Deus Nas Mãos de Calvinistas Irados
Explorando a Psicologia do Calvinismo

Texto

Por vezes, deve gerar preocupação por que tantos calvinistas estão tão grandemente irritados. Os afetados psicológicos do calvinismo não são tão facilmente determinados. De acordo com John Piper (youtube ), tipicamente, certos tipos de pessoas são propensas a aceitar o calvinismo. "Que tipos de pessoas são esses?", você pergunta. Estes, de acordo com Piper, são os tipos intelectuais (um termo bem enganoso, dado que há muitos intelectuais não calvinistas); e estes tipos de pessoas produzem atitudes negativas e mesquinhas, alguns dos quais, ele admite, podem não ser nascidos de novo (o que eu já estabeleci anteriormente também). É interessante: o evangelho de Jesus Cristo não atrai tais tipos de pessoas. Divago.

Piper, em estilo típico de zelo-pelo-calvinismo, explica mais:

Quando a pessoa passa a ver na Bíblia as "doutrinas da graça" [ele quer dizer calvinismo], ela está por vezes espantada que tenha deixado passar. E pode algumas vezes estar irritada que tenha ignorado ~ que ele nasceu numa igreja ou casa que onde nunca lhe falaram sobre o que realmente há em Romanos 8, o que realmente há em 1Coríntios 2, e o que realmente há em Efésios 2 ~ nunca lhe contaram disso; eles saltaram sobre. E ele pegou esta ira de dentro de que foi tapeado por tanto tempo; e isso é triste, está aqui, é real. A igreja o decepcionou. Há milhares de igrejas que ignoram a verdade e não a dizem. E então ele tem que lidar com isso.

A resposta de Piper é interessante de fato. Quando eu abandonei o calvinismo e fui iluminado pela verdade do arminianismo clássico (para usar as próprias palavras de Piper acerca do calvinismo), em vez de arrogantemente exigir que calvinistas vejam a teologia por lentes arminianas, chamando os dissidentes teológicos de hereges, e em vez de tentar converter todos a um entendimento arminiano da teologia, eu aprendi que a razão pela qual um calvinista adota o calvinismo é porque abraçou a hermenêutica calvinista. Se a pessoa pode aceitar certas pressuposições, então o calvinismo funciona bem. Porém, no final do verão de 1999, eu não mais podia aceitar as pressuposições calvinistas porque não mais pensava que elas tinham apoio da Escritura.

Fiquei irritado porque perdi as verdades do arminianismo clássico? Não. Fiquei amargo porque fui enganado por professores e pregadores calvinistas? Não. Aquelas igrejas calvinistas me desapontaram. Elas interpretavam erroneamente Romanos 8 e 9. Distorceram 1Coríntios 2 e Efésios 1 e 2. Ignoraram a verdade da liberdade libertária e tornaram Deus o autor do pecado. Mas eu os tratei com desdém? Não. Eu os considerei subcristãos? Não. E apesar de eu não ter respeito pelo calvinismo como sistema, eu ainda continuo a tratar calvinistas como irmãos em Cristo (assumindo que eles verdadeiramente puseram sua fé nele somente).

Eu penso que esta questão penetra muito mais fundo psicologicamente do que Piper ou a maioria dos calvinistas está disposta a admitir. A razão por que muitos calvinistas agem de maneira não-cristã tem pouco a ver com o sentimento de ser enganado pela teologia arminiana. Tal pai, tal filho. Calvinistas impios estão meramente imitando o conceito de Deus que adotaram. Em uma casca de noz, calvinistas leem um verso na Escritura como Romanos 9:15 e concluem que Deus está comunicando que ele terá misericórdia de alguns poucos e recusará auxiliar a maioria da humanidade, meramente porque ele assim decretou.

Deus disse a Moisés: "Eu farei passar todo o meu bem diante de teu rosto, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia do que terei misericórdia, e serei clemente para com o que serei clemente." (Ex 33:19 BLIVRE). O contexto de Ex 33:1-19 nada tem a ver com eleição incondicional ou predestinação de alguns para o inferno; nada tem a ver com depravação total ou graça irresistível; e nada tem a ver com expiação ou perseverança na fé. Moisés pediu ao Senhor para mostrar-lhe a sua glória, e ele respondeu em Ex 33:19.

O apóstolo Paulo toma a última parte de Ex 33:19 e a usa para afirmar o direito de Deus em ter compaixão daqueles que não são judeus (que é o contexto de Rm 9:1-13). Uma pessoa judia, assumindo que porque os judeus são povo eleito de Deus e merecem sua graça, poderia sugerir que há injustiça da parte de Deus (Rm 9:14). Mas Paulo, usando a afirmativa de Deus em Ex 33:19, argumenta que ele terá misericórdia de quem ele quiser ter misericórdia (Rm 11:32), e mostrará compaixão de quem ele mostrar compaixão. Isolando este verso de seu contexto, é fácil para o calvinista concluir que Deus (aparentemente arbitrariamente) escolhe ter misericórdia e compaixão sobre algumas pessoas (os eleitos) e não sobre outras (os não-eleitos). Esta é uma falsa interpretação não apenas de Rm 9:15 mas do conteúdo e contexto do capítulo inteiro.

Não convencido desta verdade, o calvinista constrói uma visão de mundo de Deus que é deficiente, e ele então começa a imitar esta visão errônea de Deus. E como Deus trata os seres humanos de maneira tão dissimulada (assim pensam eles), então eles também podem! Tome por exemplo as seguintes "regras de compromisso" do site calvinista Triablogue:

Diálogo é uma via de mão dupla. Se alguém comenta no que dizemos, reservamo-nos o direito de responder. Pela mesma razão, reservamo-nos o direito de usar linguagem dura e crítica quando apropriado. Invectiva é dependente de contexto. A Bíblia emprega linguagem dura e crítica para apóstatas, falsos mestres e outros inimigos da fé. A Bíblia está cheia de provocações. Lembre-se que na Escritura a maior parte dos falsos mestres é crente professante. Então, meramente chamar a si mesmo de cristão não o imuniza de linguagem crítica quando apropriado. É nosso dever cristão analogizar de casos bíblicos para contemporâneos.

É curioso se eles entendem ou não que chamando a si mesmos de cristãos os imunizaria de linguagem crítica quando apropriada da mesma forma. Como questão de fato, não se deveria de todo assumir que qualquer dos cinco calvinistas que contribuem com postagens no Triablogue são cristãos nascidos de novo ipso facto. Sua retórica vale para os dois lados. Podemos concluir que um cristão professante é verdadeiramente nascido de novo quando o fruto do Espírito é manifesto em sua vida. Paulo escreve: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, Ou: fé mansidão, domínio próprio" (Gl 5:22 BLIVRE).

E ao passo que os triablogueiros creem que têm garantia escritural para tratar outros crentes professantes de quem discordam com invectivas, a Bíblia ensina outra coisa. Paulo escreve: "Não saia de vossa boca palavra imoral; mas sim a boa para a edificação conforme a necessidade; para que comunique graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da libertação" (Ef 4: 29-30). É demais para a teoria invectiva do Triablogue. Paulo prossegue: "Toda amargura, raiva, ira, gritaria, e maledicência sejam tiradas do meio de vós, assim como toda malícia. Em vez disso, sede benignos uns com os outros, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4:31-32 BLIVRE).

Paulo também instrui: "E rejeita as questões tolas e sem instrução, como sabes que elas produzem brigas. E ao servo do Senhor não convém brigar, mas sim ser manso com todos, apto para ensinar e suportar" (2Tm 2:23-24 BLIVRE). E acerca dos descrentes, Paulo escreve: "deve instruir com mansidão aos que se opõem, pois talvez Deus lhes dê arrependimento para conhecerem a verdade; e se libertem da armadilha do diabo, em que foram presos à vontade dele" (2Tm 2:25-26 BLIVRE). Incidentalmente, note que Paulo ensina que fraude e ser capturado pelo diabo vem da "vontade" do demônio, não da de Deus.

A razão pela qual teologia importa tanto é que que muito está em jogo. Como vemos Deus impacta em como pensamos e agimos. Eu acredito que calvinistas estão em sério erro teológico. A sua visão de Deus, na minha opinião, é deficiente e perigosa. Não apenas o calvinismo retém o potencial de falaciosamente atribuir o trabalho de Satanás à vontade determinativa divina, tornando-o o autor do pecado e do mal (o que hereges como R.C. Sproul aderem), mas também faz uma falsa representação das intenções de Deus na salvação da humanidade. Quando Jonathan Edwards pronunciou a atroz afirmação que Deus "te mantém à beira do abismo do inferno, assim como alguém que segura uma aranha ou outro inseto asqueroso sobre o fogo, e te abomina", ele não estava só falando verdades duras, ele estava interpretando erroneamente o Deus da Bíblia. Ele não estava falando a verdade; portanto, estava mentindo.

Se você acreditou no modelo de Deus de Edwards, você levou a sério uma mentira. Se você foi ludibriado por tipos como John Owen, que Deus odeia os alegadamente não-eleitos, você caiu em uma mentira. Deus não ama e odeia por decreto. Nada poderia estar mais distante da verdade. Meu coração amolece para com aqueles que foram enganados pela repercussão do calvinismo.

Por que existem arminianos irritados? Eu não posso presumir falar em nome deles. Mas se eles têm metade da paixão que eu tenho acerca da preocupação com o caráter de Deus, então este fato pode contribuir para suas ações ou palavras. Na maior parte das versões do calvinismo o caráter de Deus é tão repreensível que provavelmente incita as partes mais basais da humanidade de alguém. Estou tentando, diariamente, não ser um desses arminianos irritados.

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Created: 2022-04-08 Fri 22:19

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