãos de seus inimigos, para que os dominassem. E eles se convertiam, e clamavam a ti, e tu os ouvias desde os céus; e segundo tua misericórdia muitas vezes os livraste.

[29] E os alertaste, para os fazer voltar à tua lei; porém eles agiram com soberba, e não deram ouvidos teus mandamentos; ao invés disso, pecaram contra teus juízos, os quais quem praticar, por causa deles viverá; e deram as costas, endureceram sua cerviz, e não deram ouvidos.

[30] Porém os suportaste por muitos anos, e os alertaste com teu Espírito por meio de teus profetas, mas não deram ouvidos; por isso tu os entregaste nas mãos dos povos das terras.

[31] Mas por tua grande misericórdia não os destruíste por completo, nem os desamparaste; porque tu és Deus clemente e misericordioso.

{Neemias 9:26-31 BLIVRE}

O texto afirma que Deus deu seu Espírito para instruir Israel (9:20) e que Deus enviou seus profetas e alertou Israel para o propósito de que eles retornassem a ele. Deus propôs estas ações para que tornar Israel de volta a ele / à sua Lei, e ainda assim eles se rebelaram. Isto mostra Deus permitindo seu propósito não vindo a ocorrer por permitir a seres humanos uma escolha de render-se à sua graça ou não. De forma intrigante, a palavra traduzida como "aturar" em Neemias 9:30 usa um vocábulo hebraico que geralmente significa algo como "trazer, tragar, puxar" e foi traduzida na tradução grega do AT usada pela antiga igreja com a mesma palavra usada em Jo 6:44a ("Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer"). Uma tradução melhor de Ne 9:30 seria "Muitos anos tu os trouxeste e os alertaste pelo seu Espírito mediante os profetas. Ainda assim eles não deram ouvidos". O texto fala de um trazer divino resistível que busca colocar as pessoas para o Senhor em arrependimento. Estêvão também forneceu um bom exemplo de graça resistível quando ele disse a seus compatriotas judeus,

[51] Vós, obstinados e incircuncisos de coração e de ouvidos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo! Tal como vossos pais foram, assim também sois vós!

[52] Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? E eles mataram a todos os que anunciaram com antecedência a vinda do Justo, do qual agora vós tendes sido traidores e homicidas;

[53] Que recebestes a Lei por ordem de anjos, e não a guardastes.

{Atos 7:51-53}

Lucas 7:30 nos diz que os fariseus e doutores da lei rejeitaram o propósito de Deus para si mesmos. E Jesus, que falou ao povo com o propósito de salvá-los (Jo 5:34), ainda assim notou que eles recusaram a vir até ele para terem vida (Jo 5:40), e que veio para desviar todo judeu de seu pecado (At 3:26; veja o tratamento deste texto em "Expiação para Todos"), mesmo assim claramente nem todo judeu creu nele, lamentou sobre a indisposição do povo para receber sua graça, dizendo "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!" (Lc 13:34; veja também Ez 24:13; Mt 23:37; Rm 2:4-5; Zc 7:11-14; Hb 10:29; 12:15; Jd 1:4; 2Co 6:1-2; Sl 78:40-42).

Arminianos divergem entre si mesmos sobre alguns dos detalhes de como a graça preveniente de Deus funciona, provavelmente porque a própria Escritura não dá uma descrição detalhada. Alguns arminianos creem que Deus continuamente habilita todas as pessoas a crer em todo tempo como benefício da expiação. Outros creem que Deus somente concede a capacidade de em Cristo para pessoas em tempos selecionados de acordo com sua boa vontade e sabedoria. Ainda outros creem que graça preveniente geralmente acompanha quaisquer dos movimentos específicos de Deus em direção às pessoas, tornando-as capazes de responder positivamente a tais movimentos conforme Deus assim os efetuaria. Mas todos os arminianos concordam que as pessoas são incapazes de crer em Jesus à parte da intervenção da graça de Deus e que Deus de fato concede sua graça que traz para a salvação todas as pessoas moralmente responsabilizáveis. Com respeito ao Evangelho, o bispo arminiano do século XVII, Laurence Womack, bem dissera, "em todos aqueles que a palavra da fé é pregada, o Santo Espírito concede, ou está pronto para conceder, tanta graça quanto é suficiente, no grau adequado, para trazer-lhes à conversão".

O conceito de "vontade liberta" levanta uma questão mais geral de se seres humanos tenham livre arbítrio geralmente, à parte do domínio de agradar Deus e realizar o bem espiritual (novamente, as pessoas não são livres neste quesito a não ser que Deus as habilite). A resposta arminiana é sim. Pessoas têm livre arbítrio em toda espécie de coisas. Por isto nós queremos dizer que quando as pessoas são livres com respeito a uma ação, então elas podem pelo menos ou realizar a ação ou abster-se de fazê-la. Pessoas geralmente têm escolhas genuínas e são correspondentemente capazes de realizar escolhas. Quando livre, a escolha específica que alguém faz não foi eficientemente predeterminada ou necessitada por qualquer um ou qualquer coisa além da pessoa em si. De fato, se as ações da pessoa foram tornadas necessárias por outrem, e a pessoa não pode evitar realizar a ação, então ele não tem nenhuma escolha e ele não é livre neste quesito. E se ele não tem uma escolha, então nem pode propriamente ser dito que ele escolhe. Mas a Escritura bem claramente indica que as pessoas têm escolhas e fazem escolhas sobre muitas coisas (e.g., Dt 23:16; 30:19; Js 24:15; 2Sm 24:12; 1Rs 18:23, 25; 1Cr 21:10; At 15:22, 25; Fp 1:22). Além disto, ela explicitamente fala de liberdade humana (Ex 35:29; 36:3; Lv 7:16; 22:18, 21, 23; 23:38; Nm 15:3; 29:39; Dt 12:6, 17; 16:10; 2Cr 31:14; 35:8; Ed 1:4, 6; 3:5; 7:16; 8:28; Sl 119:108; Ez 46:12; Am 4:5; 2Co 8:3; Fm 1:14; cf. 1Co 7:37) e atesta seres humanos violando a vontade de Deus, mostrando que ele não predetermina suas vontades e ações para o pecado. Além disto, o fato de Deus manter as pessoas responsáveis por suas escolhas e ações implica que tais escolhas e ações foram livres. Não obstante, é importante lembrar que arminianos não creem em liberdade ilimitada. Existem muitas coisas nas quais não somos livres. Nós não podemos escolher voar batendo os braços por exemplo. Nem negamos que nossas ações são influenciadas por todas as espécies de causas. Mas quando somos livres, estas causas são resistíveis e nós temos uma escolha genuína do que fazemos e não são causadas necessariamente a agir de uma certa maneira por Deus ou por qualquer outra coisa além de nós mesmos.

Finalmente, o conceito de vontade liberta também implica que Deus tem definitivo e absoluto livre arbítrio. Pois é Deus que sobrenaturalmente libera a vontade dos pecadores pela sua graça para crerem em Cristo, o que é um assunto da própria livre vontade e soberania divina. Deus é onipotente e soberano, tendo o poder e autoridade para fazer qualquer coisa que ele queira e não sendo restrito em suas próprias ações e vontade por nada fora de si mesmo e seu próprio julgamento (Gn 18:14; Ex 3:14; Jó 41:11; Sl 50:10-12; Is 40:13-14; Jr 32:17, 27; Mt 19:26; Lc 1:37; At 17:24-25; Rm 11:34-36; Ef 3:20; 2Co 6:18; Rv 1:8; 4:11). Nada pode ocorrer exceto se ele fizer ou permitir. Ele é o Todo-Poderoso Criador e Deus do universo a quem devemos todo o amor, adoração, glória, honra, agradecimento, louvor, e obediência. Portanto, é bom para nós lembrar que detrás da vontade humana liberta está Aquele que liberta a vontade, e este é um assunto de sua gloriosa, livre, e soberana graça, totalmente imerecida de nossa parte, e providenciada para nós pelo amor e misericórdia de Deus. Louvado seja seu santo nome!

Eleição Condicional (Conditional Election – Artigo 1 dos Cinco Artigos da Remonstrância)

Existem duas visões principais sobre o que a Bíblia ensina acerca do conceito de eleição para salvação: se ela é condicional ou incondicional. A eleição ser incondicional significa que a escolha de Deus por aqueles que ele salvará não tem nada a ver com eles, que não foi nada sobre eles que contribui para a decisão de Deus em escolhê-los, o que parece tornar a escolha por Deus de qualquer indivíduo em detrimento de qualquer outro arbitrária. Isto também implica reprovação incondicional e arbitrária, a escolha por Deus de não salvar certos indivíduos mas daná-los pelos seus pecados por razão nenhuma a ver com eles, o que parece contradizer o espírito de numerosas passagens que enfatizam o pecado humano como razão para divina condenação bem como o desejo de Deus para que as pessoas se arrependam e sejam salvas (e.g. Gn 18:25; Dt 7:9, 12; 11:26-28; 30:15; 2Cr 15:1-2; Sl 145:19; Ez 18:20-24; Jo 3:16-18; veja também "Expiação para Todos" acima e o tratamento da reprovação por John Wesley , incluindo muito mais versos com breve comentário). A eleição ser condicional significa que a escolha por Deus daqueles que ele salvará tem algo a ver com eles, que parte de sua razão para escolher eles tem algo a ver com eles. Acerca da eleição para salvação, a Bíblia ensina que Deus escolhe para salvação aqueles que creem em Jesus Cristo e portanto tornam-se unidos a ele, fazendo a eleição condicional à fé em Cristo.

Desejando a salvação de todos, provendo expiação para todos, e tomando a iniciativa de trazer todas as pessoas à salvação entregando o evangelho e habilitando todos os que ouvem o evengelho a responder positivamente em fé (veja "Expiação para Todos" e "Livres para Crer" acima), Deus escolhe salvar aqueles que creem no evangelho / em Jesus Cristo (Jo 3:15-16, 36; 4:14; 5:24, 40; 6:47,50-58; 20:31; Rm 3:21-30; 4:3-5, 9, 11, 13, 16, 20-24; 5:1-2; 9:30-33; 10:4, 9-13; 1Co 1:21; 15:1-2; Gl 2:15-16; 3:2-9, 11, 14, 22, 24, 26-28; Ef 1:13; 2:8; Fp 3:9; Hb 3:6, 14, 18-19; 4:2-3; 6:12; 1Jo 2:23-25; 5:10-13, 20). Esta verdade bíblica clara e básica é equivalente a afirmar que a eleição para salvação é condicional à fé. Assim como a salvação é pela fé (e.g. Ef 2:8 – "8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé" (assim a eleição para salvação é pela fé, um ponto explicitamente exibido em 2Ts 2:13 – "Deus vos escolheu desde o princípio para salvação mediante santificação pelo Espírito e fé na verdade" (NASB; note: "Deus vos escolheu … mediante … fé na verdade"; sobre a gramática deste verso, veja aqui ). Ou como João 14:21 coloca (com a suposição não-afirmada que o amor por Cristo e obediência a seus mandamentos vêm da fé) "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele". Ou de novo, nas palavras de 1Co 8:3, "Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele". Além disto, nós encontramos várias expressões da condição de eleito/salvo sendo dada pela fé, i.e. concedida por Deus em resposta à fé. Crentes são justificados pela fé (Rm 3-4, Gl 3), adotados como filhos de Deus pela fé (Jo 1:12, Gl 3:26), herdeiros de Deus pela fé (Rm 4:13-16; Gl 3:24-29; Tt 3:7; cf. Rm 8:16-17), dados vida espiritual (= regenerados) pela fé (Jo 1:12-13; 3:14-16; Jo 5:24, 39-40; 6:47, 50-58; 20:31; Ef 2:4-8 [note que ser salvo aqui é igualado a ser levantado para a vida espiritual etc., e que isto é então dito como tomando lugar pela fé]; Cl 2:12; 1 Tm 1:16; Tt 3:7), santificados pela fé (At 26:18), dados o Espírito Santo pela fé (Jo 4:14; 7:38-39; At 2:33; Rm 5:1, 5; Ef 1:13-14; Gl 3:1-6, 14), habitados pelo Pai, Filho e Santo Esírito pela fé (com os parênteses anteriores, veja Jo 14:15-17, 23; 17:20-23; Ef 3:14-17), e unidos a Cristo pela fé (Jo 6:53-57; 14:23; 17:20-23; Ef 1:13-14; 2; 3:17; Gl 3:26–28; Rm 6; 1Co 1:30; 2Co 5:21).

Nós devemos ser cautelosos em não perder a expressão da situação de eleitos nos diversos estados de graça. O estado da justificação significa estar em correto relacionamento com Deus. Mas isto implica pertencer a ele como um de seu povo eleito. Adoção/filiação também é uma expressão clássica do Antigo Testamento sobre a eleição de aliança do povo de Deus (Ex 4:22-23). Isto envolve a ideia de pertencer a Deus da mais profunda maneira possível para seres humanos. Herança segue diretamente disto como uma expressão de eleição. Filhos, que pertencem a Deus, são herdeiros de suas bênçãos e promessas pactuais (Rm 8:16-17). Vida espiritual também implica situação de eleito porque é uma das bênçãos providas na aliança. Mas a conexão com a situação de eleito pactual é ainda maior, como Jo 17:3 revela que não apenas aqueles que pertencem a Jesus recebem vida eterna, mas esta vida eterna é conhecer Cristo/Deus, o que é melhor entendido como um relacionamento íntimo de aliança envolvendo a condição de eleitos: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste".

O fato que o Santo Espírito é dado a crentes sob a condição de fé em Cristo também é profundamente confirmatório da eleição condicional. Pois na Escritura a presença de Deus / o Santo Espírito é o doador e marcador da eleição. Como Moisés orou em Ex 33:15-16, "… Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui. Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra". Ou como Paulo estabelece em Rm 8:9-10, "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo está morto por causa do pecado, mas o Espírito é vida por causa da justiça" (ênfase acrescida). A concessão do Espírito acarreta eleição, e ter o Espírito faz a pessoa eleita. Portanto, tendo o Espírito também separa a pessoa como eleita. Mas o Espírito é dado aos crentes pela fé, fazendo a eleição também ser pela fé.

De um ponto de vista arminiano não-tradicional (veja mais abaixo sobre diferentes visões arminianas), isto acorda com os fatos que o Santo Espírito santifica os crentes e santificação é por vezes identificada com o meio pelo qual a eleição é obtida (2Ts 2:13, 1Pe 1:2). Santificar significa "ser feito santo, separado para Deus". A obra santificatória inicial do Espírito é mais ou menos equivalente a crentes-eleitos sendo escolhidos ou separados para serviço e obediência para ele. O Apóstolo Paulo conta à igreja dos tessalonicenses, "Deus vos escolheu desde o princípio para salvação mediante santificação pelo Espírito e fé na verdade" (2Ts 2:13 NASB). Eleição é aqui apresentada como tomando lugar mediante ou pela santificação que o Santo Espírito realiza. Mas como nós temos visto, o Santo Espírito é recebido pela fé, fazendo a santificação que ele traz também condicionada à fé e lançando luz na menção de "fé na verdade" seguindo imediatamente 2Ts 2:13. Semelhantemente 1Pe 1:1-2 fala dos "escolhidos refugiados … segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo…" Eleição toma lugar em ou pelo ou mediante a santificação efetivada pelo Espírito. Isto é, uma pessoa se torna eleita quando o Santo Espírito a separa como pertencente a Deus, para obediência para com Jesus Cristo e para aspersão com seu sangue (i.e. o perdão dos pecados), um ato consequente à entrega do Espírito, o que mais uma vez é a própria consequência da fé em Cristo.

O estado final da graça daqueles acima mencionado para nós considerarmos é a união com Cristo, que é o mais fundamental de todos eles, servindo como base de cada um. Como Ef 1:3 afirma acerca da Igreja, Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo". A frase "em Cristo" indica união com Cristo, um estado no qual se adentra pela fé, como já mencionado. Em Ef 1:3, união com Cristo é dada como condição para as bênçãos de Deus para a Igreja. Isto é, Deus abençoou a Igreja com toda sorte de bênçãos espirituais como consequência de serem unidos a Cristo (cf. Rm 9:7b – "Em Isaque será chamada sua descendência", o que claramente significa que a descendência de Abraão seria nomeada como consequência de estar em Isaque, i.e. aqueles conectados a Isaque seriam contados como descendência de Abraão). Uma das bênçãos espirituais especificadas como entre cada bênção espiritual com a qual a Igreja foi abençoada é eleição (Ef 1:4). Agora se Deus abençoou a Igreja com toda bênção spiritual como consequência de estar unida a Cristo, e a eleição é uma destas bênçãos, então isto significa que a eleição é condicional à união com Cristo e à fé pela qual esta união é estabelecida.

Mais diretamente, Ef 1:4 explicitamente indica a condição de eleição especificamente com a frase "nEle [em Cristo]": "nos elegeu nele antes da fundação do mundo". Bem como Deus nos abençoou em Cristo com toda bênção espiritual indica que Deus nos abençoou porque estamos em Cristo (Ef 1:3), então Deus nos escolhendo em Cristo indica que Deus nos escolheu por causa de nossa união com Cristo (Ef 1:4). Efésios 1:4, portanto, articula eleição condicional, uma eleição que é condicional à união em Cristo. Mas o fato que união com Cristo é condicional à fé nele faz a eleição também condicional à fé em Cristo.

A próxima frase em Efésios 1:4 – "antes da fundação do mundo" – nos traz a uma diferença de opinião entre arminianos sobre a natureza da eleição incondicional. A visão tradicional concebe eleição condicional como sendo individualística, com Deus escolhendo separadamente antes da fundação do mundo cada indivíduo que ele dantes soube que livremente estaria em Cristo pela fé e perseveraria nesta fé-em-união. A visão parece encontrar impressionante suporte em duas passagens proeminentes que relatam-se com a eleição.

Romanos 8:29 diz "Porque os que previamente conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos". Agora sem questão, o pré-conhecimento de Deus sobre os seres humanos é total e incluiria conhecimento anterior de cada pessoa e se creria ou não. E em Rm 8:29, presciência divina é apresentada como a condição para predestinação. Dado tudo que foi dito até aqui, muitos chegariam que a presciẽncia de Deus sobre a fé dos crentes seria o elemento mais natural de sua presciência deles ser determinativo de sua decisão de salvá-los e predestiná-los para serem conformes à imagem de Cristo.

A outra passagem proeminente provendo suporte para eleição sendo condicionada à presciência divina sobre a fé humana é 1Pe 1:1-2, que fala da situação de eleito como sendo "segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo". Aqui a situação de eleito é explicitamente dito como sendo baseado na presciẽncia de Deus. E novamente, o tipo de evidência que estamos revendo leva muitos a crer que é especialmente presciência da fé dos crentes que está em vista como aquela a qual a eleição divina conforma. Desde que este texto não especifica a presciência em vista como sendo de pessoas, outra opção compatível com ambas as visões arminianas de eleição tomaria a presciência divina em 1Pe 1:2 como sendo do próprio plano de Deus para salvação, significando que eleição é baseada no plano de Deus para salvar aqueles que creem.

A visão arminiana não-tradicional da eleição é conhecida como eleição corporativa. Ela observa que a eleição do povo de Deus no Antigo Testamento foi consequência da escolha de um indivíduo que representou o grupo, o cabeça e representante corporativo. Em outras palavras, o grupo foi eleito no cabeça corporativo, isto é, como consequência de sua associação com o representante corporativo (Gn 15:18; 17:7-10, 19; 21:12; 24:7; 25:23; 26:3-5; 28:13-15; Dt 4:37; 7:6-8; 10:15; Ml 1:2-3). Além disso, indivíduos (tais como Raabe e Rute) que não eram naturalmente relacionados ao cabeça corporativo poderiam unir-se ao povo escolhido e à identidade, história, eleição, e bênçãos do cabeça e povo eleitos. Houve uma série de cabeças de alianças no Antigo Testamento – Abraão, Isaque, e Jacó, e a escolha de cada novo cabeça do pacto trouxe uma nova definição do povo de Deus baseado na identidade do cabeça da aliança (juntamente com as referências anteriores deste parágrafo, veja Rm 9:6-13). Finalmente, Jesus Cristo veio como cabeça da Nova Aliança (Rm 3-4; 8; Gl 3-4; Hb 9:15; 12:24)— ele é o Escolhido (Mc 1:11; 9:7; 12:6; Lc 9:35; 20:13; 23:35; Ef 1:6; Cl 1:13; e numerosas referências a Jesus como Cristo/Messias) – e qualquer um unido a ele vem a compartilhar sua identidade, história, eleição, e bênçãos da aliança (nos tornamos coerdeiros com Cristo – Rm 8:16-17; cf. Gl 3:24-29). Portanto, a eleição é "em Cristo" (Ef 1:4), consequência da união com ele pela fé. Assim como o povo de Deus na Antiga Aliança foi escolhido em Jacó/Israel, assim o povo de Deus na Nova Aliança é escolhido em Cristo.

Alguns têm erroneamente tomado o apelo de Paulo em Romanos 9 para a eleição discricionária dos cabeças das alianças anteriores como sendo indicação de que a eleição de Deus para salvação é incondicional. Mas a eleição do cabeça da aliança é única, acarretando a eleição de todos que são identificados com ele em vez de que cada membro individual do povo eleito foi escolhido como um indivíduo para tornar-se parte do povo eleito da mesma forma que o cabeça corporativo foi escolhido. Em harmonia com esta grande ênfase em Romanos sobre salvação/justificação sendo pela fé em Cristo, Paulo apela para a eleição discricionária de Isaque e Jacó a fim de defender o direito de Deus em fazer a eleição ser pela fé em Cristo em vez de obras ou ascendência, bem como sua conclusão na seção evidencia, referindo-se à situação eletiva da justificação:

[30] Que, pois, diremos? Que os gentios, que não buscavam a justiça, obtiveram a justiça, a justiça que épela fé,

[31] porém Israel, que buscava a Lei da justiça, não alcançou a Lei?

[32] Por quê? Porque não a buscavam pela fé, mas sim como que pelas obras. Tropeçaram na pedra de tropeço

{Romanos 9:30-32 BLIVRE}

(Para um bom artigo sobre Romanos 9, veja aqui .)

A metáfora da oliveira por Paulo em Rm 11:17-24 dá uma excelente figura da perspectiva da eleição corporativa. A oliveira representa o povo eleito de Deus. Mas indivíduos são enxertados no povo eleito e participam na eleição e suas bênçãos pela fé ou são arrancados do povo escolhido de Deus e de suas bênçãos por causa da descrença. O foco da eleição é o povo corporativo de Deus com indivíduos participando da eleição por meios de sua participação (mediante fé) no grupo eleito, que compreende a história da salvação. Efésios 2:11-12 semelhantemente atesta que os gentios que creem em Cristo são nele feitos para ser parte do corpo de Israel, cidadãos companheiros com os santos, membros da família de Deus, e possessores das alianças da promessa (2:11-12; note especialmente os versos 12,19).

Enquanto concordando que Deus conheça o futuro, incluindo os que crerão, a perspectiva da eleição corporativa tende a entender as referências ao pré-conhecimento em Rm 8:29 e 1Pe 1:1-2 como referindo-se ao conhecimento relacional anterior que se resume a previamente reconhecer ou contar ou adotar ou escolher pessoas como pertencendo a Deus (i.e. em relacionamento/parceria de aliança). A Bíblia algumas vezes menciona este tipo de conhecimento, tal como quando Jeus fala dos que nunca se submeteram verdadeiramente ao seu senhorio: "Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt 7:23; cf. Gn 18:19, Jr 1:5, Os 13:2-5, Am 3:2, 1Co 8:3). Nesta visão, ser escolhido de acordo com a presciência significa ser escolhido por causa da eleição anterior de Cristo e do povo corporativo de Deus nele. "Os [plural] que previamente conheceu" em Rm 8:29 referir-se-ia à Igreja como um corpo corporativo e sua eleição em Cristo bem como sua identidade como a legítima continuação do povo escolhido de Deus histórico, que crentes individuais compartilham na união-em-fé com Cristo e participação no seu povo. Tal referência é relacionada com afirmações na Escritura ditos a Israel sobre Deus escolhendo-os no passado (i.e. pré-conhecendo eles), uma eleição que a geração contemporânea sendo abordada compartilhava (e.g., Dt 4:37; 7:6-7; 10:15; 14:2; Is 41:8-9; 44:1-2; Am 3:2). Em cada geração, Israel poderia ser dita como escolhida.

A Igreja agora compartilha esta eleição mediante Cristo, o cabeça e mediador da aliança (Rm 11:17-24; Ef 2:11-22).

Semelhantemente, ser escolhido em Cristo antes da fundação do mundo referir-se-ia a compartilhar a eleição de Cristo que tomou lugar antes da fundação do mundo (1Pe 1:20). Como Cristo incorpora e representa seu povo, pode ser dito que seu povo foi eleito quando ele o foi bem como pode ser dito que a nação de Israel estava no útero de Rebeca antes de sua existência porque Jacó estava (Gn 25:23) e que Deus amou/escolheu Israel amando/escolhendo Jacó antes de a nação de Israel existir (Ml 1:2-3) e que Levi pagou dízimo a Melquisedeque em Abraão antes de Levi existir (Hb 7:9-10) e que a igreja morreu, levantou-se e foi assentada com Cristo antes mesmo de a Igreja sequer existir (Ef 2:5-6; cf. Cl 2:11-14; Rm 6:1-14) e que nós (a Igreja) estamos assentados nos lugares celestiais em Cristo quando nós ainda não estamos literalmente no Paraíso mas Cristo está. A eleição de Cristo acarreta a eleição daqueles que estão unidos a ele, e portanto nossa eleição pode ser tida como tendo tomado lugar quando a dele ocorreu, mesmo antes de nós de fato estarmos unidos a ele. Isto é de certo modo semelhante a como eu, enquanto americano, posso dizer que nós (a América) vencemos a Revolutionary War antes que eu ou qualquer americano vivo hoje tenha sequer nascido.

A visão corporativa explica por que somente aqueles que na realidade são do povo de Deus são chamados de eleitos ou apelações semelhantes na Escritura, e não aqueles que não pertencem a Deus mas um dia pertencerão. No Novo Testamento, somente crentes são identificados como eleitos. Como Romanos 8:9 afirma, "… Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele". Semelhantemente, Rm 11:7-24 apóia o entendimento corporativo da eleição como referindo-se somente àqueles que estão na realidade em Cristo pela fé em vez de também incluir certos descrentes que foram escolhidos para crer desde a eternidade. Porque em Romanos 11:7, "os outros" são não-eleitos. Mas Paulo cria que estes dentre os outros podiam crer ainda, revelando que eleito é um termo dinâmico que permite desvio de e entrada para os eleitos como retratado na passagem da metáfora da oliveita. Desde que a eleição de indivíduos deriva da eleição de Cristo e do povo corporativo de Deus, indivíduos tornam-se eleitos quando eles creem e permanecem eleitos apenas enquanto eles creem. Portanto 2Pe 1:10 urge aos crentes para "mais diligentemente confirmar o vosso chamado e eleição" e o Novo Testamento é recheado de alertas para perseverar na fé e evitar abandonar a eleição/salvação (veja "Segurança em Cristo" abaixo; para uma introdução à visão corporativa com links para mais fontes, veja aqui ).

Sumarizando, existem duas visões diferentes de eleição condicionada à fé. Primeiro, a eleição individual é a visão clássica, na qual Deus individualmente escolhe cada crente baseado em sua presciência da fé de cada um e assim predestina cada um deles à vida eterna. Segundo, eleição corporativa é a principal visão alternativa, mantendo que a eleição para salvação é primariamente da Igreja como povo e adota indivíduos somente na união-em-fé com Cristo O Escolhido e como membros de seu povo. Além disso, desde que a eleição de indivíduos deriva da eleição de Cristo e o povo corporativo de Deus, indivíduos tornam-se eleitos quando eles creem e permanecem eleitos apenas enquanto creem. Eleição condicional é apoiada pela Escritura por (veja a discussão acima para explanações):

  1. Afirmação direta;
  2. Salvação pela fé;
  3. Várias expressões da situação de eleição sendo pela fé;
  4. A apresentação da eleição como baseada na presciência de Deus, seja a da fé humana ou equivalente à escolha anterior de Cristo e/ou o povo de Deus como um corpo corporativo no qual indivíduos participam pela fé;;
  5. Eleição sendo "em Cristo", que é um estado em si mesmo condicional à fé;
  6. A linguagem da eleição sendo aplicada somente a crentes e não a crentes que depois creriam;
  7. O desejo de Deus para a salvação de todos;
  8. A provisão de expiação para todos;
  9. A proclamação da chamada do Evangelho para todos;
  10. A atração de todos para a fé em Cristo;
  11. Liberdade humana (para este e os outros 4 pontos anteriores, veja "Expiação para Todos" e "Libertos para Crer" acima); e
  12. Numerosas advertências contra o abandono da fé e portanto da situação de eleição e suas bênçãos da salvação.

A doutrina da eleição condicional centra a eleição em Cristo tornando-a condicional à união com ele em vez de reduzir o papel de Cristo como sendo o meio pela qual a eleição é efetuada. Além disso, eleição condicional sublinha a iniciativa graciosa na salvação em direção a pessoas totalmente depravadas e encoraja a humildade e adoração para a maravilhosa graça de Deus em escolher aqueles que merecem o Inferno para adoção em sua família, salvação, e toda bênção espiritual, um dom livre recebido pela fé (a condição não-meritória para eleição) pelo maior custo para Deus, que sacrificou seu próprio Filho para que pudesse nos escolher, e pelo maior custo para Jesus Cristo, que morreu por nós para que nós pudéssemos ser escolhidos por Deus. Toda glória e louvor a Deus somente!

Segurança em Cristo (Security in Christ - Artigo 5 dos Artigos da Remonstrância)

Em sua base, "Segurança em Cristo" significa que a salvação da pessoa está segura enquanto está em Cristo, isto é, enquanto ela crê/confia em Cristo e portanto permanece unido em fé com Cristo. A segurança da salvação deve ser baseada em Cristo, as promessas de sua palavra, e nosso relacionamento de fé com ele em vez de algum decreto divino insondável pelo qual é dito que Deus escolheu certas pessoas para salvação incondicionalmente. Um decreto divino incondicional que não pode ser conhecido até o fim da vida não pode prover confirmação da salvação e torna a segurança da salvação sem valor para a confiança dos crentes.

Arminianos divergem acerca da natureza mais específica da salvação. Existe alguma disputa sobre ser o próprio Arminius acreditava na possibilidade de apostasia (uma palavra que significa abandono da fé) para verdadeiros crentes ou se ele estava indeciso acerca da questão. Mas a maioria dos estudiosos concorda que Arminius acreditava que verdadeiros crentes poderiam cair da fé em Cristo e portanto da salvação. Por outro lado, os pioneiros arminianos, que eram conhecidos como Remonstrantes e alinharam-se a Arminius nos debates teológicos da Holanda do século XVII, estavam originalmente indecisos sobre se verdadeiros crentes poderiam ou não cometer apostasia. Mas eles chegaram à conclusão última de que eles podem.

Tradicionalmente, arminianos têm crido que verdadeiros crentes podem desertar da fé em Cristo e assim perecer como descrentes, perdendo sua salvação, e o rótulo teológico arminiano normalmente tem incluído essa posição doutrinária. Porém, os fatos que existe algum questionamento sobre a própria posição de Arminius, e os pioneiros arminianos, junto da primeira afirmação confessional da teologia arminiana, por eles cunhada, conhecida como "Os Cinco Artigos da Remonstrância", explicitamente indicava incerteza acerca de se a apostasia é possível para verdadeiros crentes, sugerindo que a doutrina não era um elemento essencial da teologia arminiana conceitualmente. Portanto, parece melhor classificar como arminianos aqueles que concordam com o arminianismo em cada outro ponto da disputa acerca da doutrina da salvação. Mais precisamente, eles podem ser considerados "arminianos de quatro pontos" ou "arminianos moderados", mas mesmo assim arminianos. Arminianos moderados podem usar o S do acrônimo FACTS para articular sua crença de que a segurança em Cristo significa em parte que Deus assegurará que crentes não desertarão de sua fé e portanto não perecerão como descrentes. Mas esta descrição da doutrina arminiana da segurança/perseverança focará na posição arminiana tradicional de crença na possibilidade de apostasia, dado que esta é uma posição histórica e distintiva ainda que não essencialmente arminiana.

Todos os arminianos (para não mencionar calvinistas tradicionais) concordam que perseverar em fé é necessário para a salvação final. De fato, a posição de que isto não é necessário (adotada pelo que algumas vezes é conhecido como "calvinistas moderados") era virtualmente inexistente até o século XX. Talvez tão chocante seja a posição que concorda que perseverar em fé é necessário para a salvação final mas adota que é impossível para verdadeiros crentes afastarem-se da sua fé não foi defendida em quaisquer escritos cristãos existentes até coisa de 1500 anos na história da igreja! Enquanto tais considerações históricas não possam ser decisivas em matérias teológicas, elas oferecem forte aviso de cuidado àqueles que adotam estas posições mais noveis, e pesa em favor da posição arminiana tradicional.

O fato que a salvação é condicionada à fé (veja "Expiação para Todos" e "Eleição Condicional" acima) e que a condenação é parcialmente condicional à descrença (Jo 3:16-18,36) implica que continuar em fé é necessário para a salvação final. Colocando simplesmente, crentes serão salvos, mas descrentes perecerão. Se alguém vai de crente a descrente, então ele será perdido. Vemos este tipo de ideia bem claramente em Ezequiel 33:13-19,

[13] Quando eu ao justo: Certamente viverá, e ele, confiante em sua justiça, passar a praticar perversidade, todas suas justiças não serão lembradas, mas na perversidade que fez, por ela morrerá.

[14] E quando eu disser ao perverso: Certamente morrerás; se ele se converter de seu pecado, e praticar juízo e justiça,

[15] Se o perverso restituir o penhor, devolver o que tiver roubado, e caminhar nos estatutos da vida, não fazendo maldade, certamente viverá; não morrerá.

[16] Nenhum de seus pecados que tinha cometido lhe será lembrado; praticou juízo e justiça; certamente viverá.

[17] Porém os filhos de teu povo dizem: Não é correto o caminho do Senhor; é o caminho deles que não é correto.

[18] Se o justo se desviar de sua justiça, e fizer perversidade, por causa dela morrerá.

[19] E se o perverso se converter de sua perversidade, e passar a praticar juízo e justiça, por causa deles viverá.

{Ezequiel 33:13-19 BLIVRE}

(Compare o princípio similar acerca de nações em Jr 18:7-11.)

Ou como Deuteronômio 29:18-20 estabelece,

[18] Para que não haja entre vós homem, ou mulher, ou família, ou tribo, cujo coração se volte hoje de com o SENHOR nosso Deus, por andar a servir aos deuses daquelas nações; que não haja em vós raiz que lance veneno e amargura;

[19] E seja que, quando o tal ouvir as palavras desta maldição, ele se abençoe em seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande segundo o pensamento de meu coração, para acrescentar a embriaguez à sede:

[20] O SENHOR se recusará a lhe perdoar; antes fumegará logo o furor do SENHOR e seu zelo sobre o tal homem, e se assentará sobre ele toda maldição escrita neste livro, e o SENHOR apagará seu nome de debaixo do céu:

{Deuteronômio 29:18-20 BLIVRE}

A palavra profética registrada em 2Cr 15:2 estabelece o princípio de mais uma forma: "Ouvi-me, Asa, e todo Judá e Benjamim: o SENHOR é convosco, se vós fordes com ele: e se lhe buscardes, será achado de vós; mas se lhe deixardes, ele também vos deixará".

No Novo Testamento, uma espécie semelhante de princípio aplica-se à fé em Cristo e à salvação. 2Tim 2:12 estabelece bem claramente, "se sofrermos, também com ele {Cristo} reinaremos; se o negamos, também ele nos negará". E em contraste à perseguição e engano, Jesus declara "Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo". De fato, uma das principais preocupações do Discurso da Oliveira do Senhor é alertar seus seguidores a serem atentos e vigilantes para perseverar em lealdade a Jesus apesar das várias pressões ou tentações de afastar-se a fim de que não acabem sendo barrados de seu reino e salvação (Mt 24:4, 13, 23-24, 26, 42-51; 25:1-13, 26-30). Existem muitos alertas como este no Novo Testamento, testificando pela possibilidade de apostasia, já que seria desnecessário alertar contra impossibilidades. (A posição de que a apostasia é impossível e que os alertas garantem que verdadeiros crentes obedecerão os alertas é fraca porque o crente deveria saber que ele está sendo alertado contra algo que ele não pode fazer e sobre consequências que ele não pode jamais experimentar, o que nulifica a motivação de obedecer tais alertas.) Existem passagens bíblicas que podem soar como se garantissem incondicionalmente a salvação a crentes tal que deve-se assumir que Deus assegurará que crentes não se afastem da fé. Mas o pensamento que crentes podem desertar da fé e perder a salvação é uma preocupação pervasiva no Novo Testamento, vista em numerosas passagens, seja direta ou indiretamente. Portanto, passagens que parecem ser incondicionais porque não estabelecem explicitamente uma condição são melhor compreendidas se assumirmos a condição de perseverança em fé e a capacidade de desertar da fé em vez de assumir que Deus não permitirá ao crente deixar de crer. Passagens que se referem diretamente à apostasia, aquelas que indicam condicionalidade ou incerteza acerca da consecução da salvação final dos presentemente crentes, e aquelas que alertam os crentes contra o afastar-se de Cristo e assim perecer manifestam, todas elas, a possibilidade de verdadeiros crentes naufragarem de sua fé.

Em Marcos 8:38, Jesus alertou seus discípulos, "Porque todo aquele que se envergonhar de mim e de minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, também o Filho do homem, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos, envergonhar-se-á dele". Em outro momento ele os avisa, Vós sois o sal da terra; mas se o sal perder seu sabor, com que se salgará? Para nada mais presta, a não ser para se lançar fora, e ser pisado pelas pessoas". (Mt 5:13). Em Mt 6:15, Jesus alerta, "Mas se não perdoardes às pessoas suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará vossas ofensas". A significância desse alerta é vividamente ilustrada na parábola do servo incompassivo, na qual um rei perdoa seu servo porém então retrata o perdão porque o servo não perdoa seu colega servo. A conclusão da parábola é notável:

[32] Assim o seu senhor o chamou, e lhe disse: “Servo mau! Toda aquela dívida te perdoei, porque me suplicaste.

[33] Não tinhas tu a obrigação de ter tido misericórdia do sevo colega teu, assim como eu tive misericórdia de ti?”

[34] E, enfurecido, o seu senhor o entregou aos torturadores até que pagasse tudo o que lhe devia.

[35] Assim também meu Pai celestial vos fará, se não perdoardes de coração cada um ao seu irmão suas ofensas.

{Mateus 18:32-35 BLIVRE}

A mensagem é clara: mesmo se os pecados de uma pessoa forem perdoados e, portanto, essa pessoa é salva, Deus cancelará o perdão dessa pessoa se ela não perdoar seus companheiros crentes, revogando-lhe a salvação.

Porém, desde que a salvação e justificação são pela fé e não por obras, e a fé leva à obediência (Rm 1:5; 14:23; 16:26; Gl 5:6; 1Ts 1:3; 2Ts 1:11; Hb 11; Tg 2:14-26), estes tipos de passagens não devem ser tomadas a fim de indicar que o pecado por si só resulta na perda da salvação (ainda que alguns arminianos acreditam nisso), seja qualquer pecado em particular ou certos pecados encandalosos. Em vez disso, contínua recusa ao arrependimento do pecado por aquele que tem sido crente e continua a professar ser um crente reflete que a pessoa não está mais verdadeiramente confiando em Cristo como Senhor e Salvador, e é este desertar da fé genuína que realmente leva à rejeição prática do senhorio de Cristo e a perda da salvação, mesmo que a pessoa ainda professe fé em Cristo. Como Paulo menciona em Tito 1:16, existem aqueles que "declaram que conhecem a Deus, mas com as obras eles o negam". De fato, Jesus afirmou que o Pai corta qualquer pessoa nele que não produz fruto (Jo 15:1-6). Aqui temos uma figura de algo estando em Cristo, um estado de salvação, e então estando fora de Cristo, isto é, tirado de tal estado de salvação (união com Cristo) para um estado não-salvo. Como Jesus declara em João 15:6, "Se alguém não estiver em mim, é lançado fora, como o ramo, e seca-se; e os colhem , e os lançam no fogo, e ardem", uma imagem de julgamento final. Desde que união com Cristo e obediência são pela fé (veja "Eleição Condicional" acima e referências no início do parágrafo), a falha em produzir frutos revela que a fé foi abandonada e o Pai remove o apóstata prático da união com Cristo. É parcialmente por isso que Jesus incita seus discípulos a permanecer nele, o que mais basicamente significa continuar a confiar nele, o que seria uma exortação sem sentido se fosse impossível para eles abandoná-lo.

Em sua explanação da parábola do semeador no Evangelho de Lucas, Jsus indica que crer leva à salvação (Lc 8:12), mas fala de alguns que "recebem a palavra com alegria … creem por algum tempo, mas no tempo da tentação se desviam" (Lc 8:13). Ele também fala de alguns que produzem fruto que não dura (literalmente, não amadurece) porque é "sufocado com as preocupações, e riquezas, e prazeres da vida" (Lc 8:7,14). Todas as respostasincrédulas à palavra de Deus na parábola são contrastadas à resposta fiel que persevera em aderência à palavra (Lc 8:15). Claramente, apegar-se à palavra é implicitamente recomendado pela parábola e afastar-se dela é implicitamente condenado. Porém, se aqueles que se afastam meramente se afastam de uma forma de fé falsa, então isso não poderia ser apresentado como uma coisa ruim. Em vez disso, a parábola alerta contra cair da verdadeira fé e incita a perseverança na mesma. Como disse Jesus ao homem que prometeu segui-lo após dizer adeus à família, "Ninguém que colocar a sua mão no arado e olhar para trás é apto para o reino de Deus" (Lc 8:32).

Em Rm 8:13 o apóstolo Paulo alerta os crentes, "porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis". Mais pontualmente, em Romanos 11, abordando os crentes gentios e contrastando-os com os descrentes judeus, Paulo alerta-os de que Deus os cortará se não continuarem em fé:

[20] É verdade. Por causa da incredulidade eles foram quebrados, e tu, por causa da fé estás firme. Não tenhas orgulho, mas sim temor,

[21] pois, se Deus não poupou os ramos naturais, ele poderá não poupar a ti também.

[22] Olha, pois, a bondade e severidade de Deus; a severidade sobre os que caíram, mas a bondade sobre ti, se continuares na bondade; de outra maneira, também tu serás cortado fora.

[23] E também eles, se não continuarem na incredulidade, serão enxertados, porque Deus é poderoso para enxertá-los de volta.

{Romanos 11:20-23 BLIVRE}

Apenas a crença na possibilidade de apostasia pode fazer justiça a esse texto. A doutrina conhecida como "segurança eterna" ou "uma vez salvo para sempre salvo", seja na forma da perseverança inevitável ou na da perseverança desnecessária, almeja convencer o crente a não temer que seja cortado do povo de Deus e de sua salvação por alguma razão. Mas isto é perfeito oposto da intenção de Paulo aqui, onde ele expressamente convoca crentes a temer serem cortados do povo de Deus pela descrença.

O próprio Paulo temia que os crentes pudessem abandonar Cristo e perecer. Ele estava preocupado que as ações de alguns crentes pudessem evar outros crentes a desviar-se e perecer (Rm 14:15, 20-21; 1Co 8:9-13; cf. 3:16-17). Mais notavelmente, ele alertou os coríntios contra perecer mediante a infidelidade, usando o exemplo de Israel (1Co 10:1-13) e evantualmente declarando "Portanto, aquele que pensa estar de pé, olhe para que não caia" (1Co 10:12). Ele já havia alertado,

[9] Ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não erreis: nem os pecadores sexuais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os sexualmente efeminados, nem os homens que fazem sexo com homens,

[10] Nem os ladrões, nem os gananciosos, nem os beberrões, nem os maldizentes, nem os extorsores herdarão o Reino de Deus.

{1Coríntios 6:9-10 BLIVRE}

Ele além disso fala aos coríntios,

[1] Também irmãos, eu vos declaro o Evangelho, que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes, no qual também estais.

[2] Pelo qual também sois salvos, se retiverdes a palavra naquela maneira, em que eu vos tenho anunciado; a não ser se tenhais crido em vão.

{1Coríntios 15:1,2 BLIVRE}

Mais tarde, quando eles caíram sob a influência dos falsos mestres (referenciados, por exemplo, em 2Cor 11:1-6, 12-15), ele lhes disse

[2] Pois estou zeloso de vós com zelo de Deus, porque tenho vos preparado para vos apresentar como uma virgem pura, a um marido, isto é, a Cristo.

[3] Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia, também assim em alguma maneira vossas mentes se corrompam da simplicidade que está em Cristo.

[4] Porque se aquele que vem pregasse a outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebêsseis outro espírito que não recebestes, ou evangelho diferente do que aceitastes, certamente vós o aceitaríeis.

{2Coríntios 11:2-4 BLIVRE}

Ele também os incita a não receber a graça de Deus em vão (2Co 6:1), os exorta:

[5] Examinai-vos a vós mesmos, se estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não conheceis a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? A menos que vós estejais reprovados.

[6] Mas espero que vós entendereis que nós não somos reprovados.

{2Coríntios 13:5-6 BLIVRE}

Ele além disso ora por sua restauração (2Co 13:9).

Um dos principais propósitos da epístola de Paulo aos crentes da Galácia era persuadi-los a não abandonar Cristo por um falso evangelho. Aparentemente eles estavam no processo de fazer exatamente isso, e assim a epístola de Paulo argumenta com urgência e paixão para resgatá-los deste desastroso caminho. Anteriormente na epístola, ele exclama, "Admiro-me de que tão rapidamente desviastes daquele que vos chamou na graça de Cristo, em troca de outro evangelho" (Gl 1:6), uma questão tão séria que Paulo depois exclama,

[8] Porém, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, maldito seja.

[9] Como já havíamos dito, volto também agora a dizer: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, maldito seja.

{Gálatas 1:8-9 BLIVRE}

Paulo estava profundamente preocupado pelas almas dos cristãos gálatas, clamando, "Ó insensatos gálatas, quem vos iludiu para não obedecerdes à verdade?" Sua insensatez estava em voltar da fé para as obras para a possessão do Espírito e participação no povo de Deus (Gl 3:2-6), o que fazia seu sofrimento pela fé vão (Gl 3:4) desde que isso desperdiçaria sua salvação se assim fosse feito. Portanto, ele os lembrava que "… todos os que são das obras da Lei estão sob maldição" (Gl 3:10) e olhes perguntava, "Mas agora, que conheceis Deus, mais que isso, por Deus sois conhecidos, por que voltais outra vez aos fracos e miseráveis princípios elementares, aos quais quereis servir de novo?" (Gl 4:9). Ele referia a esses crentes como "Meus filhinhos, por quem volto a sofrer dores de parto, até que Cristo seja formado em vós" (Gl 4:19) e estabeleceu claramente que ele estava perplexo sobre eles (Gl 4:20). Alguns desejavam estar debaixo da lei (Gl 4:21).

Em Gl 5:1-4, Paulo deixa absolutamente claro que verdadeiros crentes (a quem suas palavras são endereçadas) podem afastar-se da fé e da graça, e acabar não se beneficiando de Cristo (i.e. sem salvação):

[1] Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não volteis a vos prender com o jugo da escravidão.

[2] Eis que eu, Paulo, vos digo, que se vos deixardes circuncidar, Cristo vos será útil em nada.

[3] E de novo atesto que todo homem que se deixar circuncidar está obrigado a obedecer a toda a Lei.

[4] Desligados estais de Cristo, vós que quereis ser justos pela Lei; da graça caístes.

{Gálatas 5:1-4 BLIVRE}

Em 5:1, não haveria razão para Paulo exortar os cristãos gálatas a não se submeter novamente ao jugo da escravidão se não fosse possível a eles assim o fazer. Nem faria sentido em 5:2 que ele os alertasse de que aceitar a circuncisão faria de Cristo utilidade nenhuma para eles, o que significaria salvação nenhuma. Surpreendentemente, em 5:4 Paulo afirma que alguns dos cristãos gálatas estavam desligados de Cristo, o que ele descreve como caídos da graça. Seria difícil imaginar uma expressão sucinta mais clara da deserção do relacionamento salvífico com Cristo, embora Paulo estava procurando trazer aqueles em vista de volta à fé salvífica bem como alertar os outros a não seguir o mesmo caminho fadado ao fracasso. A situação da igreja gálata dirigindo-se à adoção de um falso evangelho e alguns deles até mesmo já tendo assim feito levam Paulo a dizer,

[7] Estáveis correndo bem; quem vos impediu de obedecerdes à verdade?

[8] Esta persuasão não parte daquele que vos chama.

{Gálatas 5:7-8 BLIVRE}

Após listar as obras da carne (Gl 5:19-21a), Paulo alerta os crentes gálatas mais uma vez: "assim como eu também haviavos dito antes que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus" (Gl 5:21b). E então mais uma vez:

[7] Não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer; pois, o que o ser humano semear, isso também colherá.

[8] Pois quem semear para a sua carne, da carne colherá degradação; mas quem semear para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.

[9] Porém não cansemos de fazer o bem, pois no tempo devido colheremos, se não desistirmos.

{Gálatas 6:7-9 BLIVRE}

Ele emite um tipo semelhante de alerta em Efésios:

[5] Pois sabeis disto, que nenhum pecador no sexo, ou impuro, ou ganancioso, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.

[6] Ninguém vos engane com palavras vazias; pois por essas coisas a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência.

[7] Portanto não sejais parceiros deles.

{Efésios 5:5-7 BLIVRE}

Note que nestes dois últimos lugares há um alerta de não ser enganado acerca desta questão, como se Paulo já estivesse contra-atacando o ensino que crentes não podem realmente afastar-se da fé e viver em pecado ou que crentes podem viver em pecado e ainda assim serem salvos. O próprio fato que Paulo alerta crentes contra essas coisas implica que eles podem cair nelas e experimentar as ameaçadoras consequências.

A epístola aos colossenses também é endereçada a crentes que estavam encarando falso ensino e estavam em perigo de desertar do verdadeiro evangelho. Portanto, Paulo rezava por sua perseverança (Cl 1:11) e sublinhava que sua presente reconciliação com Deus redundaria em aceitação final "se, de fato, permaneceis fundados e firmes na fé, e não vos afastais da esperança do evangelho que ouvistes" (Cl 1:23; cf 1Tm 2:15). Além disso, ele os incita a continuar caminhando com Cristo como seu Senhor (Cl 2:6) e os alerta: "Cuidado que ninguém vos tome cativos por meio de filosofias e de enganos vãos, conforme a tradição humana, conforme os elementos do mundo, e não conforme Cristo" (Cl 2:8).

Como para a igreja dos tessalonicenses, Paulo estava grandemente preocupado que eles pudessem desertar da fé por causa da perseguição, o que faria pouco sentido se ele pensasse que Deus não permitiria a eles abandonar a fé. Como Paulo recontou-lhes,

[1] Por isso, como não podíamos mais suportar, decidimos ficar sozinhos em Atenas,

[2] e enviamos Timóteo, nosso irmão e servidor de Deus, e cooperador nosso no Evangelho de Cristo, para vos fortalecer e vos encorajar quanto a vossa fé;

[3] a fim de que ninguém se abale por essas aflições; pois vós mesmos sabeis que para isso fomos destinados.

[4] Pois quando ainda estávamos convosco vós dizíamos com antecedência que seríamos afligidos, como aconteceu, e vós sabeis.

[5] Por isso, como não podia mais suportar, eu o enviei para saber de vossa fé. Eu temia que o tentador houvesse vos tentado, e o nosso trabalho houvesse sido inútil.

{1Tessalonicenses 3:1-5 BLIVRE}

Num momento posterior, ele os exorta, "Portanto, irmãos, ficai firmes, e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por carta nossa" (2Ts 2:15), o que seria desnecessário se eles não pudessem falhar em permanecer firmes (cf. Ef 6:10-18).

Paulo alertou Timóteo contra falsos mestres que desviaram-se "do amor que vem de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida" (1Tm 1:5), e ao fazerem isso "se entregaram a discursos inúteis" (1Tm 1:6), aparentemente homens que têm sido verdadeiros crentes mas se perderam. De fato, Paulo menciona a Timóteo que ao rejeitar uma boa consciência, " mantendo a fé e a boa consciência, que alguns rejeitaram, e naufragaram na fé. 20 Dentre esses foram Himeneu e Alexandre. Eu os entreguei a Satanás, para aprenderem a não blasfemar" (1Tm 1:19-20). Mas não é possível alguém naufragar da fé se ele nunca teve fé para naufragar. Himeneu e Alexandre são provavelmente exemplos do que Paulo relata em 1Tm 4:1-2,

[1] Mas o Espírito diz expressamente que nos últimos tempos alguns se afastarão da fé, dando atenção a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios

[2] por meio da hipocrisia de mentirosos, que têm a sua própria consciência cauterizada.

{1Timóteo 4:1-2 BLIVRE}

Mesmo um dos companheiros de Paulo, Demas, afastou-se do Senhor por amor pelo mundo (2Tm 4:10, cf Cl 4:14, Fm 1:23). Uma das coisas que leva crentes a abandonar a fé é o amor pelo dinheiro.

[9] Mas os que querem ser ricos caem em tentação, armadilha, e em muitos desejos insensatos e nocivos, que afundam as pessoas na destruição e perdição.

[10] Pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os tipos de males. Alguns o cobiçam, e então se desviaram da fé, e perfuraram a si mesmos com muitas dores.

{1Timóteo 6:9-10 BLIVRE}

Outra causa de apostasia que Paulo menciona a Timóteo é o falso conhecimento (1Tm 6:20-21). Ele até mesmo precisou alertar Timóteo para guardar-se contra isso:

[20] Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando conversas vãs e profanas, e controvérsias do que é falsamente chamado de “conhecimento”;

[21] que alguns declararam seguir, e se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.

{1Timóteo 6:20-12 BLIVRE}

De fato, a Timóteo foi dito: "Que lutes a boa luta da fé; agarra a vida eterna para a qual também foste chamado, e confessaste a boa confissão diante de muitas testemunhas" (1Tm 6:12) e ele também iria instruir os crentes ricos a serem generosos com seu dinheiro "para que obtenham a vida eterna" (1Tm 6:19). Mesmo Timóteo precisava ser exortado a "continuar nas coisas que aprendeste e das quais foste convencido" (2Tm 3:14) e para que "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nessas coisas; porque, se fizeres isso, salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" (1Tm 4:16). Para esta questão, Paulo não apenas aconselhou os coríntios a exercer foco total e grande autodisciplina na perseguição da vida eterna, mas também falou de sua necessidade pelo mesmo a fim de que ele mesmo não estivesse desqualificado para a vida eterna:

[24] Não sabeis vós que os que correm nas competições, realmente todos correm, mas somente um leva o prêmio? Correi de tal maneira, que o alcanceis.

[25] E todo aquele que luta, tenha domínio próprio sobre tudo. Pois aqueles fazem para receber uma coroa corruptível, porém nós para uma incorruptível.

[26] Então assim eu corro, não como para um lugar incerto; assim luto, não como que dando socos no ar.

[27] Em vez disso, eu subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que quando estiver pregando para os outros, eu mesmo não seja reprovado.

{1Coríntios 9:24-27 BLIVRE}

O propósito principal do livro de Hebreus é encorajar sua audiência de crentes a não desertar de sua fé em Cristo mas perseverar nele. Alertas contra a apostasia pervadem o livro (2:1-4; 3:7-4:13; 5:11-6:12; 10:19-39; 12:1-29). Eis alguns versos representativos:

[1] Portanto, devemos prestar atenção com muito mais empenho para as coisas que já ouvimos, para que nunca venhamos a cometer deslizes.

[2] Pois, se a palavra pronunciada pelos anjos foi confirmada, e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição,

[3] como nós escaparemos, se descuidarmos de tão grande salvação?

{Hebreus 2:1-3a BLIVRE}

[6] mas Cristo é fiel como Filho sobre a sua casa. E nós somos sua casa, se até o fim mantivermos firmes a confiança e o orgulho da nossa esperança.

[12] Cuidado, irmãos, para que nunca haja em algum de vós coração mau e infiel, infiel ou: incrédulo. Lit. coração mau de infidelidade (ou incredulidade). No grego, a fé fidelidade eram representados pela mesma palavra, ocorrendo o mesmo para os opostos que se afaste do Deus vivo.

[13] Em vez disso, encorajai-vos uns aos outros a cada dia, durante o tempo chamado “hoje”; a fim de que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.

[14] Pois nós temos nos tornado participantes de Cristo, se, de fato, mantivermos firme a confiança do princípio confiança do princípio lit. princípio da confiança até o fim;

[15] como é dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.

{Hebreus 3:6, 12-15 BLIVRE}

[11] Procuremos, pois, entrar naquele repouso; para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.

{Hebreus 4:11 BLIVRE}

(Aqui, cair refere-se no contexto a cair debaixo do fatal julgamento de Deus em razão da descrença; veja 3:16-4:3).

[4][14] Já que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, o Filho de Deus, que passou através dos céus, mantenhamos firme a nossa declaração de fé.

{Hebreus 4:14 BLIVRE}

[4] Pois é impossível que os que uma vez foram iluminados, e experimentaram o dom celestial, e foram feitos participantes do Espírito Santo,

[5] e experimentaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo futuro;

[6] e caíram, outra vez renová-los para o arrependimento; já que estão novamente crucificando o Filho de Deus para si mesmos, e expondo-o à vergonha pública.

[11] Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo empenho até o fim, para que a vossa esperança seja completa;

[17] Assim Deus, querendo mostrar mais abundantemente a imutabilidade de sua intenção aos herdeiros da promessa, garantiu com um juramento;

[18] a fim de que, por meio de duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, nós, que buscamos refúgio, tenhamos encorajamento para agarrar a esperança posta diante de nós.

{Hebreus 6:4-6, 11-12, 17-18 BLIVRE}

[23] mantenhamos firme a esperança que declararmos ter, sem abalo algum, pois aquele que prometeu é fiel; a esperança que declaramos ter lit. a declaração de fé da ][nossa] esperança

{Hebreus 10:23 BLIVRE}

[29] de quanto pior castigo vós pensais que será julgado merecedor aquele que pisou o Filho de Deus, menosprezou menosprezou lit. considerou profano (ou banal ) o sangue do Testamento no qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça?

[30] Pois nós conhecemos aquele que disse: A vingança é minha; eu retribuirei, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Deuteronômio 32:35,36

[31] Cair nas mãos do Deus vivo é algo terrível.

[32] Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições,

[33] quando, em parte, fostes expostos em público tanto a insultos, como a tribulações, e em parte, fostes companheiros daqueles que assim foram tratados.

[34] Pois também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria aceitastes a espoliação dos vossos bens, pois sabeis em vós mesmos que tendes nos Céus um bem melhor e permanente.

[35] Portanto, não rejeiteis a vossa confiança, que tem uma grande recompensa;

[36] pois precisais de paciência, a fim de que, depois que houverdes feito a vontade de Deus, recebais o que foi prometido. o que foi prometido lit. a promessa

[37] Pois ainda um pouquinho de tempo, e aquele que vem virá, e não tardará. Isaías 26:20, Habacuque 2:3

[38] Mas o justo viverá pela fé; e se ele retroceder, a minha alma não tem prazer nele. Habacuque 2:4

[39] Mas nós não somos dos que retrocedem para a perdição, mas sim dos que creem para a conservação da alma.

{Hebreus 10:29-39 BLIVRE}

/(note que o verso 38 fala de um crente, que era justo pela fé, afastando-se da fé e trazendo o desprazer de Deus, e que esta consequência é igualada à destruição em contraste com a perseverança na fé levando à salvação da alma.)/

[1] Portanto nós também, posto que estamos rodeados por uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos toda sobrecarga, e o pecado envolvente, e corramos com paciência a corrida que nos está proposta,

[2] olhando para Jesus, Autor e aperfeiçoador da fé. Ele, pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a humilhação, e se assentou à direita do trono de Deus.

[3] Considerai, pois, aquele que suportou tal hostilidade dos pecadores contra si mesmo, para que não fiqueis exaustos, nem vossas almas se debilitem.

[12] Portanto, levantai as mãos cansadas e os joelhos frouxos,

[13] e “fazei caminhos retos para os vossos pés”, para que o que está manco não se desloque, mas sim, que sare.

[15] Vigiai com empenho para que ninguém perca de receber da graça de Deus; para não acontecer que alguma raiz de amargura brote, seja incômoda, e muitos sejam contaminados por ela.

[16] Ninguém seja pecador sexual, ou profano como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura.

[17] Pois vós sabeis que depois, quando ele quis herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou lugar para arrependimento, ainda que com lágrimas o tenha buscado.

[25] Tende o cuidado de não rejeitardes ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que rejeitaram ao que os advertia divinamente na terra, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que nos adverte dos Céus. {Hebreus 12:1-3, 12-13, 15-17, 25 BLIVRE}

A carta de Tiago também testifica sobre a possibilidade e perigo de apostasia:

[19] Irmãos, se algum entre vós houver se desviado da verdade, e alguém o converter,

[20]saiba que aquele que converter um pecador do erro de seu caminho, salvará uma alma da morte, e cobrirá Isto é, fará os pecados serem perdoados uma multidão de pecados.

{Tiago 5:19-20 BLIVRE}

Esta afirmação é dirigida a crentes ("irmãos"), e considera possível que alguns deles pudessem vaguear da verdade, o que resultaria em morte espiritual a não ser que viessem ao arrependimento.

1a Pedro 1:5 nos dá um vislumbre da natureza da segurança cristã da salvação - ela é condicional à fé. Pois fala de nós que " pela fé estais guardados no poder de Deus para a salvação, pronta para se revelar no último tempo". Portanto, a doutrina bíblica da segurança da salvação é melhor descrita como condicional em vez de incondicional ou inevitável. Enquanto o crente confia em Deus, o Senhor guarda sua salvação. Mas como temos visto, se o crente para de crer no Senhor, então o Senhor revogará sua salvação. Portanto, Pedro exorta sua audiência crente:

[8] Sede sóbrios! Vigiai! Pois o vosso adversário, o diabo, anda ao redor, rugindo como um leão, buscando a quem possa devorar.

[9] Resisti a ele, firmes na fé; sabendo que as mesmas aflições acontecem com os vossos irmãos os vossos irmãos lit. a vossa irmandade no mundo.

{1Pedro 5:8-9 BLIVRE}

Em 2a Pedro 1:5-11, o apóstolo exorta sua audiência de crentes cresce em virtudes santas porque fazendo-o os manteria longe de cair e assim de falhar em entrar no reino eterno de Cristo. É neste contexto que Pedro dá a notável exortação: "Portanto, irmãos, procurai ainda mais confirmar vosso chamamento e escolha da parte de Deus ; porque fazendo isso nunca tropeçareis" (2Pe 1:10). A escrita desta exortação não é fazer-nos certos sobre nosso chamado e eleição, mas tornar nosso chamado e eleição certos/firmes, que é então ligado a não cair e indicado como sendo realizado pela prática das virtudes cristãs que já foram ditas como sendo o que manteria os leitores de Pedro seguros.

Pedro gasta uma boa parte de sua segunda epístola alertando sua audiência crente dos falsos mestres e seu ensino espiritualmente destrutivo (2Pe 2-3) que afastaram-se do reto caminho e se perdera, (2Pe 2:15). "Porque ao falarem coisas muito arrogantes de vaidade, iludem com os maus desejos da carne, e com perversões, aqueles que já tinham realmente escapado dos que andam no erro". Isto implica a sedução dos crentes genuínos desde que eles estavam escapando - ainda que por pouco - daqueles que viviam em erro. Tristemente, Pedro alerta que muitos seguiriam suas perdições (2Pe 2:2). O alerta de Pedro é de fato grave:

[20] Porque se, por causa do conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, tiverem escapado das imundícies do mundo, e novamente se envolverem nelas, e forem vencidos, o fim será pior que o começo.

[21] Porque melhor teria lhes sido se não tivessem conhecido o caminho da justiça do que, depois de conhecerem, terem se desviado do santo mandamento que havia lhes sido entregue.

[22] Mas isto lhes sobreveio conforme um verdadeiro provérbio, que diz : O cão voltou ao seu próprio vômito; e a porca lavada voltou ao chiqueiro da lama.

{2Pedro 2:20-22 BLIVRE}

Este alerta refere-se a crentes que se perderam, desde que eles escaparam das imundícias do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 2:20; cf 1:4, 8).

A epístola de Judas também é dedicada a alertar crentes contra o falso ensino e encorajá-los a resistir e perseverar na verdade. Após descrever os falsos mestres e o julgamento divino estabelecido sobre eles, Judas exorta sua audiência crente:

[20] Estes são os que separam a si mesmos, mundanos, que não têm o Espírito.

[21] Mas vós, amados, edificai a vós mesmos em vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo.

{Judas 1:20-21 BLIVRE}

Não existiria razão para alertar e exortar crentes genuínos a manterem-se no amor de Deus e esperar pela misericórdia de Cristo da vida eterna em face do falso ensino se eles não pudessem abandonar o amor de Deus e desistir da misericórdia de Cristo.

O livro de Revelação é mais um do Novo Testamento que tem na exortação a seus leitores para perseverar em fé como um de seus propósitos primários. As sete igrejas abordadas no livro estavam sob pressão de desistir ou comprometer a fé por causa de várias tentações. Apesar de o livro todo carregar esta preocupação (veja e.g. Rv 13:10, 14:12), ela aparece mais claramente nas cartas às sete igrejas nos capítulos 2 e 3. Cada uma das igrejas é exortada a ser fiel a Cristo e à prometida vida eterna (descritos de várias formas) se forem fiéis até o fim. A clara implicação é que eles não serão salvos se não forem fiéis a Cristo e é possível para eles serem infiéis e perecerem.

Por exemplo, à igreja de Éfeso é prometido: "Ao que vencer, eu lhe darei de comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus" (Rv 2:8). A óbvia implicação é que aquele que não vencer (i.e. não for fiel a Jesus; cf Rv 12:11, 15:2, 1Jo 5:4-5) não terá permissão de comer da árvore da vida (i.e. não será dada a vida eterna). À igreja de Esmirna é prometido: "Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida … o que vencer, não sofrerá o dano da segunda morte" (Rv 2:11,12). A óbvia implicação é que aquele que não for fiel até a morte não receberá a coroa da vida e aquele que não vencer sofrerá dano da segunda morte. Semelhantemente, à igreja de Sardes é prometido: "O que vencer, este será vestido de roupas brancas; e seu nome em maneira nenhuma riscarei do livro da vida; e eu declararei seu nome diante do meu Pai, e diante de seus anjos" (Rv 3:6). A implicação óbvia é que aquele que não vencer não será vestido de branco e será excluído do livro da vida e não será confessado diante do Pai e dos anjos. A referência a riscar do livro da vida é especialmente instrutiva na questão da segurança da salvação. Riscar o nome do livro da vida implica que o nome estava no livro e que a pessoa identificada por esse nome estava salva. Mas riscar o nome indica a remoção da salvação e da vida eterna.

A maioria das igrejas também é explicitamente alertada com o julgamento se não for fiel a Cristo. Por exemplo, à igreja de Éfeso Cristo fala "… em breve eu virei a ti, e tirarei teu castiçal de seu lugar, se tu não te arrependeres" (Rv 2:6). Remover o castiçal de uma igreja é uma figura para remoção da identidade como povo de Deus, uma transferência para um estado de não salvo. Mais vividamente, Cristo ameaça a igreja de Laodiceia, "Portanto porque tu és morno, e nem frio nem quente, eu te vomitarei da minha boca" (Rv 3:17), uma ameaça àqueles que estão em Cristo de ejetá-los de Cristo para um estado de não salvo.

Bem no finalzinho de Revelação, Jesus emite um grave alerta: "E se alguém tirar das palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro" (Rv 22:21). Este alerta parece ser endereçado primariamente a crentes, dado que a audiência original do livro eram de fato crentes. Provavelmente ela inclui descrentes de uma maneira secundária, o que dá suporte à eleição condicional, graça resistível e expiação ilimitada, porque para pessoas que terem uma parte no Paraíso que lhes é tirada deve no mínimo implicar que o Paraíso estava genuinamente disponível a eles mediante genuína oportunidade de crerem e serem salvos. Mas o alerta foi originalmente para crentes, e isto dá apoio à segurança condicional, pois isto alerta aqueles que são destinados ao Paraíso contra a deserção daquele destino ao "tirar das palavras do livro desta profecia".

Apesar de toda essa preocupação e alerta no Novo Testamento acerca da apostasia e abandono da salvação, crentes têm boas bases para uma forte seguridade da salvação. Antes de explicar por quê, seria útil atentar ao fato que o Novo Testamento fala da salvação em três tempos - passado, presente e futuro. Crentes foram salvos no passado quando pela primeira vez colocaram sua confiança em Cristo e vieram a partilhar da salvação que Cristo alcançou na cruz (também pode-se dizer que fomos salvos quando Jesus morreu e ressuscitou da mesma forma que um placar vencedor num jogo esportivo pode ser dito ter vencido o jogo antes mesmo do término). Assim a Escritura fala de crentes como tendo sido salvos no passado (Rm 8:24; Ef 2:5, 8; 2Tm 1:8-9; Tt 3:4-7). Mas também fala de crentes como sendo salvos no passado (Ef 2:5,8, a construção grega nestes versos indica um estado presente de salvação resultante de uma salvação passada) dado que desfrutamos de numerosas bênçãos espirituais de Deus no presente, tais como aquelas discutidas acima em "Eleição Condicional" e santificação, um processo presente contínuo de crescimento em Cristo e crescente conformidade à sua imagem (Rm 6:12-23; 12:1-2; 2Co 3:18; Ef 4:21-24; Fp 3:12-14). Porém, não temos as bẽnçãos dessa salvação em sua plenitude ainda. Este é o bem conhecido conceito de "já e não ainda", isto é, que temos as bênçãos da salvação de Deus agora apenas parcialmente, mas que recebê-las-emos em sua plenitude quando Cristo retornar e trouxer a culminação do reino de Deus e nosso eterno estado. Portanto o Novo Testamento fala de futura salvação (Rm 5:9-10; 6:22; 8:11, 13, 16-19, 23-25; 13:11; Gl 5:5; Fp 3:10-11, 20-21; 1Ts 1:10; 5:9; Hb 9:28; 1Pe 1:5); crentes serão completa e finalmente salvos no futuro quando Jesus voltar.

O fato que a futura e final salvação está por vir no futuro explica por que é necessária a perseverança em fé. O fato que existe também uma substancial ainda que parcial experiência de salvação no passado e no presente auxilia a explicar por que é que crentes podem ter forte segurança da salvação. Primeiro, podemos ter completa segurança da salvação presente e passada (1Jo 5:13). Se uma pessoa crê, então ele pode saber que foi salvo e está salvo de acordo com as muitas promessas na Escritura de que Deus salva aqueles que creem (veja as muitas referências em Eleição Condicional). (Isto representa um sério problema para a posição de perseverança inevitável, que afirma que verdadeiros crentes não podem abandonar Cristo, e portanto que crentes professantes não que caem nunca foram verdadeiros crentes ou salvos em primeiro lugar. Pois se alguém pode parecer um verdadeiro crente para si mesmo e para os crentes à sua volta, mas então cai e se mostra que nunca foi um verdadeiro crente, como podemos sequer saber que nós somos crentes genuínos e não simplesmente exibindo uma falsa fé e sendo realmente não-salvos que um dia se mostrarão?) Além disso, nossa salvação no presente traz toda sorte de bênçãos divinas no presente que são estabelecidas para serem completas quando Cristo retornar e de fato serão completas enquanto o crente perseverar em fé. De fato, Deus protege nosso relacionamento de fé com ele de qualquer força que irresistivelmente nos afastaria de Cristo ou da fé (Jo 10:27-29; Rm 8:31-39; 1Co 10:13), e ele nos preserva em salvação enquanto confiarmos em Cristo (1Pe 1:3-5 e as muitas passagens que referenciamos neste artigo sobre salvação condicionada à fé). Assim como o Espírito Santo nos capacita a crer em Cristo (veja acima o "Libertos para Crer"), ele também nos capacita a continuar a crer em Cristo (Gl 5:16-25; Ef 3:14-21; cf. 1 Co 10:13). Além disso, dado que Cristo morreu por todos (veja em "Expiação para Todos" mais acima), nós podemos saber que Cristo morreu por nós e que Deus é por nós e por nossa salvação (ao contrário de uma teologia que adota a eleição incondicional, graça irresistível, e expiação limitada, que logicamente permite a alguém saber que é eleito e que Cristo morreu por este alguém somente após ter perseverado até o fim).

Portanto, crentes podem ter sólida e robusta certificação da salvação ainda que não absoluta nem incondicional. Enquanto alguns podem pensar que isto é problemático, falsa segurança é bem mais problemática e perigosa, potencialmente levando crentes a ignorar o cuidado com o que é necessário para a perseverança, e assim decair e perecer. É quando a pessoa pensa que fogo não pode queimar que ela é muito mais propensa a brincar com fogo e acabar se queimando. Além disso, raramente existe segurança incondicional de qualquer coisa na vida, e mesmo assim pessoas frequentemente têm grande seguridade apesar da ausência de uma garantia incondicional. Na vida diária, pessoas frequentemente têm segurança substancial de benefícios futuros que são não obstante condicionais em sua continuidade em cumprir a condição para tal benefício futuro, como por exemplo continuar a consentir em recebê-lo. Da mesma forma, crentes podem ter completa seguridade da salvação passada e presente, e substancial seguridade da salvação futura final, que é contingente a eles continuarem a cumprir a condição desta salvação final, a saber, fé. E, maravilhosamente, Deus promete aos verdadeiros crentes a capacidade de perseverar em fé e que nada pode arrancá-los dele. Com a presente salvação nós temos a absoluta segurança que Deus nos capacitará a perseverar até a salvação final e que Deus é por nós. Ele simplesmente não garante que nos fará perseverar irresistivelmente. Assim como a graça de Deus é resistível antes de crermos (veja "Libertos pela Graça" acima), assim ela prossegue senso resistível após crermos - e sempre maravilhosa!

[24] Mas a outros salvai em temor, arrancando -os do fogo, odiando até a roupa contaminada pela carne.

[25] E para aquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e vos apresentar irrepreensíveis com alegria diante de sua glória;

{Judas 1:24-25 BLIVRE}

Links

META

Footnotes:

1

FACTS, inglês para "fatos".

Created: 2022-04-07 Thu 00:11

Validate